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Yellen diz que inversão da curva das yields pode sinalizar que a Fed precisa de descer juros

A antiga presidente da Reserva Federal não vê a inversão da curva de rendimentos dos títulos de dívida dos EUA como um sinal de recessão, mas sim como um sinal de que a Fed poderá ter de cortar os juros.

25 de Março de 2019 às 15:44
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Janet Yellen, antiga presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, acredita que a recente inversão da curva de rendimentos no mercado de obrigações norte-americano poderá sinalizar a necessidade de uma descida dos juros nos Estados Unidos, mas não uma recessão.

"A minha resposta é não. Não vejo essa inversão como um sinal de recessão", afirmou Yellen, quando questionada sobre o tema, numa conferência em Hong Kong.

A responsável, que liderou a Fed entre 2014 e 2018, explicou que, ao contrário do que acontecia no passado, "há uma tendência, agora, para a curva de rendimentos ser bastante plana", o que torna mais provável a sua inversão ocasional, especialmente em alturas em que os investidores ficam mais preocupados com a possibilidade de uma recessão futura.

Em termos técnicos, a inversão da curva acontece quando os juros da dívida pública a três meses superam os juros das obrigações do Tesouro a dez anos – tendencialmente mais elevados, num cenário dito "normal", porque os investidores "cobram" mais para terem o seu dinheiro investido numa maturidade mais longa.

Essa inversão aconteceu na passada sexta-feira pela primeira vez desde 2007, e fez soar imediatamente os alarmes, já que este comportamento das yields é visto por muitos como um indicador de recessão. Foi esse o padrão nos últimos 40 anos: cada vez que se registou uma inversão da curva de rendimentos, os Estados Unidos entraram em recessão pouco tempo depois. As duas últimas ocorreram no final da década de 1990 e em 2008, o ano que marcou o início da última grande crise financeira.

Para Yellen, porém, não há motivos para alarme. A inversão da curva "pode sinalizar que a Fed terá de cortar os juros, em algum momento, mas certamente não sinaliza que este é um conjunto de desenvolvimentos que provocarão necessariamente uma recessão". A antiga presidente da Fed considera mesmo que uma recessão nos Estados Unidos não é um cenário "particularmente provável", ainda que reconheça que a economia está de facto a abrandar.

"Os Estados Unidos estão certamente a assistir a um abrandamento do crescimento", afirmou, citada pela CNBC.

A economia norte-americana cresceu 3,1% no ano passado, mas as estimativas mais recentes da Fed apontam para uma desaceleração da subida do PIB para 2,1% este ano, um ritmo que Yellen considera estar próximo do potencial. "Não é, portanto, uma situação perigosa", defendeu.

Janet Yellen iniciou o processo de normalização da política monetária nos Estados Unidos, em dezembro de 2015, com a primeira subida dos juros em quase uma década, num esforço da Fed para elevar a taxa de referência de forma progressiva até a um ponto que permitisse voltar a cortá-la no caso de uma eventual crise.  

O seu sucessor, Jerome Powell, prosseguiu esse caminho de subidas, mas na última reunião, na semana passada, carregou definitivamente no botão de pausa, sinalizando que não haverá mais aumentos este ano.

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