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Senado brasileiro avança com processo de destituição de Dilma
A análise ao processo de "impeachment" de Dilma Rousseff vai mesmo avançar, depois do Senado ter recusado uma decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados do Brasil.
Mais uma reviravolta no Brasil. O senado não aceitou a anulação do processo de "impeachment" da presidente do Brasil e vai por isso prosseguir com a análise à destituição de Dilma Rousseff.
A decisão foi anunciada por Renan Calheiros, presidente do Senado, que "não reconheceu" a deliberação do presidente interino da Câmara dos Deputados do Brasil.
Roberto Lira (PMDB), o presidente da comissão especial do Senado onde está a correr o processo de "impeachment", também decidira prosseguir com as etapas programadas, de acordo com a rádio Estadão. Está previsto que, nesta quarta-feira, 11 de Maio, o plenário do Senado vote a admissibilidade do pedido de "impeachment" entregue pela Câmara dos Deputados, depois do voto positivo (15 contra cinco) ocorrido na semana passada na comissão especial. Já a oposição ameaçou levar o caso ao Supremo.
Eram muitas as dúvidas sobre se Maranhão poderia, dentro do regimento da Câmara, decidir sozinho anular uma decisão apoiada por 73% dos deputados, sobretudo numa altura em que está interinamente no cargo. "É uma decisão maluca", disse Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara. A própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) anunciou que também vai recorrer da decisão do presidente interino da Câmara, alegando que ela viola a Constituição, ao invalidar uma anterior decisão da Câmara legítima e tutelada pelo próprio Supremo.
Os activos brasileiros, como as acções e o real, registaram uma forte queda devido à expectativa de anulação do "impeachment", pelo que esta terça-feira deverão recuperar.
Maranhão aceitou queixa
Waldir Maranhão, o presidente interino da Câmara dos Deputados do Brasil, assinou esta segunda-feira um decreto que anulava as sessões parlamentares que levaram ao pedido dos deputados para que o Senado avalie o mérito do processo de "impeachment" que corre agora nesta instância contra a presidente Dilma Rousseff.
Sucessor de Eduardo Cunha, Maranhão está interinamente à frente da Câmara há menos de uma semana e decidiu acatar a queixa apresentada pela defesa de Dilma por considerar que o processo decorreu com vários vícios. Entre estes está o seu entendimento de que os partidos não poderiam ter dado orientação de voto aos respectivos parlamentares e que os deputados, por seu turno, não podiam ter anunciado o sentido de voto antes da votação. Waldir Maranhão, por exemplo, votou contra o impeachment, apesar de o seu partido se ter posicionado a favor da abertura do processo.
Maranhão considera ainda que o âmbito da votação na Câmara ultrapassou os limites da denúncia apresentada contra Dilma pelos juristas Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior por crime de responsabilidade fiscal, ao incluir denúncias que envolvem a presidente na operação da Lava Jato (Dilma foi presidente da Petrobras antes de ser do Brasil). Como o processo já está a correr no Senado, Maranhão pede ao respectivo presidente, Renan Calheiros (membro do PMDB e um dos últimos aliados de Dilma neste partido), que devolva o processo à Câmara.
Maranhão também investigado
Maranhão é membro do PP, partido, tal como o PMDB, até há pouco aliado do PT de Dilma e Lula, e está igualmente a ser investigado na operação Lava Jato, tal como o seu antecessor Eduardo Cunha, já foi convertido em réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF).