O BPI reportou um conjunto de resultados que ficou significativamente acima das previsões do CaixaBI. O banco de investimento destaca a subida da margem financeira e das comissões, destacando ainda o bom desempenho da actividade internacional. Mas, mais do que as contas, diz o banco de investimento, o que importa é a forma como o banco vai resolver a situação em Angola.

O BPI reportou um resultado líquido de 85,4 milhões de euros, no quarto trimestre de 2015, acima dos 43,8 milhões de euros que o CaixaBI antecipava para esse período. O analista André Rodrigues destaca que os resultados foram impulsionados pelo "desempenho acima do esperado dos proveitos base do banco (margem financeira e comissões), pela redução do custo com imparidades para crédito e pela referida utilização de prejuízos fiscais reportáveis".

O CaixaBI justifica a melhoria da margem financeira, que aumentou 29% para 663,4 milhões de euros, com a descida do custo médio dos depósitos e o reembolso das Coco’s (obrigações de capital contingente) ainda no primeiro semestre de 2014.

O analista realça ainda a evolução positiva das comissões, que aumentaram 4% face ao período homólogo para 325 milhões de euros, enquanto as receitas em operações financeiras ascenderam a 195 milhões de euros.

Actividade internacional

Apesar das melhorias na actividade doméstica, é a presença no estrangeiro que continua a ser o principal motor dos resultados do banco liderado por Fernando Ulrich. "Salientamos ainda o desempenho positivo das operações internacionais (Angola e Moçambique) com um resultado de 143 milhões de euros (+14%), um ROE [rentabilidade dos capitais próprios] de 30,5% e cerca de 61% do resultado consolidado", diz o "research".

O Banco do Fomento de Angola foi responsável por 57% do lucro obtido pelo BPI em 2015, com um contributo de 135,7 milhões de euros. Um desempenho elogiado pelo presidente do BPI, Fernando Ulrich, que enalteceu a sustentabilidade e a resiliência do BFA.

E é precisamente por causa do forte peso da unidade angolana nos resultados que os analistas se manifestam preocupados com a falta de um entendimento entre os accionistas para resolver o excesso de exposição ao risco de Angola.

"Tal como referido na nota de previsão de resultados, o tema principal para o BPI continua a estar relacionado com os desenvolvimentos futuros associados à solução das questões relacionadas com a ultrapassagem do limite dos grandes riscos em Angola", alerta André Rodrigues.

O BPI tem, até ao final do primeiro trimestre, para apresentar uma solução para diminuir a concentração em Angola.

As acções do banco seguem a subir 1,57% para 1,036 euros, com os títulos a valorizarem pela terceira sessão consecutiva.