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Detenção da CFO da Huawei pelos EUA ameaça tréguas com China

As relações entre a China e os Estados Unidos vêem acender-se uma nova faísca, depois da CFO da Huawei, que é também filha do fundador da empresa chinesa, ter sido detida no Canadá por ordem dos Estados Unidos.

Reuters
06 de Dezembro de 2018 às 07:46
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A responsável financeira da chinesa Huawei, Wanzhou Meng, foi detida no Canadá por suspeitas de violação das sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão.

A detenção da alta responsável da firma chinesa acontece numa altura crítica para as tréguas entre EUA e China, após ambas as nações terem acordado a suspensão das tarifas de parte a parte por um período de 90 dias, durante o qual vão tentar fechar um acordo comercial.

Este novo factor de incerteza surge horas após Trump se ter declarado um "homem de tarifas" no Twitter, ameaçando continuar o caminho de penalizações à China caso não se chegue a acordo.  

Wanzhou, que também é filha do fundador da Huawei, enfrenta agora a extradição do Canadá para os Estados Unidos, onde deverá ser ouvida esta sexta-feira. Foi detida no dia 1 de Dezembro na sequência de uma investigação lançada pelo Departamento de Justiça Americano, a qual decorria desde Abril. A investigação pretendia averiguar se a Huawei se encontrava a vender equipamentos ao Irão apesar das restrições que Washington impôs sobre as exportações para o país oriental.

Do lado da China, os protestos ecoaram a partir da embaixada no Canadá, que considerou a detenção da CFO da Huawei uma violação dos direitos dos seus cidadãos. Simultaneamente, a embaixada apelou a que o Governo americano "rectificasse as irregularidades imediatamente" e que devolvesse a liberdade a Wanzhou.

A Huawei diz possuir "muito pouca informação" acerca das acusações imputadas a Wanzhou, ressalvando contudo que a empresa "cumpre com todas as leis que lhe são aplicáveis nos territórios onde opera, incluindo o controlo de exportações e a regulação de sanções das Nações Unidas, Dos EUA e da União Europeia". A fabricante de equipamento para telecomunicações diz possuir "muito pouca informação" acerca das acusações engrentadas por Wanzhou.

Uma guerra antiga

A detenção de Wanzhou Meng é o episódio mais recente de numa série de acções que os Estados Unidos têm avançado contra as empresas de telecomunicações chinesas. No passado mês de Agosto, Trump assinou um despacho que proíbe o uso da tecnologia da Huawei e da ZTE pelo Governo do país, uma decisão que veio acompanhada de uma recomendação do FBI, CIA e NSA aos cidadãos norte-americanos: estas autoridades que aconselharam a não utilização de equipamentos da Huawei pois estariam a ajudar o Governo chinês em acções de espionagem. Já no final de Novembro, o The Wall Street Journal revelou, citando fontes anónimas, que Trump estaria a pressionar os aliados – como a Alemanha, Itália e Japão – para rejeitarem o uso de equipamentos de telecomunicações chinesas, no sentido de proteger as bases militares americanas nestes países dos mesmos riscos de espionagem.

 

Mais recentemente, em 2016, a operadora de telecomunicações ZTE também já havia sido acusada de violar as normas norte-americanas sobre exportações para o Irão, tendo sido por isso alvo de restrições no mercado norte-americano

Na sequência destas acusações, a Casa Branca chegou a avançar com a interdição à compra de componentes de que a firma necessita a empresas norte-americanas, uma medida que deveria estender-se por sete anos e que ameaçava acabar com a ZTE. Este conflito foi resolvido em Maio depois de despedir a sua equipa de gestão, contratar funcionários norte-americanos e pagar uma multa.

 

As acusações às empresas de telecomunicações chinesas remontam a 2012, quando a Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, ao cabo de um ano de investigação, recomendou ao Governo e às empresas norte-americanas que não recorressem a serviços da Huawei e da ZTE, apontando o risco de que estas acedessem a informação confidencial. 



(Notícia actualizada às 11:42 com mais informação)

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