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Science4you: "Queremos escrever o nosso parágrafo no mercado de capitais português"

Arrancou a 28 de Novembro a oferta pública de distribuição (OPD) da Science4you. E a subscrição das acções termina na próxima sexta-feira, 14 Dezembro. O arranque da negociação está previsto para 21 de Dezembro.

Miguel Baltazar/Negócios
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Depois da operação de colocação em bolsa da Raize, Miguel Pina Martins deu início ao processo da Science4you. E, com esta operação, pretende escrever um "parágrafo no mercado de capitais português". Depois de ter sido contactado pela Euronext durante três anos, acabou por ser ele a procurar a gestora da bolsa nacional, contou em entrevista ao Negócios.



A estreia em bolsa va ocorrer três dias antes do Natal, cumprindo-se o objectivo da Science4you. Porque é que, para vocês, era tão importante que fosse nesta altura?

O pensamento foi brinquedos, em teoria, é no Natal. É quando temos um pico de vendas. É quando se fala mais de brinquedos, quando temos mais exposição mediática, achámos que era importante tentar juntar as duas coisas. E acreditamos que ajude também às vendas. Ou seja, temos mais quiosques abertos, temos uma capacidade de comunicação superior e as pessoas vão estar mais atentas ao brinquedo do que estão em Janeiro.


Mas não tem medo de estar a dar um passo maior do que a perna?

É um desafio, é o maior desafio que a Science4you alguma vez teve, sem dúvida absolutamente nenhuma. De longe.


Foi aconselhado a fazê-lo?

Sim, todas as pessoas com quem fomos falando e os nossos accionistas acabaram por acordar também fazê-lo. Tivemos um entusiasmo genérico da operação. Mas há uma coisa muito importante que ninguém controla que é o timing do mercado. Vimos o que aconteceu na Sonae em Outubro.


Mas não sentiram o pulso ao mercado antes de avançarem?

Sim, obviamente sentimos. Muito. Se calhar, das 300 pessoas com quem falei para isto, houve duas que me disseram, "se calhar, não é espectacular". Mas, genericamente, deram-nos a palmadinha nas costas. E também, honestamente, a Sonae acaba por representar outro ponto: se eles falharam, nós também podemos falhar. Não vem mal nenhum ao mundo.


A intenção de ir para a bolsa não era nova. Mas sempre falou de uma bolsa internacional. Porque é que agora escolheram a bolsa nacional?

A operação da Raize mudou tudo. Dei uma entrevista, há oito meses, em que dizia que neste momento não fazia parte dos planos e não fazia mesmo naquela altura. A Euronext já anda atrás de nós há três anos a dizer "venham, isto dá, isto funciona".  Não é só de nós, obviamente, é de muito outras empresas.


Venceram-no pelo cansaço?

Não, não. Foi ao contrário depois, já não eram eles, fomos nós ter com eles porque achámos que havia um potencial depois da Raize. Obviamente já tínhamos os contactos todos feitos e foi relativamente rápido de fazer.


Mas os custos de estar em bolsa compensam?

Compensam, porque ganhamos mais credibilidade nós como estamos muito nos mercados internacionais. Qualquer fornecedor ou qualquer cliente, pode ir consultar e ver o que é que a empresa vale, como é que está, como é que não está, em vez de sermos nós a contar histórias. Segundo, já estamos habituadíssimos a fazer "reporting". Aquilo que acreditamos que ganhamos é uma visibilidade, é uma maior facilidade de ir ao mercado, se for preciso. E, depois, obviamente, há aqui uma outra coisa: marcarmos, fazermos o nosso paragrafozinho no mercado de capitais em Portugal porque acredito que precisamos de um mercado de capitais em Portugal. Depois de a Raize nos ter inspirado, temos aqui o nosso contributo.

O encaixe do aumento de capital visa o reforço da aposta no ecommerce. Se não correr de acordo com as expectativas o que é que vai fazer a seguir?

Continuamos a nossa vida normal. Não precisamos disto como pão para a boca continuaremos o nosso plano de negócios e se calhar temos que ver outras oportunidades. Continuamos a nossa vida alegremente. Tivemos resultados positivos no ano passado não está nada em causa e continuaremos por cá a produzir brinquedos. Se calhar, não vamos ter um crescimento tão grande como prevemos se tivermos uma injecção de capital desta envergadura mas também não iremos desaparecer e iremos continuar por aqui.  

 

Considerariam essa opção novamente mais tarde?

Se não correr bem obviamente que sim. Neste momento, felizmente, tem tudo para correr bem.  

 

Pensa que pode servir de inspiração e motivação para outras empresas quererem entrar em bolsa? Tem sido contactado por outras empresas?

Sim, tenho sido contactado por outras empresas a perguntar como é que foi, com quem falámos, quem foram os advogados. 

 

Tal como a Raize funcionou convosco.

Sim. Assim como a Raize funcionou connosco. Isto pode servir para inspiração. Já serviu, de certa forma. Já tivemos ‘n’ telefonemas de outros empresários a perguntar como é que corre, o que é que está a acontecer, quem são os advogados, quem é o banco de investimentos, os contactos da Euronext para perceber as condições, o que é que há a fazer. Sei que alguns já foram falar com algumas entidades. Agora se vai acontecer ou não...depende muito do que acontecer connosco. 

 

E tem a expectativa de vir a remunerar os accionistas seja atcravés de dividendos ou de outra forma?

Sim, obviamente que esse é sempre um objectivo. E a pressão é porque eu também sou accionista. Também gostava de  ver um dividendo na vida. Acima de tudo, as pessoas ou querem acreditar ou não querem. Mas é no modelo de negócio que devem acreditar. Se estiverem à procura de uma empresa com potencial de crescimento, em que  acreditem e se pensam que daqui a cinco anos se vai vender muitos mais brinquedos deste tipo pelo ecommerce, se esse é o modelo em que acreditam, então acho que é um bom investimento. Mas com esse pensamento. Se estão à procura de um PER, "dividend yield", de ver os rácios todos...então, não é por aí. Têm outras empresas. São perfis de investimento diferentes. Há mais risco? Há. Claro, é uma start-up. Se eu fosse dizer o contrário estava a mentir. Há mais risco, mas também há um potencial maior.

 

De acordo com o prospecto vai ter que manter as acções da Science4you por, pelo menos, dois anos. O que é que pretende fazer depois desse período? 

Não me vejo a sair daqui enquanto puder acrescentar valor. Eu acho que ainda tenho valor para acrescentar na empresa e acho que ainda há muito para fazer. No dia em que acharem que eu já não tenho olha, ponham-me a andar. Eu também me posso pôr a andar. Mas não quero ver-me livre disto. É o meu bebé para o bem e para o mal.  

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