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OPEP+: há quatro anos e meio a fixar a oferta no mercado
Desde abril que está decidido o volume da nova abertura de torneiras: 350.000 barris/dia em maio e de novo em junho, passando o aumento de julho para 440.000 barris, com Riade a reduzir também o seu corte extra - de modo que no final de julho esteja de regresso ao mercado o milhão de barris diários que deixou voluntariamente de bombear.
Foi em dezembro de 2016 que se assinou a “declaração de cooperação” entre a OPEP e 10 outros grandes produtores não membros do cartel para uma retirada concertada de crude do mercado a partir de janeiro de 2017 de modo a fazer subir os preços, cooperação que se mantém.
Este acordo de diminuição da oferta tem variado consoante as necessidades do mercado e o nível dos preços do petróleo, tendo durante o ano de 2020, em plena pandemia, ascendido a 9,7 milhões de barris por dia, de modo a sustentar os preços num período de forte queda do consumo. Mas, com os programas de vacinação contra a covid-19, o cartel e os seus parceiros começaram a diminuir o esforço associado ao corte da oferta, ainda que de forma gradual.
Em janeiro deste ano entraram no mercado mais 500.000 barris por dia e em fevereiro e março a Rússia e o Cazaquistão também libertaram mais crude, num total de 85.000 barris por dia em cada um dos meses. Houve quem considerasse que este aumento da oferta poderia ser precoce, atendendo a que ainda se registavam novas vagas de infeção pelo coronavírus em muitas regiões do mundo, pelo que a Arábia Saudita decidiu compensar unilateralmente este acréscimo, reduzindo a sua produção em mais um milhão de barris diários.
Entretanto, desde abril que está decidido o volume da nova abertura de torneiras: 350.000 barris/dia em maio e de novo em junho, passando o aumento de julho para 440.000 barris, com Riade a reduzir também o seu corte extra - de modo que no final de julho esteja de regresso ao mercado o milhão de barris diários que deixou voluntariamente de bombear. Por essa altura, a OPEP+ já estará a exportar mais 1,9 milhões de barris/dia face ao final de 2020.
A questão, agora, é saber quais são os planos de produção a partir de agosto, algo que poderá ser conhecido esta terça-feira. A OPEP+ é composta pelos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e pelos seus 10 aliados. Mas, dos 13 membros da OPEP, há três que estão isentos do esforço de corte da produção: Irão (por via das sanções de que é alvo por parte dos EUA), Líbia e Venezuela (devido aos apuros com que as suas economias se deparam). Assim, o acordo da OPEP+ vigora entre 20 países.
Dado que a produção dos países não OPEP+ está a aumentar menos do que a procura global, o cartel ficará com o controlo do mercado, segundo executivos e operadores ouvidos pela Bloomberg. “É um grande corte com o passado, quando as petrolíferas respondiam aos preços mais altos com um maior investimento, fazendo subir a produção fora da OPEP+ e deixando este grupo com mais dificuldades em encontrar um equilíbrio”, diz a agência.
Da OPEP fazem parte Angola, Arábia Saudita, Argélia, Congo, Emirados Árabes Unidos, Guiné Equatorial, Gabão, Iraque, Irão, Koweit, Líbia, Nigéria e Venezuela. Já os 10 aliados do cartel são o Azerbaijão, Bahrein, Brunei, Cazaquistão, Malásia, México, Omã, Rússia, Sudão e Sudão do Sul.