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Analistas: Negociações entre CaixaBank e Isabel dos Santos continuam "complexas"

Os analistas destacam que o CaixaBank e Isabel dos Santos ainda não alcançaram um acordo, um sinal que as negociações permanecem difíceis e que poderá impedir um entendimento em breve. Uma nova OPA continua provável.

1690 – BPI - O BPI, tal como o BCP, desceu na classificação, mas pouco. A instituição liderada por Fernando Ulrich desceu de 1.654 para a posição 1.690 na lista das maiores empresas do mundo da Forbes.
Bruno Simão
03 de Março de 2016 às 09:47
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O CaixaBank e Isabel dos Santos confirmaram que mantêm negociações para a venda da participação da empresária angolana no BPI ao banco catalão. Mas, apesar de a reacção positiva das acções perante a expectativa de uma nova OPA sobre o banco, os analistas colocam alguma "água na fervura". É que as negociações permanecem "complexas", dizem os analistas, e um acordo poderá não chegar em breve.


Os investidores reagiram, numa primeira fase, com grande entusiasmo às negociações dos espanhóis do CaixaBank para comprar a posição de Isabel dos Santos no BPI, levando as acções a disparar em bolsa. Mas, para já, não há acordo.


"O BPI foi suspenso de negociação às 10:52 e os comunicados do CaixaBank e do BPI apenas foram divulgados depois do fecho do mercado às 18:14 anunciando que ainda não havia acordo", refere o Haitong. Também o CaixaBI realça que "foi salientado nos dois comunicados que ambas as entidades têm vindo a procurar alternativas com vista a alcançar um entendimento para essa situação que pudesse ser aceitável por todas as partes interessadas, sem que, até agora, se tenha chegado a uma solução nesse sentido".


"Na nossa perspectiva, as negociações entre o CaixaBank e Isabel dos Santos continuam complexas e podem não levar a um acordo no curto prazo", destacam os analistas do Haitong Carlos Cobo e Juan Carlos Calvo. Apesar das reservas em torno de um entendimento em breve, os especialistas ressalvam que "ainda têm algum tempo para discutir uma solução válida para ambos os lados e para o BPI".

Em contra-relógio

As divergências entre os dois maiores accionistas do BPI têm impedido que o banco consiga aprovar uma proposta para reduzir a exposição ao risco em Angola, uma situação que tem que ser resolvida algures no próximo mês. O banco tem até ao dia 10 de Abril para apresentar uma solução ao Banco Central Europeu, caso contrário enfrenta uma multa diária.


Tal como o Negócios avançou, o BPI pode ser obrigado a pagar até "5% do volume de negócios diário médio por cada dia de infracção", refere o regulamento relativo ao poder do BCE de impor sanções e que prevê regras específicas para as penas aplicadas no exercício das suas atribuições de supervisão. Se o indicador de volume de negócios a ter em conta for o produto bancário, o banco de Fernando Ulrich arrisca-se a pagar um máximo de 162 mil euros por dia.


O Haitong lembra que tendo em conta estes valores, em termos mensais, a coima poderá chegar a cinco milhões de euros, se o banco continuar em incumprimento. "Em termos anualizados e assumindo que não é deduzível nos impostos representa cerca de um terço do resultado líquido do BPI", destaca o banco de investimento.


Alternativas ao "divórcio"

Caso o banco catalão e a empresária angolana não cheguem a um entendimento o Governo de António Costa poderá intervir para levantar os entraves à eliminação do limite de votos nas empresas. Esta é a proposta que estará em cima da mesa do primeiro-ministro português para resolver a situação do BPI. Contudo, esta solução pode criar clivagens com o Governo angolano.

A desblindagem dos estatutos "representa um catalisador positivo para o preço das acções na medida em que pode aumentar a probabilidade de uma nova oferta pelo CaixaBank", sobretudo se as negociações continuarem num impasse, diz o Haitong. Um cenário que os analistas consideram, porém, pouco provável uma vez que, segundo as regras do banco, as alterações nos limites de voto teriam que ser aprovadas por pelo menos 75% dos accionistas e a posição da empresária angolana representa 25,3% dos direitos de voto.

As autoridades angolanas chegaram a equacionar a expropriação da posição do BPI no Banco de Fomento Angola (BFA). Mas para já esta medida parece estar afastada. "A nacionalização parace uma medida extrema que não beneficiaria Angola", nota o Haitong, que acredita que "os Governos português e angolano estão a colocar pressão nos accionistas do BPI para alcançarem um acordo".

As acções do banco, que foram suspensas na última sessão e regressaram esta quinta-feira à negociação, seguem inalteradas em 1,18 euros. Os títulos já chegaram a ganhar mais de 4% nos primeiros minutos da sessão, mas interromperam entretanto as subidas.

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.

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