A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou esta terça-feira, 9 de Outubro, que os preços do petróleo estão a subir demasiado, arriscando ameaçar o crescimento da economia global. Para reverter esta escalada, a Agência apela à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros grandes produtores que aumentem a sua oferta.

"Todos temos de reconhecer a situação de risco, os mercados de petróleo estão a entrar na zona vermelha", afirmou o director da AIE, Fatih Birol. "Devemos tentar confortar os mercados, todos juntos, porque podem ser más notícias para os importadores e consumidores, hoje, mas acredito que também podem ser más notícias para os produtores, amanhã".

A AIE deixa, assim, um novo aviso, depois de, na semana passada, ter alertado que o aumento dos preços do petróleo poderá penalizar a procura em algumas das economias de mais rápido crescimento do mundo, a menos que os produtores tomem medidas para travar a escalada das cotações.

"Se os grandes produtores não tomarem medidas, o quarto trimestre deste ano será muito, muito desafiador", afirmou Birol, em entrevista à Bloomberg, acrescentando que grande parte do ónus recai sobre a Arábia Saudita, já que a maioria dos restantes membros do cartel está a produzir a níveis próximos da sua capacidade total.

Os preços do petróleo aumentaram cerca de 20% desde Agosto, tendo atingido, na semana passada, o valor mais alto dos últimos quatro anos. Isto numa altura em que a OPEP mostra dificuldades em colmatar a quebra das exportações de vários produtores como o Irão e a Venezuela.

"A procura ainda é muito forte, e temos perdido petróleo da Venezuela e também do Irão", salientou Birol, acrescentando que a "queda livre" daquele país da América Latina poderá afundar a produção para menos de 1 milhão de barris por dia "muito em breve". Pelo contrário, a Arábia Saudita, que produz actualmente a um ritmo de 10,7 milhões de barris por dia, poderia estar a produzir 11 milhões.

Os avisos da AIE chegam no mesmo dia em que o Bank of America alertou para os riscos associados ao aumento dos preços do petróleo que, segundo os economistas do banco, poderão facilmente chegar aos 100 dólares por barril, um patamar que deverá penalizar o crescimento da economia global em 0,2%.