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Sonae, Portucel e Semapa pagam 268 milhões em dividendos extraordinários
Depois da Altri, Corticeira Amorim e Jerónimo Martins, agora foi a vez de a Sonae, Portucel e Semapa anunciarem o pagamento de dividendos extraordinários aos accionistas. Excesso de reservas ou medo de aumento da carga fiscal?
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Há cada vez mais empresas a anunciar o pagamento de dividendos antecipados aos accionistas. Só esta segunda-feira foram três as cotadas que convocaram assembleias-gerais extraordinárias com o único propósito de aprovar o pagamento de dividendos através da distribuição de reservas.
No total a Sonae, Portucel e Semapa vão pagar 268 milhões de euros aos accionistas em dividendos extraordinários, com a remuneração a traduzir rendibilidades acima de 3,5%.
A Altri, a Corticeira Amorim e a Jerónimo Martins já tinham anunciado o mesmo e os pagamentos serão também efectuados até ao final de 2015. Uma corrida ao pagamento de dividendos até final do ano, que é pouco comum e poderá estar relacionada com os receios de aumento do tributação sobre os dividendos.
Numa altura em que parece mais próxima a indigitação de António Costa como primeiro-ministro, ganha força a perspectiva de serem implementadas alterações na tributação dos dividendos. O acordo à esquerda prevê que o regime de eliminação de dupla tributação sobre os lucros em IRC só se aplique a participações mínimas de 10% em diante, contra os actuais 5%.
"Desempenho favorável"
Nenhuma das cotadas justifica a decisão de pagar dividendos extraordinários com esta perspectiva de agravamento fiscal e Pedro Soares dos Santos já afirmou mesmo que a distribuição dos dividendos não está relacionada com mudança de Governo, mas antes com os resultados da cotada.
É o mesmo argumento que utilizam a Sonae, a Portucel e a Semapa, que esta segunda-feira fizeram o anúncio de pagamento de dividendos extraordinários.
Primeiro foi a Sonae SGPS, que justificou o pagamento de 77 milhões de euros em dividendos devido ao facto de apresentar reservas livres no montante de 1.420.254.922 euros. A empresa liderada por Paulo Azevedo vai pagar um dividendo de 0,0385 euros por acção, tendo convocado uma assembleia-geral extraordinária para 16 de Dezembro.
Este dividendo extraordinário, tendo em conta a cotação actual das acções, representa um rendibilidade de 3,5%.
Mais ao final do dia foi a vez da Portucel e da Semapa também anunciarem dividendos extraordinários. A empresa de pasta e papel liderada por Diogo da Silveira vai pagar dois dividendos. Um de 0,0418 a título de adiantamento sobre os lucros e outro de 0,1395 euros através da distribuição de resultados transitados.
No total a Portucel vai entregar 130 milhões de euros aos accionistas, em dois dividendos que no conjunto representam uma remuneração de 0,1813 por acção, o que traduz uma rendibilidade de 4,76% face ao fecho de segunda-feira.
Já a Semapa convocou uma assembleia-geral para pagar um dividendo de 0,75 euros por acção, através da distribuição de reservas livres no montante de 61.229.994,75 euros. A remuneração representa uma rendibilidade de 5,85%.
A Portucel e a Semapa são controladas pela família de Pedro Queiroz Pereira e ambas justificam esta distribuição de reservas exreordinária com o "desempenho favorável" das empresas.
Os divendos extraordinários anunciados esta segunda-feira por Portucel, Semapa e Sonae perfazem um total de 268 milhões de euros.
Dinheiro que vai entrar nas contas dos accionistas no mês de Dezembro e que se for somado aos montantes já anunciados pela Altri, Corticeira Amorim e Jerónimo Martins (319 milhões de euros), dá um total de 587 milhões de euros em dividendos antecipados das cotadas portuguesas.