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OPEP+ reúne-se com quotas de agosto na mira

Os membros da OPEP+ poderão decidir já esta terça-feira um novo aumento da oferta de crude a partir de agosto. A pressão dos acionistas para que as petrolíferas os remunerem melhor e a defesa das energias verdes estão a travar subidas expressivas da produção no “shale”.

Reuters
01 de Junho de 2021 às 10:00
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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados (grupo OPEP+) reúnem-se esta terça-feira, 1 de junho, para a avaliação mensal do seu programa de produção, que desde o início deste ano tem passado por uma redução do esforço de retirada de "ouro negro" do mercado e que no final de julho representará um acréscimo de 1,9 milhões de barris por dia face ao final de 2020.

"A OPEP+ já definiu a quantidade de crude adicional que vai colocar no mercado em junho e julho e considero que o grupo irá manter-se fiel a este plano", diz Giovanni Staunovo ao Negócios. O analista de matérias-primas do UBS lembra que o plano original do grupo, definido no final do ano passado, era colocar mais dois milhões de barris por dia no mercado a partir de janeiro. Mas, com as novas vagas da pandemia, a cautela imperou e a abertura de torneiras foi mais moderada, com os aumentos a serem realizados de forma muito gradual para então ascenderem a 1,9 milhões no final do próximo mês.

Tendo em conta as estimativas do setor, a procura por petróleo vai aumentar no segundo semestre e a oferta não conseguirá acompanhar o nível de consumo que se espera com a reabertura das economias. O Irão, que em abril produziu 2,43 milhões de barris por dia, máximos de maio de 2019, referiu na segunda-feira que pode facilmente chegar aos 6,5 milhões diários, nível que não atinge desde a década de 1970. Mas mesmo com a entrada de mais crude no mercado, por via do Irão, em caso de levantamento das sanções de que é alvo devido ao seu programa nuclear, a oferta continuará a ser deficitária, segundo as previsões.

A oportunidade da OPEP+

Perante este cenário, os preços do crude têm vindo a ganhar terreno, com o Brent do Mar do Norte – referência para as importações europeias – a negociar atualmente na casa dos 70 dólares por barril.

Esta seria, então, uma boa altura para as empresas do setor aproveitarem o balanço dos preços e produzirem mais, especialmente as que exploram petróleo de xisto betuminoso ("shale oil"). Mas não é isso que está a acontecer. "Pela primeira vez em décadas, as petrolíferas não estão a correr para aumentar a produção", sublinha a Bloomberg, que cita o facto de a indústria estar sob forte escrutínio. "Os investidores de Wall Street exigem às empresas que gastem menos na prospeção e que, em vez disso, entreguem mais dinheiro aos acionistas. E os ativistas contra as alterações climáticas estão a fazer pressão para um menor recurso aos combustíveis fósseis". E isto, diz a Bloomberg, é "uma oportunidade para os produtores da OPEP+, dando à coligação liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia mais margem de manobra para recuperarem os seus níveis de produção".

"Tendo em conta que o mercado petrolífero está atualmente com um défice de oferta, e uma vez que prevemos que a procura por crude aumente entre cinco e seis milhões de barris por dia desde agora até ao final do ano, e atendendo a que a oferta mundial (contabilizando o que a OPEP+ decidiu acrescentar nos próximos dois meses, bem como a exportação prevista pelos produtores não pertencentes a este grupo) deverá crescer em 3,5 a 4 milhões de barris/dia, a nossa expectativa é a de que a OPEP+ decida colocar mais barris no mercado durante o segundo semestre. E estamos convictos de que o mercado está apto a absorver este crude adicional", salienta Giovanni Staunovo.
A produção dos países não OPEP+ deverá aumentar em torno de 620.000 barris por dia este ano, uma quantidade muito inferior à queda de 1,3 milhões por dia em 2020.

O analista da UBS acredita que a OPEP+ poderá delinear esta terça-feira os volumes de produção para agosto e meses seguintes, já que não há dados concretos sobre as conversações em torno do programa nuclear iraniano. E a Bloomberg aponta na mesma direção: "Dado que a produção não OPEP+ não deverá retomar tão rapidamente quanto se poderia pensar, o cartel deverá decidir novos aumentos da oferta na sua reunião de 1 de junho".


A OPEP+ deverá colocar mais barris no mercado
durante o segundo semestre.
Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS
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