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Os veteranos de Wall Street que colocaram a Argentina na rota dos mercados

Durante 15 anos esteve fora dos mercados. Mas pouco tempo depois de Mauricio Macri ter chegado ao poder e de se ter rodeado de veteranos dos mercados, a Argentina regressou em força às emissões de dívida.

Bloomberg
24 de Abril de 2016 às 11:35
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É uma espécie de tropa de elite financeira. Após ter vencido as eleições de Novembro, Mauricio Macri começou a rodear-se de veteranos de Wall Street. A missão: acabar a guerra com os fundos especulativos que se recusavam a aceitar os termos da reestruturação de dívida, o que impedia recolocar o país nos mercados.

E aqueles objectivos foram atingidos de forma rápida. Em Fevereiro a Argentina fechou o acordo com os fundos outrora chamados de "abutre", sob fortes críticas da ala da anterior presidente, Cristina Kirchner, por considerarem o entendimento demasiado vantajoso para os investidores. O acordo prevê um encaixe de 4,65 mil milhões de dólares para os fundos especulativos.

Içada a bandeira branca com os fundos "abutre", a 19 de Abril o país protagonizou a maior emissão de dívida alguma vez feita por um país emergente, segundo dados da Dealogic citados pelo Wall Street Journal. Colocou 16,5 mil milhões de dólares em títulos a dez, três, cinco e trinta anos. A procura totalizou quase 70 mil milhões de dólares. Parte substancial desse valor será utilizado para pagar aos chamados fundos "abutre".

Após a guerra sem quartel entre Kirchner e os "hedge funds" que tentaram ganhar com a reestruturação da dívida, comprando obrigações em incumprimento e recorrendo para os tribunais para exigir melhores condições de pagamento que o aceite por outros credores, os mercados aparentam ter ficado mais tranquilos com o novo governo. É considerado como "amigo" dos mercados e está recheado de antigos profissionais dos mercados financeiros e as agências de "rating" têm dado indicações positivas sobre o país.

A tropa de elite financeira

Com o objectivo de retirar o país do exílio dos mercados, Macri rodeou-se de veteranos de Wall Street, segundo a Bloomberg. O governo conta com vários elementos que fizeram carreira no Deutsche Bank e no JP Morgan, que foram dois dos bancos a montar a emissão que marcou o regresso da Argentina aos mercados.

Alfonso Prat-Gay, antigo responsável de "research" de mercado cambial do JP Morgan, e que já havia desempenhado o cargo de presidente do banco central argentino, foi o recrutado para ministro das Finanças. Mas os antigos financeiros no novo governo argentino não se ficam por Prat-Gay.

O secretário de Estado das Finanças, Luis Caputo, foi uma das peças essenciais para o regresso da Argentina aos mercados. Passou pelo Deutsche Bank e também pelo JP Morgan, especializando-se na negociação de acções e obrigações. Foi também presidente de uma gestora de activos, a AXIS Sociedad Gerente  de Fondos Comunes de Inversión. E foi Luis Caputo quem assumiu as negociações com os fundos especulativos.

Também o subsecretário responsável pela dívida pública, Santiago Bausili, foi director daqueles dois bancos de investimento. Seguia, a partir de Nova Iorque, os mercados de capitais da América Latina.

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