Notícia
Bolsonaro ganha eleições e promete "mudar o destino do Brasil"
Jair Bolsonaro é proclamado vencedor da segunda volta no Brasil, tendo recolhido 55,2% dos votos dos mais de 100 milhões de brasileiros que votaram este domingo. Será o presidente do Brasil a 1 de Janeiro.
Bolsonaro, o regenerador populista que não tem meio-termo, será assim o próximo presidente do Brasil, sucedendo a Michel Temer. Derrotou Fernando Haddad, o "tranquilão" especialista em marxismo.
Menos de meia-hora depois do fecho das urnas Bolsonaro foi proclamado o vencedor da segunda volta no Brasil (o voto electrónico permitiu uma rápida contagem dos votos). Assumirá o cargo quando tomar posse a 1 de Janeiro.
A diferença entre os dois candidatos foi clara e cifrou-se em mais de 10 milhões de votos. A nivel geográfico a vitória de Bolsonaro também foi clara: ganhou em 16 estados (Haddad em 11) e em 26 capitais (Haddad em 6).
Os resultados finais ficaram em linha com as projecções divulgadas logo que as urnas fecharam no Brasil (22 horas em Lisboa), que davam a vitória a Jair Bolsonaro, com 56%. E também com as sondagens reveladas depois da primeira-volta.
Jair Bolsonaro começou por primeiro fazer um discurso no Facebook. E garantiu: "Temos condições de governabilidade dado os contactos tidos com parlamentares". Prometeu que "todos os compromissos serão cumpridos com as mais variadas bancadas, e com o povo".
Para Bolsonaro, "temos tudo para sermos uma grande nação", e dirigindo aos brasileiros como "querido povo brasileiro" agradeceu a confiança. "Vamos juntos mudar o destino do Brasil".
Depois do Facebook, Bolsonaro fez o seu discurso oficial de vitória nas eleições brasileiras, prometendo que o seu "Governo será defensor da Constituição, democracia e liberdade".
"Precisamos de mais Brasil e menos Brasília. Vamos transformar o Brasil numa grande, livre e próspera nação", afirmou.
Prometeu também desburocratizar, simplificar e "permitir que cidadão e o empreendedor tenha mais liberdade para construir o seu futuro", o que diz ser "desamarrar o Brasil".
Haddad também falou pouco depois de conhecidos os resultados, prometendo continuar presente para defender a democracia e a cidadania."Entendemos que os direitos civis, políticos e trabalhistas e sociais estão em jogo neste momento", e por isso assume como tarefa "enorme no país", "em nome da democracia, defender o pensamento e as liberdades desses 45 milhões" que votaram em Haddad que diz que nos últimos dias de campanha viu "a festa da democracia no Brasil".
Bolsonaro também ganhou em Lisboa e Porto
Em Lisboa, também Bolsonaro saiu vitorioso. O candidato da extrema-direita venceu nas 27 assembleias de voto em Lisboa, conquistando 64,4% dos 6.948 votos válidos, segundo os resultados oficiais afixados na Faculdade de Direito. Jair Bolsonaro (Partido Social Liberal - PSL) obteve 4.475 votos contra 2.473 votos (35,5%) do candidato do PT (Partido dos Trabalhadores, esquerda), Fernando Haddad. No Porto venceu com 66,5% dos votos.
A vitória do candidato do PSL confirma as sondagens reveladas desde que Bolsonaro ganhou a primeira volta das eleições, há três semanas. E isto apesar de nas últimas sondagens Haddad ter subido nas intenções de voto. Não o suficiente para garantir a eleição, apesar de, no acto de votar, o candidato do PT ter revelado esperança na recuperação. Mas a confiança demonstrada por Bolsonaro acabou mesmo por ser a acertada. O candidato de extrema-direita assumia, quando foi votar, que os resultados deveriam dar-lhe a vitória, segundo o que sentia nas ruas.
As últimas sondagens davam a Jair Bolsonaro, um capitão reformado do Exército, 56% das preferências dos brasileiros, contra os 44% do adversário. A diferença da intenção de voto entre os candidatos presidenciais tinha caído seis pontos numa semana.
Na primeira volta, Haddad (29%) ficou a 17 pontos percentuais de Bolsonaro (46%).
AS PROPOSTAS DE JAIR BOLSONARO PARA A ECONOMIA
Reaccionário aprendiz de Trump
Saudosista da ditadura militar, reaccionário, homofóbico, xenófobo, machista, concorre às eleições pelo PSL, o nono partido em que já foi filiado. Surge como suposto candidato anti-sistema, após 27 anos como membro do Congresso. Com um discurso polarizador, muda de discurso consoante o público-alvo e não hesita contradizer-se se isso garantir ganhos eleitorais. À boa maneira de Donald Trump.
Propostas
Privatizações para pagar dívida e flexibilizar mercado laboral
Cortar dívida em 20%
Executar um programa de privatizações, concessões e venda de activos imobiliários para reduzir em 20% a dívida pública que, em 2017, se fixava em 84% do PIB brasileiro. Privatizações podem gerar 700 mil milhões de reais (152,3 mil milhões de euros).
Excedente primário
Assegurar, em 2019, um saldo primário (exclui pagamento de juros) neutro para logo em 2020 conseguir registar um excedente orçamental sem contar com o serviço da dívida.
Inflação de 4,5%
Define uma meta de 4,5% para a inflação - em 2017 foi de 2,95%- objectivo a alcançar através da consolidação das contas públicas e maior flexibilidade ao nível monetário.
Uniformização fiscal
Imposto único que uniformize os diferentes regimes fiscais ao nível federal. Reduzir a carga fiscal, com programas de desburocratização e controlo mais apertado da despesa pública, para captar investimento.
Fim da unicidade sindical
Terminar com a unicidade sindical, dando liberdade de escolha aos trabalhadores. Salários mais altos para os homens porque as mulheres engravidam.
Super-ministério
Um superministério da Economia, fundindo quatro pastas: Fazenda, Planeamento, Indústria e Comércio. Com tutela também sobre a Caixa Economica Federal, o Banco do Brasil e o BNDES.