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Quando a Guerra dos Tronos invade o vocabulário dos mercados financeiros
Verões longos, invernos temíveis e maquinações para conseguir o trono de ferro. São factores que fazem parte do enredo da série a Guerra dos Tronos mas que alguns também aplicam aos mercados e à economia.
"A economia norueguesa beneficiou de um Verão excepcionalmente longo. Mas o Inverno está a chegar". Se Ned Stark, uma das personagens-chave da primeira temporada da Guerra dos Tronos, fosse o guardião daquela economia nórdica até poderia ter utilizado aquela expressão.
Mas a alusão a uma das frases mais famosas da série televisiva foi feita por Oeystein Olsen, presidente do banco central da Noruega. O objectivo era reforçar a ideia de que após um período tranquilo proporcionado pelas receitas petrolíferas, o país escandinavo se tinha de preparar para tempos difíceis devido ao menor valor da matéria-prima.
E a expressão "winter is coming" tem-se tornado ao longo dos últimos anos um sinal de aviso em relatórios sobre os mercados financeiros. Seja por parte dos analistas do UBS para expressarem, no final de 2015, o pessimismo sobre a bolsa chinesa, ou por parte dos especialistas do Morgan Stanley para alertarem para riscos geopolíticos que anteviam em 2014. Mas as analogias entre os mercados e a economia e a Guerra dos Tronos não se ficam pelo receio com a chegada do Inverno e o fim do Verão.
Ou se ganha ou as consequências são extremas
Os analistas do Bank of America Merrill Lynch, por exemplo, publicaram no final de Abril uma nota de investimento sobre a negociação de futuros das matérias-primas nas bolsas chinesas. E aconselharam os investidores a pensarem bem antes de entrar no mercado.
"Na Guerra dos Tronos antes de alguém declarar interesse em entrar no jogo, ele ou ela têm de pensar cuidadosamente porque as consequências podem ser extremas. O mesmo pode ser dito sobre o 'jogo' na negociação de futuros de matérias-primas", escreveram numa nota de investimento citada pela Bloomberg.
E a própria agência financeira recorda o aviso que Cersei Lanister, a rainha-mãe vilã, dá a Ned Stark: "Quando jogas a Guerra dos Tronos ou ganhas ou morres. Não há meio-termo". Para os analistas do Bank of America Merrill Lynch o problema no "jogo" dos futuros de matérias-primas é que "o que sobe muito rapidamente, particularmente devido à alavancagem, também desce rápido".
O trono de ferro do Planalto
Os jogos de poder políticos também tendem a ter influência nos mercados. E um dos mais acompanhados é a guerra de poder no Brasil, que tem levado a ganhos do real e da bolsa.
Para o Natixis, os meandros da política brasileira assemelham-se aos jogos de poder na Guerra dos Tronos. Num relatório com o título "A Guerra dos Tronos no Brasil: a série incompleta", os analistas do banco francês comparam que a batalha pelo lugar no Palácio do Planalto se assemelha às guerras pelo trono de ferro, que simboliza, na Guerra dos Tronos, o poder nos Sete Reinos.
O Natixis diz que a incerteza é grande e que não pode excluir nenhum cenário. "Nem um regresso ao estilo de Jon Snow por parte do antigo presidente Lula deve ser excluído", referem. E aconselham: "Na saga brasileira ao estilo da Guerra dos Tronos não fiquem ligados às personagens".
É que tal como na série, em que os pretendentes ao trono vão sendo riscados do enredo, o Natixis considera que se houver uma destituição de Dilma, "a falta de legitimidade do novo presidente reforça a probabilidade de eleições antecipadas, o que sugere que a série ainda não acabou".