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Bolsa brasileira e real tombam após anulação do “impeachment”
Real já esteve a perder mais de 4% e o Bovespa chegou a cair mais de 3% após as notícias de que o processo de destituição da presidente poderia ser anulado.
O real e as acções brasileiras tinham vindo a ganhar com as expectativas de destituição da presidente Dilma. Mas a notícia de que o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, anulou o processo de "impeachment" provocou quedas a pique da divisa e da bolsa de São Paulo.
A divisa brasileira perde 1,86% para 0,2801 dólares. E já esteve a cair 4,41%. Já o índice Bovespa cede 2,17%. Em ambos os casos, as quedas intensificaram-se após a notícia de anulação da decisão dos deputados de pedir o "impeachment" ter sido divulgada pela imprensa brasileira. "Registam-se movimentos negativos nos activos brasileiros a respeito de notícias potencialmente confusas no processo de "impeachment" de Rousseff", comentou Mohamed El-Erian, conselheiro económico da Allianz, no Twitter.
Já Reginaldo Galhardo, gestor de mercado cambial na corretora brasileira Treviso, disse à Bloomberg que "se esta decisão prevalecer, toda a gente terá de construir novos cenários e terá de reconsiderar tudo. É difícil imaginar como".
A probabilidade de destituição de Dilma Rousseff tinha vindo a animar a bolsa brasileira e a sua divisa. Mesmo com a queda desta segunda-feira, o índice da bolsa de São Paulo segura ganhos de 16,5% desde o início do ano, enquanto o real valoriza 16% face ao dólar no mesmo período. Os ganhos foram alimentados pelas expectativas do investidores de que a mudança de poder seria mais favorável para a resolução do que apontam como os problemas da economia brasileira.
O BNP Paribas, por exemplo, tinha mudado a perspectiva para os activos brasileiros para positiva na semana passada, segundo a Bloomberg. Isto porque considerava que Michel Temer, o vice-presidente que poderia suceder a Dilma em caso de destituição, teria uma "oportunidade de ouro" para gerir uma recuperação económica caso conseguisse reunir uma equipa sólida e construir apoio no Congresso.
Também os analistas do Natixis associaram a fortaleza do real nos últimos meses ao processo de destituição de Dilma. "O real brasileiro valorizou fortemente graças à história do ‘impeachment’". E diziam que havia espaço para mais subidas da moeda caso Temer assumisse a presidência. Alertaram, no entanto, que "a incerteza política é elevada" e que o vice-presidente corria o risco de ser visto como tendo "falta de legitimidade" para governar.