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Bancos chineses proibidos de transaccionar a moeda virtual bitcoin

A bitcoin é um produto virtual e não uma divisa, pelo que o regulador chinês proibiu os bancos do país de efectuar qualquer transacção com a moeda.

Bloomberg
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O People's Bank of China (PBOC) avisou os bancos comerciais da China que não podem transaccionar a bitcoin, moeda virtual que tem registado fortes valorizações nos mercados, por considerar que este é um produto virtual e não uma divisa.

 

A forte utilização das bitcoins na China tem sido um dos principais factores que justifica a elevada valorização desta moeda virtual. O banco central da China avisou que apesar de ainda não representar uma ameaça para o sector financeiro chinês, existem riscos com a transacção desta moeda que não é suportada por nenhum Governo ou banco central.

 

O regulador chinês mostrou-se preocupado que as bitcoins sejam utilizadas para transacções ilícitas, como lavagem de dinheiro e outros crimes. “A bitcoin é um produto virtual. Não tem o estatuto legal de uma divisa e não pode ser permitido que possa circular no mercado como uma divisa”, refere o banco central.

 

As bitcoins – que são transaccionadas em regime ‘non-stop’ no mercado Mt.Gox e noutras bolsas online - dispararam fortemente este ano (a 13 de Janeiro de 2013, uma bitcoin valia 13 dólares e no final de Novembro já valia mais de 1.200 dólares), dada a expectativa de que esta moeda digital acabe por se tornar numa moeda global legítima.

 

A procura destas moedas tem sido particularmente forte na China, onde o principal motor de busca, o Baidu, aceita já bitcoins no pagamento de determinados serviços, refere a “CNN Money”.  

 

O programa que está por detrás da bitcoin foi criado de forma anónima e introduzido na Internet em 2010. A quantidade total de bitcoins está nos 21 milhões e actualmente estão em circulação 12 milhões, de acordo com a “blockchain.info.

 

 
Dinheiro a sério?

O número crescente de estabelecimentos comerciais, "on" e "off-line", que aceitam a "bitcoin" levaram a Alemanha a reconhecer a moeda como "dinheiro privado". E recentemente as autoridades dos EUA disseram que a "bitcoin" é um "meio legítimo de prestação de serviços de pagamento".

 

Ben Bernanke, o presidente da Reserva Federal dos EUA, deu também um impulso à "bitcoin" escrevendo numa carta recente que ainda que Fed mantenha a visão de que as moedas virtuais são mais vulneráveis a crimes como lavagem de dinheiro, "há outras áreas onde as moedas podem conter potencialidades para o longo prazo".

 

Para os entusiastas da "bitcoin", declarações como estas significam que a moeda virtual começa a ser vista como um meio de pagamento legítimo e a sacudir a reputação de "bolha" especulativa utilizada sobretudo para fins criminosos.

 

O fecho da loja "on-line" Silk Road, em Outubro, conhecida como "o eBay das drogas ilegais", e a detenção dos seus líderes foi vista como um abalo para a validade da "bitcoin", já que muitos dos bens e serviços eram pagos com a moeda. Mas há quem veja na operação policial um sinal de que as autoridades estão a levar as moedas virtuais a sério e que querem combater as actividades ilegais envolvendo a "bitcoin", como combatem crimes com as moedas comuns.

 

Quem é Satoshi Nakamoto?

 

O principal desafio da "bitcoin" é levar pessoas e empresas a atribuírem valor a uma divisa descentralizada, em que o "princípio da confiança" que rege o sistema financeiro não conta com um banco central. Quem está a comprar "bitcoins" pode estar a especular que as venderá, mais tarde, por "dinheiro comum", com lucro. Mas quem acredita que a "bitcoin" será uma moeda duradoura está a confiar na robustez do modelo proposto, em 2008, por alguém conhecido como Satoshi Nakamoto.

 

Alguém cuja identidade permanece no anonimato. Poucas pessoas no mundo saberão quem é o criador do trabalho académico "Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System" e do código cuja resolução é premiada com "bitcoins". Satoshi Nakamoto pode ser um pseudónimo de uma ou várias pessoas e nada garante que se trata de um japonês, como o nome sugere. Vários nomes foram apontados ao longo dos anos, de especialista em criptografia norte-americanos e escandinavos, mas todos negaram publicamente estarem na génese da moeda virtual.

