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Inversão da curva de rendimentos aumenta receios de recessão nos EUA

Os juros da dívida dos países do euro estão em mínimos de mais de dois meses, numa altura em que os investidores estão a sair das acções para as obrigações. Nos Estados Unidos, a curva das yields inverteu e o spread entre os juros a dois e a dez anos atingiu o valor mais baixo desde 2007.

05 de Dezembro de 2018 às 14:11
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Os juros da dívida da generalidade dos países do euro estão em mínimos de mais de dois meses, numa altura marcada pela fuga dos investidores dos mercados accionistas e pela queda dos juros da dívida dos Estados Unidos, onde a curva de rendimentos registou uma inversão, na segunda-feira.

Nesta altura, os juros associados às obrigações portuguesas a dez anos descem 2,3 pontos base para 1,788% - o valor mais baixo desde 23 de Agosto – naquela que é já a 11ª sessão de alívio em 12.

No caso da Alemanha, é preciso recuar a Maio para encontrar registo de uma yield mais baixa, que segue a descer, nesta altura, 0,2 pontos para 0,261%. Em Espanha, os juros a dez anos caem 3,0 pontos para 1,455% - o valor mais baixo desde 13 de Setembro – e em Itália registam um alívio mais acentuado, de 8,9 pontos para 3,066%, um mínimo de 28 de Setembro.

Esta evolução acompanha um movimento mais amplo de queda dos juros das Treasuries norte-americanas, que têm aliviado depois de terem atingido, no início de Novembro, máximos de 2008 no prazo de dois e cinco anos, e de 2011 no prazo a dez anos, acima dos 3,2%.

No entanto, a descida tem sido mais pronunciada nos prazos mais longos, o que resultou numa inversão da curva das yields no arranque desta semana, aumentando os receios de que a próxima recessão já esteja à espreita.

Porque, como sublinham os analistas consultados pela Bloomberg, foi precisamente isso que aconteceu nos últimos 40 anos: cada vez que se registou uma inversão da curva de rendimentos, os Estados Unidos entraram em recessão pouco tempo depois. As duas últimas ocorreram no final da década de 1990 e em 2008, o ano que marcou o início da última grande crise financeira.

Uma inversão ocorre quando a taxa de juro associada às obrigações de curto prazo supera a yield das obrigações de longo prazo, que normalmente é mais baixa porque os investidores "cobram" mais para terem o seu dinheiro investido numa maturidade mais longa. O que aconteceu na segunda-feira foi que a yield das obrigações a dois anos superou os juros das obrigações a cinco anos, resultando numa inversão da curva (que se pode considerar "parcial" já que a inversão não ocorreu em relação à maturidade mais longa, a dez anos).

Esta quarta-feira, a yield a cinco anos (2,7871%) continua abaixo da yield a dois anos (2,7957%), enquanto o spread entre a yield a dois e a dez anos (2,9136%) atingiu 11,5 pontos base, o diferencial mais baixo desde 2007.

Embora a evolução da taxa a dois anos possa reflectir a expectativa do mercado de que a Fed vai subir novamente a taxa dos fundos federais para 2,5% já este mês, o que coloca pressão noutras taxas de curto prazo, alguns analistas olham para a inversão da curva como um sinal de que a próxima recessão pode estar à porta.

"Uma curva invertida está a dizer-nos que as taxas de curto prazo subiram acima da taxa natural de longo prazo dos juros e que, de uma forma ou de outra, as taxas de juro de curto prazo terão de cair. E cairão ou porque a Fed reconhece o seu erro e as baixa a tempo de evitar uma recessão, ou cairão porque a Fed não consegue ver o seu erro e leva a economia à recessão", escreve o analista Karl W. Smith, citado pela Bloomberg.

Em Setembro, a Reserva Federal dos Estados Unidos aumentou pela terceira vez este ano os juros, para o intervalo entre 2 e 2,25%, e o mercado dá quase como certo que anunciará uma quarta subida já na próxima semana, para o intervalo entre 2,25% e 2,5%.
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