O retrato que se tira das explicações de Patrick Mange, responsável pela área de análise e estratégia do BNP Paribas Investment Partners, é positivo para as acções. Contudo, é de esperar mais correcções esporádicas, normais num percurso de subida do mercado accionista, semelhantes às três que já se sentiram em 2007. Estas quedas podem ser, no entanto, boas oportunidades para comprar acções.

"O mercado ainda vai voltar a consolidar nos próximos meses, mas as quedas têm sido boas oportunidades para investir em acções", explicou Patrick Mange, numa conferência do banco de investimento francês em Lisboa. No entanto, para evitar perdas maiores, o analista revelou que o banco reduziu ligeiramente o optimismo para as acções e ficou menos pessimista para as obrigações. O mínimo de vários anos dos títulos de dívida tornou estes activos mais interessantes, mas as "acções continuam a ser o melhor investimento".

A sustentar este ponto, Patrick Mange explicou que os "investidores ainda não esqueceram a correcção no início de 2000, estando muito mais cautelosos". Prova disso é que "nunca houve um período de cinco anos tão bom na história, mas não foi tão bom como podia ter sido", o que sustenta novas subidas, acrescentou.

Quanto aos actuais perigos para as bolsas, a "inflação está controlada pelos bancos centrais e não deverá ser um problema nos próximos dois anos", considera o analista. Isso deverá evitar que a Reserva Federal norte-americana volte a subir as taxas de juro e pode evitar que o Banco Central Europeu (BCE) suba os juros de referência na Zona Euro nos 4,25% em 2007. No entanto, o crescimento económico pode levar as taxas de juro na Europa a alcançar os 4,50% este ano, considera Patrick Mange.

Outro factor que poderá sustentar uma subida considerável dos mercados accionistas nos próximos meses é a elevada liquidez no mercado. "Quanto mais liquidez menor a volatilidade e, apesar de se esperar uma diminuição do capital investido, fruto da subida dos juros, ainda há muito dinheiro no mercado", concluiu.