 
Saiba mais sobre a moeda virtual

A "bitcoin" saltou da sombra que a caracterizou nos primeiros anos e já é usada em algumas lojas.

 

O que é a "bitcoin"?

É uma moeda digital que pode ser utilizada para fazer pagamentos de forma rápida e gratuita entre pessoas ou empresas. Não é a primeira moeda virtual alguma vez criada, mas é única porque não tem uma entidade responsável pela sua emissão (como um banco central).

 

Como se obtém "bitcoins"?

A criação progressiva de novas moedas acontece quando alguém "empresta" o seu computador para correr uma aplicação gratuita que, de forma autónoma, tenta quebrar um código matemático complexo. Esse computador está a contribuir com recursos computacionais para que sejam registadas as transacções que estão a ser feitas entre terceiros, um pouco por todo o mundo. Todos os utilizadores estão, ao mesmo tempo, a tentar "quebrar" um só código, mas à medida que alguém consegue avançar, recebe "bitcoins".

 

O que lhes confere valor?

Ao contrário do dinheiro comum, em que existe um princípio de confiança de que não será emitida moeda em demasia (de forma a lhe retirar valor), ao comprar "bitcoins" está-se a confiar no modelo que foi criado e a acreditar que cada vez mais utilizadores em todo o mundo vão querer dedicar-se à busca da resolução do problema matemático. Além disso, os criadores garantem que o modelo foi desenhado de forma a que apenas seja possível "minar" 21 milhões de "bitcoins", no total.

 

Quanto vale uma "bitcoin"?

Em teoria, porque o modelo está concebido de forma a que seja cada vez mais difícil e moroso obter novas moedas "minando" o código, o valor intrínseco tende a subir, até porque a quantidade que alguma vez poderá ser criada é finita. Contudo, porque há quem tenha "bitcoins" em sua posse e esteja disposto a trocá-las por dinheiro comum, existe um mercado onde cada "bitcoin" está avaliada em cerca de 600 dólares. A volatilidade tem sido imensa nos últimos dias, mas regista-se um aumento de mais de 4.000% face à cotação do início do ano, em dólares.

 

É uma moeda anónima?

Essa é uma das suas características principais. E que tem valido à "bitcoin" críticas de que serve para crimes de lavagem de dinheiro e para a compra de bens e serviços ilegais. No entanto, apesar de uma pessoa poder ter várias "carteiras" e de estas não serem associadas a uma identidade, todos os negócios com "bitcoins" são registados e validados pelos computadores que estão na rede "bitcoin".

 

A "bitcoin" é uma moeda para comprar drogas e contratar crimes?

As características da "bitcoin" têm sido aproveitadas por criminosos que navegam o submundo da Internet e é conhecido que lojas "on-line" como a Silk Road - que foi fechada pela polícia em Outubro por estar ligada ao comércio de drogas ilegais. Mas o fecho da Silk Road está a ser visto por alguns como um sinal de que as autoridades estão a encarar a "bitcoin" como uma divisa legítima e que estão a combater crimes da mesma forma que combatem actividades ilegais envolvendo "dinheiro comum".

 

Quem está a comprar "bitcoins"?

Desde que a popularidade das "bitcoin" começou a crescer surgiram vários fundos - um dos quais ligado aos irmãos gémeos Winklevoss, que estiveram ligados à fundação do Facebook - que aplicam recursos a "minar" novas "bitcoins" e a negociá-las. Nas últimas semanas, têm surgido notícias de que da China está a vir uma elevada procura pela moeda.

 

O que se pode comprar com "bitcoins"?

Estima-se que muitas "bitcoins" sejam utilizadas em jogo "on-line" e na compra de outros serviços na Internet. Mas é possível adquirir cada vez mais bens físicos com "bitcoins". Ficou célebre nos últimos meses a história de um casal norte-americano, Austin Craig e Beccy Bingham-Craig, que percorreu vários países em três Continentes gastando apenas "bitcoins" nas estadias e em restaurantes

 

 

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