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AIE revê em baixa procura mundial de petróleo para este ano

No relatório mensal sobre o mercado petrolífero publicado esta quarta-feira, a AIE indica que os confinamentos impostos na China devido ao aparecimento de surtos de covid-19 explicam uma grande parte desta revisão.

A procura por petróleo deverá continuar a aumentar mais depressa do que a oferta.
Henry Romero/REUTERS
13 de Abril de 2022 às 11:50
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A Agência Internacional de Energia (AIE) reviu significativamente em baixa as previsões da procura mundial de petróleo para este ano e, em princípio, não espera problemas graves de escassez, apesar da incerteza sobre o petróleo russo, foi anunciado esta quarta-feira.

No relatório mensal sobre o mercado petrolífero publicado esta quarta-feira, a AIE indica que os confinamentos impostos na China devido ao aparecimento de surtos de covid-19 explicam uma grande parte desta revisão - que se concentra principalmente no segundo trimestre - em relação ao que tinha calculado em março.

A China absorveu menos 730.000 barris por dia do que o previsto em março, diferença que será de 925.000 barris por dia em abril e 690.000 barris por dia em maio, de acordo com as previsões da agência.

Além disso, os dados do primeiro trimestre mostram que o consumo também ficou abaixo das expectativas, em particular nos Estados Unidos.

Somando todos estes elementos, os peritos da agência acreditam agora que a procura global será este ano de cerca de 99,4 milhões de barris por dia, mais 1,9 milhões do que em 2021, mas menos 260.000 do que tinham previsto há um mês.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reduziu no relatório mensal divulgado na terça-feira a estimativa anterior em 410.000 barris por dia, colocando a projeção para 2021 como um todo em 100,5 milhões de barris por dia, o que seria mais 3,67 milhões do que no ano passado.

Do lado da oferta, a AIE - que reúne a maioria dos países desenvolvidos membros da OCDE - salienta que a produção e exportação de petróleo russo continua a diminuir, no contexto da guerra na Ucrânia e das sanções impostas ou planeadas pelo Ocidente.

De acordo com os cálculos da AIE, no início de abril a produção já tinha diminuído cerca de 700.000 barris por dia, e esta tendência deverá intensificar-se, atingindo uma média de 1,5 milhões de barris por dia em abril e cerca de 3 milhões em maio.

É verdade que alguns compradores, especialmente na Ásia, estão a aproveitar-se da situação para comprar o petróleo russo com descontos significativos.

Mas a AIE sublinha que não há sinais de aumento das quantidades importadas pela China, onde a covid-19 reduziu a atividade das refinarias e a procura de petróleo.

A agência critica de uma forma ponderada, como tem vindo a fazer há semanas, a análise do mercado feita pela OPEP com os seus parceiros (o primeiro dos quais é a Rússia) sobre o facto de não haver escassez de oferta.

Assim, descreve o aumento da produção anunciado pela aliança OPEP+ para o mês de maio como "modesto", depois de recordar que em março o aumento foi de apenas 40.000 barris por dia, "muito abaixo" dos 400.000 que tinham sido planeados e menos 1,5 milhões do que era o seu objetivo.

Em todo o caso, espera que entre março e dezembro entrem no mercado mais 3,9 milhões de barris por dia, excluindo a Rússia, dos quais 1,9 milhões teriam de vir da OPEP+.

Na Arábia Saudita, o aumento projetado é de 780.000 barris por dia.

Fora do cartel petrolífero, a principal contribuição deverá vir dos Estados Unidos, cuja produção aumentará este ano em 1,27 milhões de barris por dia.

Outro elemento para enfrentar tensões a curto prazo foi a decisão da AIE, em 01 de abril último, de libertar mais 120 milhões de barris das suas reservas estratégicas no mercado, seguindo uma medida semelhante um mês antes, por metade desse montante.

Para os autores do relatório, esta decisão está na origem da queda dos preços do petróleo de cerca de 10 dólares por barril e "proporciona uma almofada crucial para os mercados e um alívio muito necessário para os países consumidores".

Na opinião dos autores, isto "deverá evitar um grande défice" na oferta, embora ao mesmo tempo reconheçam uma "grande incerteza", tendo em conta, entre outras coisas, que as reservas industriais da OCDE continuaram a diminuir em fevereiro pelo 14.º mês consecutivo e já se encontravam 320 milhões de barris abaixo da média dos últimos cinco anos.
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