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Evergrande falha segundo pagamento numa semana

O gigante imobiliário chinês falhou esta quarta-feira o segundo pagamento a obrigacionistas estrangeiros. No próximo mês tem agendado o pagamento de outros 162,38 milhões de dólares.

Sede da Evergrande, na China
David Kirton / Reuters
Patrícia Abreu pabreu@negocios.pt 30 de Setembro de 2021 às 16:03

O gigante imobiliário chinês continua a dar sinais de que está à beira da rutura financeira. Depois de na semana passada já ter falhado um pagamento de cupão, o Evergrande deixou por pagar, esta quarta-feira, o valor devido pelo cupão associado às obrigações do grupo com maturidade em março de 2024.

O Evergrande falhou o pagamento de 45,2 milhões de dólares relativo aos juros de títulos que vencem em 2024 e que têm um cupão de 9,5%, segundo adiantaram dois obrigacionistas. O pagamento deveria ter sido efetuado ontem, mas até agora os detentores dos títulos de dívida ainda não receberam qualquer valor da parte da empresa chinesa.

É a segunda vez que o Evergrande não faz face às suas responsabilidades, depois de na última quinta-feira ter falhado o pagamento de cupões no valor de 83,5 milhões de dólares. Com uma dívida de 305 mil milhões de dólares, o grupo tem enfrentado séries dificuldades para gerir as suas responsabilidades, estando numa situação em que gere diariamente como lidar com os reembolsos que tem que fazer e a quem vai pagar.

Apesar de argumentar que o setor imobiliário do país está saudável, o banco central chinês pediu às instituições financeiras do país para cooperarem com os departamentos e governos locais, de modo a manter o desenvolvimento "estável e saudável" do imobiliário e proteger os interesses dos consumidores.

O silencio da Evergrande em relação a estas falhas nos pagamentos está a preocupar os obrigacionistas internacionais, com os investidores a questionarem se vão receber os valores em falta quando terminar o período de 30 dias para os cupões que deveriam ter sido pagos a 23 e 29 de setembro.

De acordo com fontes citadas pela Reuters, os detentores de obrigações não tinham recebido qualquer justificação da parte da empresa para o atraso no pagamento, nem nenhuma previsão sobre se estes reembolsos vão acontecer.

Ao contrário do que aconteceu com os investidores estrangeiros, os investidores domésticos receberam da parte da unidade de gestão de ativos o reembolso de 10% relativos a produtos de investimento, agendado para hoje, e que são maioritariamente detidos por investidores chineses.

Estas falhas ocorrem antes da empresa ter que lidar com novos pagamentos no próximo mês. Em outubro, a Evergrande terá que reembolsar 162,38 milhões de dólares relativos a cupões de obrigações. No total, o grupo imobiliário tem 20 mil milhões de dólares colocados em dívida junto de investidores estrangeiros.

Venda de posição primeiro passo para resolver crise

A braços com uma verdadeira situação de emergência financeira, o Evergrande comunicou, esta semana, a venda de 19,93% das ações do banco comercial Shengjing Bank a um conglomerado estatal, por 9.993 milhões de yuans (1.322 milhões de euros).


Para a agência de notação financeira S&P, esta venda é o primeiro passo para resolver a crise de liquidez do grupo imobiliário. Ainda assim, a agência adianta que ainda prevê "uma elevada probabilidade de ‘default’".

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