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Acções do BES regressam à negociação a cair 41,5%. Acções valem 20,3 cêntimos
Os títulos do Banco Espírito Santo já regressaram à negociação depois de, esta manhã, a CMVM ter decretado a sua suspensão até às 10 horas da manhã. Os títulos registam a maior queda de sempre, superior a 41%, e negoceiam num novo mínimo histórico.
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As acções do Banco Espírito Santo (BES) estão já a negociar. Os títulos da instituição liderada por Vítor Bento deviam ter começado a negociar a partir das 10h00 mas o elevado diferencial entre a cotação de fecho e o preço teórico resultante das ordens no sistema colocou as acções em leilão. A negociação arrancou às 10h15 com uma queda de 41,5% para 20,3 cêntimos.
Antes da abertura do mercado nacional a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) emitiu um comunicado em que decretava a suspensão dos títulos até as 10 horas. Esta deliberação surge depois de esta quarta-feira, ao início da noite, o banco ter apresentado os seus resultados semestrais. No primeiro semestre, a instituição registou prejuízos históricos de 3,57 mil milhões de euros. O banco, em comunicado, apontou que este valor se deve a factores extraordinários. Só em imparidades, o BES contabilizou 4,3 mil milhões.
Aliás, mesmo sem imparidades BES teve um prejuízo maior do que em 2013. A actividade do BES sofreu uma queda quer em Portugal quer fora do país. O produto bancário deslizou 73,1% e de acordo com a informação do banco, o BES teria registado um prejuízo de 255,4 milhões de euros se considerada apenas a actividade corrente.
Os depósitos de clientes no BES desceram 5,2% nos primeiros seis meses de 2014 para um total de 35.932 milhões de euros, de acordo com o comunicado. Um movimento que ocorreu num altura em que o crédito a clientes (bruto) subiu muito ligeiramente (0,3%) para 51.281 milhões de euros. O rácio de crédito líquido sobre depósitos (de transformação) caiu de 129% em Março para 126% em Junho.
O crédito vencido há mais de 90 dias representava, no final de Junho, 6,4% do crédito total a clientes (5,1% em Junho de 2013). Já as provisões para crédito cobriam 164% do crédito vencido a 90 dias quando, um ano antes, o indicador encontrava-se em 120,4%.
No seguimento da apresentação destes números, a instituição liderada por Vítor Bento assume o banco vai ter de aumentar capital e vender activos. Como foi referido no documento de apresentação de resultados, o BES não cumpriu o mínimo regulamentar de rácio de capital, "daí a necessidade de se aumentar o capital do banco". O rácio "common equity tier 1", que mede a solidez financeira do banco relacionando-o com o risco dos activos, ficou em 5% no final de Junho, quando o mínimo que o Banco de Portugal exige é de 7%.
Assim, o banco rebentou a almofada de capital que tinha (a almofada é a diferença entre o mínimo exigido e o que o banco pode perder sem descer dos mínimos) e ficou, até, com insuficiência de capital. Logo, o BES precisa de reforçar o capital para voltar a cumprir o mínimo exigido. Mas Vítor Bento escreve que não se pode ficar apenas pelos mínimos: "Este plano de capitalização deverá, desejavelmente, contemplar uma almofada de precaução".
Neste sentido, o banco prepara-se para avaliar os activos que tem em carteira para possíveis alienações. "Este plano prevê ainda uma avaliação exaustiva dos activos que seja possível alienar, nomeadamente, mas não só, dos associados a algumas presenças internacionais que não sejam estratégicas. As potenciais alienações serão feitas tendo também em conta a maximização do valor do Banco para os seus 'stakeholders'", lê-se no comunicado de Vítor Bento.
Esta quinta-feira, o Negócios escreve que o BES vai realizar um aumento de capital entre os 1.500 milhões e os 3.000 milhões de euros ara acomodar o impacto do colapso do Grupo Espírito Santo e de outras alegadas irregularidades cometidas sob a gestão de Ricardo Salgado. Problemas que deixaram o BES com um nível de solidez abaixo do mínimo exigido pelo Banco de Portugal (BdP).
O Governo já assegurou junto do BCE que há 6.400 milhões disponíveis para ajudar recapitalização do BES.