As acções do Banco Espírito Santo fecharam o dia em forte alta, com uma subida de 16,52% para 1,34 euros, num dia marcado pelo anúncio dos resultados da oferta de dívida por acções e pela negociação de um bloco equivalente a 3,6% do capital.

A subida marcada no fecho da sessão é a mais elevada de sempre na história do BES em Bolsa. Os títulos arrancaram o dia logo em forte alta, quando chegaram a subir mais de 8% depois do banco ter anunciado que a oferta de troca de valores mobiliários por capital permitia ao banco chegar ao final do ano com um rácio “core tier one” de 9%, tal como acordado com a troika.

Mas o movimento de alta intensificou-se quando às 12h23 (ver gráfico da Bloomberg em baixo) foi transaccionado um bloco com 42 milhões de acções, que equivalem a 3,6% do capital actual do banco. Desde então os títulos intensificaram o movimento de alta e chegaram a subir 23,04% para 1,415 euros.

No total do dia, foram movimentados 55 milhões de acções, o volume diário mais elevado de sempre e que compara com a negociação diária de 2,8 milhões de títulos nos últimos seis meses. Só hoje o BES já negociou quase tantas acções como em todo o mês de Outubro (62,39 milhões de títulos).

A forte subida de hoje permitiu reduzir as perdas em 2011 para 53,47%. Nos últimos quatro meses o BES perdeu sempre terreno em Bolsa, com as perdas mensais a situarem-se sempre nos dois dígitos.

BES cumpre rácio e afasta recorrer ao Estado

A sessão de hoje foi também bastante favorável para o sector financeiro europeu, que ganha mais de 4%, devido à expectativa de que na cimeira europeia da próxima semana os líderes vão apresentar medidas para combater a crise de dívida soberana.

No resto do sector financeiro, a tendência também foi positiva. O BCP subiu 2,44% para 0,126 com 74,52 milhões de acções transaccionadas. O BPI ganhou 7,41% para 0,493 euros.

O início de sessão tinha sido já bastante positivo, depois do banco ter anunciado os resultados da oferta de troca de valores mobiliários, uma operação que permitiu ao BES reforçar o seu rácio “core tier one” em 93 pontos base.

Na sessão especial de bolsa para apurar os resultados, o CFO do banco assegurou que vai cumprir o rácio de solidez financeira exigido pela troika e pela Autoridade Bancária Europeia. Amílcar Morais Pires disse que o objectivo de atingir os 9% do rácio 'core tier one' "está cumprido" com a operação e que o banco "vai manter-se independente e sem a ajuda do Estado".

O sector financeiro português tem sido bastante penalizado nas últimas semanas devido à perspectiva que terá que recorrer ao Estado para se recapitalizar.

Além disso, o banco tem sido alvo de várias apostas de gestores de activos na queda dos títulos. Ainda ontem o BES comunicou que o Oceanwood Capital Management passou a deter um interesse a descoberto relevante de 0,51%.

A reversão destas posições curtas estará também a potenciar o movimento de alta do BES, tal como aconteceu com o BCP há algumas sessões passadas, quando numa sessão chegou a ganhar mais de 30%, devido à especulação de que a Sonangol estaria disponível para reforçar no banco.

Fonte oficial do BES, contactada pelo Negócios, não comentou esta movimentação nas acções do banco na sessão de hoje.