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Medir o crescimento pelo PIB? Gestor de fundos da Índia prefere sabonetes e pasta de dentes

Para o maior gestor de fundos da Índia, S. Naren, há melhores formas de medir o crescimento económico do que a tão criticada estimativa do PIB do país.

Bloomberg
06 de Julho de 2016 às 14:30
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Naren afirma que recorre aos dados de despesas com sabonete e pasta de dentes, viagens e consumo de electricidade para decidir onde deve investir os 29 mil milhões de dólares em activos da ICICI Prudential Asset Management. O crescimento de dois dígitos da procura por diversos produtos, do combustível aos aparelhos de ar-condicionado, significa que Naren não se preocupa se os dados do PIB exageram a força da economia. Apenas o aumento dos preços do petróleo ou uma monção abaixo do normal poderiam ameaçar as suas apostas optimistas nas empresas de electricidade e nas companhias financeiras, diz Naren.

 

"Não sou economista, por isso não percebo os números do PIB", disse Naren (na foto), director executivo e director de investimento da ICICI Prudential, numa entrevista concedida em Mumbai. "Eu usaria coisas como a procura de carvão e energia, as vendas de motos e o crescimento do volume em áreas como pasta de dentes, sabonete e detergente. Essas áreas podem assistir a um enorme crescimento, deixando de lado os números do PIB".

 

A dúvida em relação aos dados do crescimento da Índia significa que outros indicadores da actividade económica estão a ganhar importância para os investidores que tentam medir o sucesso do país na tentativa de se afastar da desaceleração na China e na Europa. O director de mercados emergentes do Morgan Stanley Investment Management, Ruchir Sharma, disse na sexta-feira que é provável que a Índia tenha crescido entre 5 e 6%, muito menos que os 7,6% publicados pelo governo.

 

O ICICI Prudential Value Discovery Fund conseguiu uma valorização média anual de 20% nos cinco anos até Junho, superando 95% dos seus pares e o ganho anual de 14% do Nifty Midcap Index durante o mesmo período. A 30 de Junho, o fundo tinha investido cerca de 30% dos seus activos de 132,1 mil milhões de rúpias (2 mil milhões de dólares) em bancos, empresas de engenharia e fabricantes de medicamentos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

 

A procura por combustível na Índia aumentou 11% no ano terminado em Março, o ritmo mais acelerado desde pelo menos o ano fiscal de 2001, e as viagens aéreas cresceram 23% nos cinco primeiros meses deste ano, segundo dados oficiais.

 

Novo cálculo

 

Os números gerais da Índia confundiram os investidores desde que o departamento de estatística do governo modificou o método para calcular o PIB em Janeiro de 2015. O novo cálculo utiliza os preços do mercado, em vez dos custos de factores, e um conjunto de dados que inclui relatórios de centenas de milhares de pequenas empresas e órgãos do governo. A modificação da fórmula fez com que, praticamente da noite para o dia, o crescimento anual subisse de 5%, mínimo em quase uma década, para cerca de 7%.

 

"Passou mais de um ano e cada vez mais pessoas chegam à conclusão de que há algo de errado com esse método", disse Sharma, do Morgan Stanley Investment, autor do livro "The Rise and Fall of Nations". O novo método "piorou as coisas em termos de credibilidade".

 

Mesmo assim, a Índia tem um "crescimento bom e sólido", disse Sharma, projectando um "caminho de aceleração constante" para a economia.

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