A generalidade dos analistas considera que os resultados apresentados pela Jerónimo Martins na terça-feira, 29 de Julho, são "fracos", realçando as dificuldades sentidas no mercado polaco. 

O BESI realça "um novo conjunto de resultados pobres" apresentados pela Jerónimo Martins. Além disso destaca o facto de a retalhista ter apontado para que a margem de EBITDA caia para níveis em linha com os observados no primeiro semestre do ano. A JM consolidou uma margem EBITDA de 5,6%, contra 6,2% um ano antes, com uma diminuição de "80 pontos base, para 7%", na Biedronka.

O BESI prevê que a Jerónimo Martins estará mais pressionada a implementar as alterações à oferta comercial, em termos de preços, na Polónia. Ainda esta quarta-feira, 30 de Julho, a retalhista revelou na "conference call" com analistas que deverá "complementar a revisão da oferta comercial" na Biedronka. Contudo, o BESI denota "preocupação" com o abrandamento das vendas naquele país, realçando que a estratégia de deflação nos alimentos, a concorrência e a canibalização "podem não ser resolvidos" com as alterações que deverão ser implementadas.

Os analistas do BESI reviram assim em baixa a avaliação da Jerónimo Martins em 10%, de 11,0 euros para 9,90 euros, o que confere às acções da empresa liderada por Pedro Soares dos Santos um potencial de queda de 8,08% face à actual cotação (10,77 euros), o que justifica a recomendação de "vender". O BESI intitula a nota de research de "o dinheiro não pode comprar-me crescimento".

O BPI realça igualmente os "fracos resultados", destacando a concorrência mais feroz na Polónia, bem como a deflação que tem pautado aquele mercado. Os analistas do BPI acreditam que "algumas questões serão de curto-prazo", como o caso da deflação. "Mas parece que a empresa tem estado a perder o domínio ou, pelo menos, a sua vantagem sobre a concorrência, ao mesmo tempo que as novas alterações podem criar mais sofrimento." A nova avaliação dos analistas do BPI é de 13,30 euros, o que corresponde a uma revisão em baixa de 17,13%, e a um potencial de valorização de 23,5% face à actual cotação. A recomendação é de "neutral".

A JPMorgan também decidiu cortar a avaliação da retalhista de 12 euros para 11 euros, com uma recomendação de "neutral", depois da Jerónimo ter revelado, "tal como esperado" , um conjunto de resultados "fraco". Os analistas desta casa de investimento realçam que o "Pingo Doce teve um desempenho muito bom", enquanto a preocupação assenta na Biedronka, que deverá "continuar [a ter um desempenho] negativo".

Os analistas do Barclays salientam que "apesar dos resultados do segundo trimestre terem ficado apenas ligeiramente abaixo das estimativas, a magnitude do ‘profit warning’ anunciado pela Jerónimo Martins mostra quão depressa o ambiente na Polónia se deteriorou no segundo trimestre." Tendo em conta as novas previsões da retalhista levou a que a casa de investimento cortasse a avaliação de 11,70 euros por acções para 9,90 euros. A recomendação é de "underweight".

As acções da Jerónimo Martins têm estado a registar fortes quedas, recuando 7,79% para 10,77 euros, tendo chegado a perder quase 9% esta manhã.

(Notícia actualizada às 11h57 com mais notas de análise)

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.