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CaixaBank BPI: Preço da OPA à Semapa é "baixo" e nem reflete valor de mercado da Navigator
Os analistas do CaixaBank não acreditam no sucesso da OPA que a família Queiroz Pereira lançou sobre a Semapa, uma vez que a contrapartida é "baixa", situando-se 49% abaixo da avaliação que o banco faz à holding que controla a Navigator e a Secil.
A oferta pública de aquisição (OPA) que a Sodim lançou sobre a Semapa tem um potencial de sucesso limitado, uma vez que o preço da operação é "baixo", escrevem os analistas do CaixaBank BPI.
As ações da Semapa negoceiam em forte alta e já acima da contrapartida da oferta, que foi fixada em 11,40 euros por ação, sugerindo que o mercado está também a considerar baixo o valor da oferta.
Numa nota de research, a que o Negócios teve acesso, o CaixaBank BPI assinala que apesar da contrapartida representar um prémio de 20% face à cotação de quinta-feira da Semapa, encontra-se 49% abaixo do preço justo (fair value) e 36% abaixo do preço-alvo (price target) que o banco tem para a Semapa.
O CaixaBank BPI tem atualmente uma recomendação de "comprar" para a Semapa, com um preço-alvo de 17,80 euros, que já incorpora um desconto de 20% devido ao facto de a Semapa ser uma holding (empresa que agrupa participações em várias companhias).
Além disso, os 11,40 euros que a Sodim colocou em cima da mesa traduzem um desconto de 37% face ao valor líquido dos ativos (NAV).
Os analistas do CaixaBank destacam que o valor da OPA está até abaixo do valor líquido dos ativos da holding, "mesmo que não atribuíssemos qualquer valor à Secil e a ETSA".
Ou seja, está abaixo dos 12,40 euros por ação caso fosse tido em conta apenas o valor de mercado da Navigator. A Semapa controla 70% do capital da Navigator, um ativo que tendo em conta a cotação de hoje, está avaliado em cerca de 1,4 mil milhões de euros. A capitalização bolsista da Semapa, já com a subida de hoje, está abaixo de mil milhões de euros.
É tendo em conta estes fatores que o CaixaBank BPI não acredita no sucesso da OPA. "Tudo considerado, e tendo por base as métricas de avaliação, pensamos que o baixo preço limita a probabilidade de esta oferta ter sucesso", explicam os analistas.
O CaixaBank BPI lembra que o desconto das ações da Semapa face ao valor líquidos dos ativos tem vindo a aumentar nos últimos anos, situando-se atualmente em 47%, sendo que a reduzida liquidez dos títulos e outros fatores relacionados com sustentabilidade podem explicar a evolução.
As ações da Semapa sobem 22,74% para 11,66 euros, o valor mais elevado desde março do ano passado.
Oferta de 260 milhões de euros
Segundo o anúncio preliminar da OPA, comunicada ao mercado esta quinta-feira, 18 de fevereiro, "a oferta é geral e voluntária tendo por objeto a totalidade das ações (...) que não sejam detidas pela oferente ou pela Cimo, sua subsidiária integralmente detida".
A Sodim já controla 71,906% do capital e 73,167% direitos de voto da Semapa, pelo que pretende adquirir as 22.831.666 ações que não detém, e que poderão resultar num desembolso total de 260,28 milhões de euros.
Mas a Sodim põe como condição de sucesso passar a deter "um mínimo de 90% dos direitos de voto da visada", ainda que admita a renúncia até 24 horas antes do apuramento dos resultados da oferta desta condição.
Caso essa marca seja alcançada (90% dos direitos de voto) e se garantir na oferta 90% dos direitos de voto objeto da OPA, a Sodim diz já que irá lançar mão do mecanismo de aquisição potestativa. Mas não o fará acima dos 11,4 euros agora oferecidos.
Caso passe a deter 90% ou mais dos direitos de voto, mas não conseguir 90% objeto da oferta, a Sodim diz que promoverá a perda de qualidade de sociedade aberta. Ou seja a Semapa é mais uma empresa que está a caminho da saída de bolsa.
Os intermediários financeiros são o BCP e a Caixa Banco de Investimento, tendo também o Santander colaborado com a Sodim nesta operação, segundo apurou o Negócios. A JP Morgan é a assessora financeira e a Linklaters a assessora jurídica da Sodim.
A Semapa anunciou em comunicado que "irá iniciar os procedimentos necessários para poder cumprir as obrigações que para si advêm da publicação do anúncio preliminar da oferta, designadamente, a convocação de um conselho de administração com vista a pronunciar-se sobre a oportunidade e as condições da oferta".