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Angola quer permissão da OPEP para produzir mais petróleo

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deve anunciar amanhã uma manutenção das suas quotas de produção, cujo tecto está nos 24,845 milhões de barris por dia desde Dezembro de 2008.

16 de Março de 2010 às 17:27
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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deve anunciar amanhã uma manutenção das suas quotas de produção, cujo tecto está nos 24,845 milhões de barris por dia desde Dezembro de 2008.

Segundo a Bloomberg, nenhum dos 12 membros do cartel apelou a mudanças na actual estratégia. No entanto, Angola e a Nigéria talvez proponham revisões das suas quotas nacionais. Luanda, com uma quota actual de 1,65 milhões de barris por dia, quer produzir pelo menos mais 100.000 barris para manter o programa de reconstrução do país.

Dos 12 membros da OPEP – Argélia, Angola, Arábia Saudita, Equador, Irão, Iraque, Koweit, Líbia, Nigéria, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Venezuela – apenas 11 estão sujeitos ao regime de quotas de produção, pois o Iraque, desde que invadiu o Koweit em Agosto de 1990, opera num âmbito especial definido pela ONU. Mas talvez Bagdad regresse às quotas da OPEP próximo ano, refere a imprensa especializada.

Os membros da OPEP sujeitos a quotas continuam a ser muito incumpridores e actualmente superam em perto de dois milhões de barris por mês o plafond definido. O suficiente para encher um superpetroleiro. Contudo, uma vez que os preços estão no intervalo desejado por produtores e consumidores – entre 70 e 80 dólares -, a questão da “batota” nos níveis de produção deverá ser debatida amanhã, mas ainda não é motivo de grandes preocupações.

É hora de fazer o balanço

“A margem de lucro da OPEP parece sólida no actual nível de preços”, salientou Ronald-Peter Stoeferle, analista de petróleo no Erste Group, num relatório anual dedicado ao sector que foi publicado na semana passada e a que o Negócios teve acesso. E é por isso que Stoeferle não espera alterações iminentes à actual política oficial de produção do cartel nesta reunião de balanço e perspectivas para os próximos meses.

Se os membros da OPEP já eram incumpridores do plafond de produção quando o petróleo estava nos 10 dólares por barril em 1999, muito mais o serão agora, comentou à Business Week o director executivo da Amerifutures Commodities & Options, Patrick Kerr. Com a actual superação das quotas, a meta colectiva de produção do cartel está acima do que foi definido em finais de 2008 – depois de os preços caírem de máximos históricos em Julho para menos de 40 dólares em Dezembro -, mas como os preços se mantêm no intervalo desejado, a organização não deverá mexer no patamar estipulado. As declarações dos responsáveis dos vários países membros da OPEP assim o indicam.

Segue-se um resumo dessas declarações, elaborado pela Bloomberg, em vésperas de mais uma reunião ministerial da OPEP em Viena.

Arábia Saudita

O ministro saudita do Petróleo disse ontem que os preços estão a negociar no intervalo certo e que não há necessidade de se alterar o nível de produção. “Estamos extremamente satisfeitos com o mercado”, afirmou Ali al-Naimi. Questionado esta manhã sobre se a OPEP verá necessidade de aumentar a produção este ano, respondeu: “duvido”.

Angola

É provável que Angola solicite uma revisão da sua quota de produção de crude, declarou hoje o ministro angolano do Petróleo, José Maria Botelho de Vasconcelos.

"Os países membros conhecem a nossa realidade. Temos feito alguns sacrifícios", acrescentou, aludindo à baixa quota de produção que o país tem, em face do seu potencial, e numa altura em que o país precisa de mais dinheiro. O petróleo é a principal receita de exportação de Angola.

Koweit

O Koweit vê consenso entre os membros da OPEP no sentido de se manter a actual produção total, pois os preços em torno dos 80 dólares vão ao encontro daquilo que é pretendido pelo cartel. “Nada de mudanças, nada de mudanças”, disse hoje o ministro koweitiano do Petróleo, Ahmed al-Abdullah al-Sabah.

Argélia

O ministro argelino da Energia, Chakib Khelil, comentou ontem que não vê necessidade de a OPEP ajustar quotas na reunião ministerial que tem lugar amanhã. No entanto, apela a um maior cumprimento do plafond por parte de cada membro. Khelil diz que os preços do petróleo poderão chegar aos 85 dólares no final do ano, mas não prevê que atinjam os 100 dólares em 2010.

Líbia

A OPEP não precisa de mexer nas suas quotas de produção esta semana, segundo o principal responsável petrolífero líbio, Shokri Ghanem. Mas, tal como a Argélia, vai fazer pressão em prol de um maior cumprimento das quotas, salientando que “o mercado está abastecido em demasia”.

Irão

A OPEP deve manter a produção inalterada, pois não há sinais de que a procura vá aumentar. A opinião é de Masoud Mir-Kazemi, ministro iraniano do Petróleo.

Qatar

Abdullah al-Attiyah, ministro do Petróleo do Qatar, também não prevê alterações ao actual tecto de produção do cartel. “Penso que a decisão será manter a actual decisão da OPEP”, disse.

Venezuela

A Venezuela é adepta de uma manutenção dos actuais níveis de produção, segundo o seu ministro do Petróleo, Rafael Ramirez.

Equador

Germanico Pinto, ministro equatoriano dos Recursos Naturais Não-Renováveis e actual presidente da OPEP, afirmou que a organização não templanos para alterar as metas de produção, sublinhando que os preços devem manter-se no intervalo entre os 70 e os 80 dólares.

Nigéria

A Nigéria poderá tentar elevar a sua quota se a sua produção não for perturbada por boicotes por parte dos militantes rebeldes do Movimento do Delta do Níger, referiu na semana passada Austen Oniwon, administrador executivo do departamento de refinação e petroquímica na estatal Nigerian National Petroleum Corp..

Emirados Árabes Unidos (EAU)

Os preços do petróleo “não estão tão altos quanto isso” e não estão a penalizar a retoma económica global, afirmou no início do mês o ministro do Petróleo dos EAU, Mohamed al-Hamli.

O intervalo dos 70 a 80 dólares também é aceitável para os produtores, acrescentou o mesmo responsável.

Iraque

A OPEP poderá debater em breve a eventual readmissão do Iraque ao sistema de quotas do cartel, avançou recentemente o ministro iraquiano do Petróleo, Hussain al-Shahristani. “Em 2011, o Iraque talvez comece a negociar os critérios para a sua quota”, disse.

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