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Ações da Farfetch afundam 40% após resultados, aquisição e saída de COO

Foi uma noite de várias novidades para a Farfetch. Mas os investidores não estão a gostar, atirando as ações para quase metade do preço a que foram vendidas no IPO de setembro do ano passado.

09 de Agosto de 2019 às 00:42
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A Farfetch, plataforma eletrónica luso-britânica de artigos de moda liderada pelo português José Neves, anunciou na noite desta quinta-feira os resultados do segundo trimestre, a aquisição de uma companhia por 675 milhões de dólares e alterações na gestão, com a saída do chief operational office (COO) Andrew Robb.  

 

Tendo em conta a variação brusca das ações, os investidores não gostaram nada das novidades. No mercado "after hours", que funciona após o fecho da sessão regular em Wall Street, as ações da Farfetch estão em queda livre. Seguem a recuar 40,44% para 10.87 dólares. Na sessão regular fecharam a subir 5,13% para 18,25 dólares.

 

Com esta queda, as ações da Farfetch afastam-se ainda mais do preço a que foram vendidas no IPO realizado em setembro. O IPO garantiu à empresa um encaixe de 900 milhões de dólares, com as ações a serem vendidas a 20 dólares cada.


 

Será agora preciso esperar pela abertura da sessão regular na bolsa de Nova Iorque esta sexta-feira para ver se se confirma esta descida acentuada dos títulos.

 

Em entrevista recente ao Negócios, Luís Teixeira, diretor-geral da empresa tecnológica em Portugal, disse perceber "que haja alguma desconfiança com os números da Farfetch". Mais do que olhar para os prejuízos "de forma simplista", o diretor-geral da empresa tecnológica em Portugal, onde tem seis escritórios e emprega mais de duas mil pessoas, sustenta que "o mais importante é ter um crescimento saudável nas vendas e nos clientes" para continuar a ganhar quota de mercado e ser a plataforma digital que lidera a indústria da moda de luxo.

Prejuízos aumentam cinco vezes

 

Segundo a Bloomberg a queda abrupta das ações reflete sobretudo as estimativas para o terceiro trimestre, que ficaram bem abaixo do previsto pelos analistas. A companhia aponta para um crescimento entre 30 a 35% no Gross Merchandise Value (um equivalente a vendas), quando os analistas estimavam 41%. O GMV no segundo trimestre cresceu 44% para 488,4 milhões de dólares.

 

A Farfetch estima fechar o ano com um EBITDA ajustado negativo entre 135 e 145 milhões de dólares, quando as estimativas apontavam para 122,7 milhões de dólares.

 

No que diz respeito aos resultados do segundo trimestre, os números apresentados saíram melhores do que os analistas estavam à espera nas receitas e lucros e piores do que o previsto ao nível do EBITDA.

 

As receitas cresceram 42% para 209,3 milhões de dólares, quando os analistas estimavam 199,7 milhões de dólares. O EBITDA ajustado foi negativo em 37,6 milhões de dólares, mais do que os 33,9 milhões de dólares previstos pelos analistas.  

 

Os prejuízos do segundo trimestre aumentaram mais de 5 vezes para 89 milhões de dólares. Os prejuízos por ação foram de 15 cêntimos, quando os analistas contavam com 23 cêntimos.
 

Aquisição de 675 milhões

Além dos resultados e estimativas para o terceiro trimestre, a Farfetch também anunciou mais uma aquisição. A companhia chegou a acordo para comprar a New Guards, uma plataforma de marcas com a Off-White, Palm Angels, Marcelo Burlon County of Milan, Heron Preston, Alanui, Unravel Project e Kirin Peggy Gou.

 

O negócio, que permite à empresa reforçar no "streetwear", tem um valor de 675 milhões de dólares e será financiado em partes iguais com dinheiro e ações da companhia.

 

No comunicado com a apresentação de resultados, José Neves salienta que numa altura em que a empresa está prestes a celebrar o primeiro aniversário como empresa cotada, "está satisfeito com os progressos na execução do segundo capítulo da nossa visão – a nossa plataforma alcançar a fatia de leão da crescente indústria de luxo online de 100 mil milhões de dólares".

 

O CEO salienta que a Farfetch alcançou um GMV recorde de 484 milhões de dólares no trimestre e continuou a conquistar quota de mercado.

 

Quanto à saída do COO, a Farfetch afirma que Andrew Robb informou a companhia que pretendia sair da Farfetch ao fim de 9 anos na companhia. O gestor ficará na empresa mais seis meses para assegurar uma "transição tranquila".

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