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Acções do Banif não voltam a negociar em bolsa

A decisão cabe à CMVM, mas o Banif já não deverá voltar a negociar. As acções foram suspensas na quinta-feira a valerem 0,2 cêntimos, menos 99% do que em 2012. Os accionistas perdem a hipótese de recuperar investimento.

Correio da Manhã
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Tal como as do BES, também as acções do Banif não deverão voltar a negociar na bolsa de Lisboa, apurou o Negócios. É a consequência da medida de resolução decidida pelo Banco de Portugal no domingo, que acompanha a venda do banco ao Santander Totta por 150 milhões.

 

A decisão terá de ser tomada pela CMVM, que na segunda-feira deverá analisar a medida de resolução aplicada ao Banif. A negociação das acções foi suspensa na quinta-feira, enquanto se aguardava o desfecho nas negociações para a venda da posição do banco.

 

Perdas para os accionistas

 

Na altura as acções do Banif apresentavam uma forte valorização, avançando 45% para os 0,2 cêntimos. Um valor que representa, ainda assim, uma perda de 99% face aos 16,4 cêntimos a que as acções foram transaccionadas na primeira sessão. Não regressando à negociação, os investidores ficam impossibilitados de recuperar o capital investido. De acordo com o Banco de Portugal, as posições dos accionistas ficarão no Banif, "onde permanecerá um conjunto muito restrito de activos, que será alvo de futura liquidação". Os accionistas poderão receber o que sobrar desta liquidação, depois de ressercidos os restantes créditos, nomeadamente créditos subordiandos e de partes relacionadas.

Segundo apurou o Negócios, a base de pequenos accionistas do Banif já não era muito alargada.

 

Repete-se assim o que sucedeu com o BES, cujas acções foram suspensas no dia 1 de Agosto, pelas 15:00, dois dias antes de ser anunciada a resolução. Os títulos estão suspensos pela CMVM desde então.

 

Tal como no BES, não são só as acções do Banif que deixam de negociar. Também a transacção de obrigações do banco e de títulos de dívida subordinada fica congelada.  

 

O Banif iniciou a sua "segunda vida" em bolsa poucos dias antes de o Estado ter intervencionado o banco, a 31 de Dezembro de 2012, com uma injecção de capital de 1,1 mil milhões de euros, passando então a deter uma posição maioritária de 60,53% na instituição. A 21 de Dezembro de 2012, o Banif estreia-se a negociar com uma cotação ajustada de 16,4 cêntimos. Tendo em conta o valor de 0,2 cêntimos a que as acções do banco liderado por Jorge Tomé estavam a negociar no dia em que foram suspensas, verifica-se que os títulos da instituição perderam 99% do seu valor nestes cerca de três anos.

A desvalorização podia ainda ter sido superior, se o Banif não tivesse acumulado uma valorização de 45,45% na semana passada, entre os dias 14 e 17 de Dezembro. Isto depois de o banco ter chegado a cair um máximo de 50% na passada segunda-feira, para estabelecer o mínimo histórico da cotada de 0,06 cêntimos.


A "primeira vida" do banco em bolsa remonta a 1992, quando as acções do Banif são admitidas à cotação oficial, nas então Bolsas de Valores de Lisboa e do Porto. Um passo dado apenas quatro anos após a constituição oficial do Banif – Banco Internacional do Funchal, a 15 de Janeiro de 1988, promovida por um grupo onde se destaca o empresário Horácio Roque.

(Actualizado com mais informação sobre a permanência da posição dos accionistas no Banif)

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