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Bolsa brasileira dispara para máximo histórico após vitória e discurso de Bolsonaro

O real também está a reagir em alta ao resultado das eleições, seguindo em máximos de Maio. A bolsa atingiu o nível mais elevado de sempre.

29 de Outubro de 2018 às 13:42
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O Bovespa, principal índice da bolsa de São Paulo, abriu a sessão desta segunda-feira em forte alta, com os investidores agradados com a vitória de Bolsonaro nas eleições brasileiras, bem como com a mensagem que o próximo presidente do Brasil deixou no seu discurso de vitória.

O índice abriu a valorizar 1,95% e já esteve a ganhar mais de 3% para 88.377,16 pontos, o que representa o nível mais elevado de sempre.

Esta subida acentua a tendência de alta que a bolsa brasileira tem vindo a registar, sobretudo desde a vitória de Bolsonaro na primeira volta e quando as sondagens (em meados de Setembro) começaram a apontar o candidato de extrema-direita como provável substituto de Michel Temer.   

Desde meados de Setembro o Bovespa acumula uma valorização de 13,5%. Medido em dólares, o avanço do índice brasileiro é de 29%, o que torna a bolsa brasileira a melhor do mundo neste período.

Este desempenho é ajudado pelo comportamento do real, já que a moeda brasileira também tem valorizado fortemente devido ao efeito Bolsonaro. No espaço de seis semanas ganha 16% e hoje atingiu um máximo desde Maio deste ano. A moeda brasileira já esteve a ganhar mais de 1,5%, com cada dólar a ser trocado abaixo de 3,6 reais. No mercado de dívida a reacção também é positiva, com os juros das obrigações soberanas a descerem.

Entre as acções mais beneficiadas está a Petrobras, que ganha 2,4% e o Banco do Brasil, que sobe 3,2%, devido à perspectiva de privatização de cotadas do sector energético e financeiro.



Discurso de Bolsonaro ajuda

"Jair Bolsonaro disse as palavras que os investidores queiram ouvir". É desta forma que a agência de informação financeira norte-americana Bloomberg justifica o desempenho positivo dos activos brasileiros na sessão desta segunda-feira.

O próximo presidente do Brasil prometeu reduzir o défice orçamental, baixar o endividamento público e a dimensão do governo e do Estado brasileiro. No seu discurso de vitória, Bolsonaro prometeu "mudar o destino Brasil" e ao mesmo tempo defender a "Constituição, democracia e liberdade".

"Agora vamos juntos transformar este país numa grande nação, uma nação livre, democrática e próspera", disse Bolsonaro, prometendo que "trabalhará para quebrar o ciclo vicioso do aumento da dívida pública, para assumir o círculo virtuoso de reduzir o défice, a fim de estimular investimentos, crescimento e geração emprego. "O défice público primário tem de ser convertido em superavite", salientou.

Agora vamos juntos transformar este país numa grande nação, uma nação livre, democrática e próspera Bolsonaro após a vitória

Estas palavras agradaram aos investidores, sobretudo numa altura em que o Brasil está a sair da recessão mais acentuada dos últimos 100 anos. "Bolsonaro assegurou a vitória ao prometer um futuro melhor para o Brasil depois de anos de regressão económica e escândalos de corrupção", disse à Bloomberg Bernd Berg, analista do mercado cambial da firma suíça Woodman Asset Management. "Estou confiante que Bolsonaro vai entregar as tão necessárias reformas", acrescentou.

No Twitter, o presidente dos Estados Unidos revelou que teve uma "excelente conversa" com Bolsonaro e que ambos acordaram que os dois países vão "trabalhar em conjunto no comércio" e noutras áreas.


Paulo Guedes dá confiança

A "fé" dos investidores em mudanças na economia brasileira está depositada sobretudo em Paulo Guedes, um reputado economista brasileiro que será o super-ministro de Bolsonaro para as finanças e economia.  

"O mercado confia no Paulo Guedes, há a crença de que ele pode atrair investimentos grandes e duradouros para o país, o que significa que pode entrar bastante dinheiro no Brasil e o dólar vai ficar mais barato", avaliou à Reuters o director de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, citado pela Globo.

Ainda na noite de domingo, Paulo Guedes reforçou que as suas três prioridades passam pela reforma da Previdência (Segurança Social), privatizações para reduzir os gastos com pagamento de juros da dívida e reduzir a despesa pública com poupanças conseguidas no aparelho do Estado.

 

O próximo ministro da Fazenda falou em três prioridades: "O primeiro grande item: a previdência. Precisamos de uma reforma da previdência. O segundo grande item do controlo de gastos públicos: as despesas de juros. Vamos acelerar as privatizações porque não é razoável o Brasil gastar 100 mil milhões de dólares por ano de juros da dívida. O Brasil reconstrói uma Europa todo ano (...). O terceiro é uma reforma do estado, são os gastos com a máquina pública. Nós vamos ter que reduzir privilégios e desperdícios", explicou.

Analistas vêem mais potencial

Apesar da forte alta das últimas semanas, os analistas internacionais ainda vêem potencial na bolsa brasileira, com vários bancos a recomendarem a compra de activos brasileiros. É o caso da Woodman Asset Management, que vê o índice Bovespa a valorizar mais de 50% até meados do próximo ano e a moeda a disparar 21%, até ser necessário menos de 3 reais para comprar um dólar.

O UBS também se juntou ao grupo dos optimistas com o Brasil, antecipando que o mercado de acções pode subir 40% em dois meses no cenário em que se confirmem os factores mais favoráveis. Segundo a Bloomberg, o banco brasileiro Bradesco e o Citigroup também estão a recomendar aos clientes a compra de activos brasileiros.

A "saída de cena" do Partido dos Trabalhadores, que governou o Brasil durante vários anos, é outros dos factos que está a pesar no optimismo dos investidores. "Todos nós sentimos uma sensação de alívio de não termos que lidar com o PT nos próximos quatro anos, pelo que é natural que o mercado continue a comprar activos brasileiros", comentou à Bloomberg James Gulbrandsen, CIO da NCH Capital no Rio de Janeiro. "Agora estamos focados nos progressos das reformas", atirou.    

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