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Braço direito de Bolsonaro nas Finanças quer privatizar e cortar despesa

Será o "super ministro" de Jair Bolsonaro, eleito este domingo presidente do Brasil, para a economia e as finanças. Chama-se Paulo Guedes e quer reformar a segurança social, fazer privatizações para baixar a dívida e reduzir a despesa do Estado.

29 de Outubro de 2018 às 14:44
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Bolsonaro chama-lhe o seu "posto Ipiranga". A expressão foi utilizada numa publicidade na televisão da rede de postos de combustível Ipiranga onde o protagonista dava sempre a mesma resposta às questões: "Pergunta no posto Ipiranga". Jair Bolsonaro, que a partir do dia 1 de Janeiro será o presidente do Brasil, já admitiu que não percebe do assunto, tendo delegado em Paulo Guedes a política económica de um país economicamente deprimido. As suas prioridades são três: reformar a segurança social, privatizar para reduzir a dívida e diminuir os gastos do Estado.

Este domingo, após ser conhecida a vitória, o futuro 'super-ministro' da Fazenda [Finanças], Planeamento, Indústria e Comércio elencou as suas três prioridades. "Precisamos de uma reforma da previdência", começou por dizer, citado pela Globo, referindo-se à segurança social, a qual quer também privatizar, passando a um modelo de capitalização. Estas declarações vão ao encontro das propostas já referidas na campanha.

A segunda prioridade passa pelas despesas com os juros da dívida pública. "Vamos acelerar as privatizações porque não é razoável o Brasil gastar 100 bilhões [mil milhões] de dólares por ano de juros da dívida. O Brasil reconstrói uma Europa todo ano", afirmou. A estratégia é privatizar os activos públicos - admite-se até a privatização da Petrobras - para reduzir o endividamento público. A ideia é cortar a dívida pública em 20% com um programa de privatizações que poderá chegar aos 700 mil milhões de reais (152,3 mil milhões de euros).

A terceira prioridade passa pela reforma do Estado, especificamente nos gastos públicos. "Nós vamos ter que reduzir privilégios e desperdícios", garantiu. O objectivo é assegurar que no próximo ano há um saldo primário - excluindo o serviço da dívida - neutro, para depois começar a registar excedentes. A estratégia passa também pela descentralização. O slogan é "mais Brasil, menos Brasília" (capital onde está o Governo central). 


A consolidação orçamental terá de ser feita ao mesmo tempo que o Estado vai reduzir a carga fiscal. Paulo Guedes, visto como um liberal na economia (estudou na Universidade de Chicago, nos EUA), quer reduzir os impostos aos trabalhadores e às empresas. 

Neste momento, o défice orçamental contabilizando a factura dos juros continuará acima dos 7% do PIB. Já o saldo primário, que exclui os encargos com os juros da dívida, continuará a ser negativo até 2022 nas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo o InfoMoney Brasil, outro dos objectivos de Paulo Guedes - co-fundador do banco de investimento Banco BTG Pactual SA - é fazer passar uma lei que garanta a independência política do Banco Central do Brasil.

O novo titular da pasta das Finanças irá encontrar um rácio da dívida pública nos 84% em 2017, segundo os dados do FMI, e uma economia em fraca recuperação com um crescimento de 1% no ano passado, após dois anos de recessão.

De acordo com a Reuters, Jair Bolsonaro vai encontrar-se com os seus futuros ministros, incluindo Paulo Guedes, já esta terça-feira, dia 30 de Outubro. Apesar da confiança de Bolsonaro em Guedes, há quem antecipe conflito, recordando que o agora presidente-eleito era contra a privatização das empresas estatais, principalmente de sectores-chave como o da energia.

Uma das medidas mais polémicas é a de que os homens devem ganhar mais do que as mulheres uma vez que as últimas têm um "direito a mais", a licença de maternidade, por serem mães.

Além disso, Paulo Guedes não escapa a uma investigação da justiça brasileira. O futuro ministro está a ser alvo de investigações do Ministério Público Federal que apuram possíveis "crimes de gestão temerária ou fraudulenta de investimentos advindos de fundos de pensão", diz a Globo, o que foi refutado pela defesa de Guedes.
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