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Galp: investidores divididos entre o investimento e o dividendo

A sessão arrancou de forma muito negativa para as acções da Galp Energia. Os investidores não receberam bem os números do investimento e o título sofreu a maior queda em nove meses. Mas, ao longo do dia, foi travando as perdas, com o foco em notícias mais favoráveis.

Sara Matos
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A Galp Energia foi a Londres anunciar os resultados de 2017 e as metas para os próximos anos. Mas foram estes últimos números que concentraram as atenções dos investidores. A reacção inicial foi negativa e as acções chegaram a sofrer a queda mais expressiva em nove meses, devido à manutenção do investimento. Mas a petrolífera acabou por terminar a sessão em queda ligeira, num dia em que a empresa também anunciou um aumento do dividendo.

Ontem, a Galp realizou o "Capital Markets Day, e anunciou que, em 2018, o investimento operacional ("capex") estará compreendido entre os mil milhões e os 1,1 mil milhões de euros, sendo que em média, no período 2018-2020, o investimento anual rondará os mil milhões de euros. Em 2017, o investimento caiu 17% para 1.008 milhões de euros, ficando no limite inferior do "guidance", e a dívida líquida aumentou 1% para 1.886 milhões.

Este indicador decepcionou os analistas do BPI, que esperavam uma revisão em baixa do "guidance" para o investimento devido aos ganhos de eficiência alcançados no Brasil, apontando para valores na ordem dos 800 milhões de euros.

"Apesar de a Galp ter revisto em alta os dividendos de 2018, em linha com forte capacidade de gerar um forte ‘cash flow’, estamos decepcionados com o ‘guidance’ para o capex", afirmou a equipa de "research" do BPI, numa nota divulgada esta terça-feira. E também os investidores pareceram ficar desiludidos. As acções abriram a sessão a perder 1,67% mas chegaram a recuar 4,01% para os 14,105 euros. Registaram a queda mais acentuada desde Maio e atingiram mínimos de Setembro.

"Por outro lado, os futuros do petróleo parecem sugerir que o potencial de subida da cotação é limitado até ao final do ano", acrescentaram os analistas do BPI, que decidiram manter a recomendação da empresa liderada por Carlos Gomes da Silva em "neutral", com um preço-alvo de 15,80 euros.

Depois da reacção inicial negativa, a petrolífera acabou por travar as perdas ao longo da sessão e chegou a estar a subir. Mas fechou com uma queda de 0,14% para os 14,675 euros, numa sessão também positiva para o sector a nível europeu. Este comportamento estará relacionado com os outros anúncios. A Galp decidiu melhorar a remuneração aos accionistas devido às perspectivas mais favoráveis para os resultados nos próximos anos. O dividendo, a pagar já este ano, passa para 55 cêntimos por acção, o que representa uma subida de 10% face aos anteriores 50 cêntimos. A este dividendo corresponde uma rentabilidade de 3,74%.

"Numa altura em que os grandes investimentos dos últimos anos começam a libertar mais cash do que aquele que absorvem", a Galp optou por melhorar a remuneração aos accionistas, uma vez que estima aumentos anuais médios superiores a 10% no "cash flow" das operações (CFFO) entre 2017 e 2020. Além disso, a cotada sublinhou, na apresentação aos investidores,  que, apesar da "disciplina financeira", há potencial para "mais aumentos nos dividendos".

E a empresa revelou também que prevê aumentar o "free cash flow" para mais de mil milhões de euros em 2020, tornando a Galp Energia um "gerador sustentável" de "cash flow". Em 2017, este indicador rondou os 572 milhões de euros, sendo que depois do pagamento de dividendos (423 milhões de euros) a empresa permanece com este indicador positivo (149 milhões de euros).

A empresa também anunciou os resultados de 2017, com os lucros a subirem 25% para 602 milhões de euros, em linha com as estimativas dos analistas. Contudo, o EBITDA  no quarto trimestre situou-se nos 489 milhões de euros, abaixo das previsões mais reduzidas do consenso.
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