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Indefinição ameaça novos mínimos no BCP
A queda de 25% numa semana atirou o banco para novos mínimos históricos. E os analistas acreditam que a continuação da incerteza sobre um aumento de capital deverá manter o título sob pressão.
Ao sétimo dia as acções do BCP voltaram a desvalorizar. No espaço de uma semana, o banco perdeu um quarto do seu valor. Já perdeu metade desde o início do ano. E tem o terceiro pior desempenho entre as 600 cotadas do índice de referência, Stoxx 600. Numa altura em que pairam sobre o banco receios de um novo aumento de capital, a incerteza na Polónia e a exclusão do índice MSCI Global atiraram as acções para mínimos históricos. E a incerteza deverá continuar a pressionar as acções, acreditam os analistas.
As acções do BCP fecharam a última sessão da semana com uma queda de 10,07%, levando a CMVM a avançar com uma nova proibição das apostas na queda do banco, na sessão desta segunda-feira. Este recuo elevou para 25% a desvalorização da semana, a pior em cinco anos. O banco perdeu 472 milhões de euros do seu valor e foi superado pelo BPI em termos de capitalização bolsista.
A justificar estas quedas esteve o "aumento de capital anunciado pelo Banco Popular em Espanha, que foi uma surpresa e voltou a chamar a atenção para os riscos que ainda existem no sector europeu de ocorrerem novos reforços de capital", explicou Albino Oliveira.
Além disso, também "as notícias em torno do possível interesse pelo Novo Banco criam dúvidas sobre a estratégia futura do banco, tendo em conta os riscos de execução e a forma como a operação poderia ser financiada", diz o analista da Patris Investimentos. Dúvidas que elevam para 50% a queda acumulada pelo banco este ano.
As acções fecharam nos 2,4 cêntimos, um novo mínimo histórico. Mas as quedas podem não ficar por aqui, tendo em conta a "falta de visibilidade" que existe em torno do banco, lembra Albino Oliveira. "Com a volatilidade que as acções têm neste momento é muito difícil ter uma ideia clara sobre o comportamento do título nas próximas sessões", acrescenta Paulo Rosa, corretor da GoBulling. Tudo "dependerá naturalmente do fluxo de notícias e da capacidade de o BCP fornecer maior visibilidade ao mercado", realça o analista da Patris.
Aumento de capital no Popular assusta
O anúncio do aumento de capital surpresa do espanhol Banco Popular, no valor de 2.500 milhões de euros, fez aumentar os receios de que o BCP também tenha de ir ao mercado. Uma preocupação que aumentou devido ao facto de o banco ter ainda 500 milhões de euros de ajuda estatal para reembolsar - além dos 250 milhões que já pediu para liquidar.
Desfecho do Novo Banco é incerteza
O desfecho da segunda tentativa de venda do Novo Banco, que será conhecido até ao final de Julho, está a ensombrar o BCP. Primeiro, porque o banco de Nuno Amado é o segundo mais exposto às perdas resultantes da venda da instituição. Por outro, porque o BCP decidiu ter acesso ao "data room" do Novo Banco. O objectivo é garantir que, se houver uma situação extrema, como no Banif, o BCP pode assumir-se como alternativa. No entanto, o mercado está a recear que haja um aumento de capital para financiar uma eventual compra.
O receio do veículo para malparado
Outra das incertezas que assusta os investidores do BCP é a possível criação de um veículo para ficar com o malparado e outros activos não rentáveis da banca portuguesa. O governador do Banco de Portugal já avisou que este instrumento exigirá mais capital às instituições financeiras, apesar de não se saber ainda em que termos poderá vir a ser criado o veículo.
Sair do índice acentuou queda
A desvalorização registada pelo BCP nas últimas semanas levou à sua saída do índice MSCI. E por causa desta decisão, vários investidores reduziram a sua exposição ao banco, o que acentuou ainda mais esta queda.