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Turismo europeu precisa de 375 mil milhões para recuperar

Ainda assim, em todos os Estados-membros, as empresas turísticas enfrentam "um enorme problema de liquidez e não vão sobreviver se não houver uma intervenção ou injeções de capital pelos Estados ou outros tipos de ajuda da UE", sublinha Eduardo Santander.

Pedro Catarino
26 de Abril de 2020 às 10:16
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A European Travel Commission (ETC), entidade europeia de turismo, estimou que o setor do turismo europeu necessite de 375 mil milhões de euros para recuperar da crise gerada pela covid-19 e para restabelecer as suas operações.

"As estimativas da União Europeia [UE] são à volta de 255 mil milhões de euros para ajudar os Estados-membros a recuperar a indústria e mais cerca de 120 mil milhões de euros para investimento extra, para ajudar os empreendedores e operadores a restabelecerem as suas operações", afirma em entrevista à agência Lusa o diretor executivo da ETC, Eduardo Santander.

Com o turismo europeu estagnado, devido às medidas restritivas adotadas pelos Estados-membros da UE para tentar conter a propagação da pandemia, incluindo com limitações nas viagens entre países, o responsável assinala que "o turismo passou de [uma atividade] de 100% para zero" e está hoje "reduzido a praticamente 10% do que era", dadas as perdas totais.

Eduardo Santander, que lidera a entidade responsável pela promoção e divulgação da Europa enquanto destino turístico e da qual faz parte o Turismo de Portugal, indica à Lusa que "tudo é igualmente afetado por a cadeia de valor do turismo estar interconectada".

"Desde as empresas de cruzeiros, passando por outros operadores e, em particular, pelas companhias aéreas, todos têm enormes perdas, com quedas entre 45% para as transportadoras aéreas - que fazem alguns outros serviços além de passageiros - e os 70% para hotéis e restaurantes", precisa o responsável espanhol.

Notando que em países como Portugal e Espanha "há agregados familiares que dependem do turismo, de forma direta ou indireta", Eduardo Santander estima que esta crise "se reflita num elevado desemprego" no setor a nível europeu.

E, numa alusão aos dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, o responsável alerta para que "podem estar em causa perdas de 10 milhões de postos de trabalho na Europa se a situação se mantém nos próximos meses".

Mais afetados, de acordo com o diretor da ETC, serão "os países onde o PIB [Produto Interno Bruto] está mais dependente do turismo, como é o caso da Grécia, Portugal, Espanha e Itália", sendo que, além disso, estes últimos foram particularmente afetados pelo novo coronavírus.

Ainda assim, em todos os Estados-membros, as empresas turísticas enfrentam "um enorme problema de liquidez e não vão sobreviver se não houver uma intervenção ou injeções de capital pelos Estados ou outros tipos de ajuda da UE", sublinha Eduardo Santander.

"E estamos a falar também de grandes companhias e não só da Europa do sul, estamos a falar, por exemplo, das companhias aéreas Lufthansa, TUI, grandes marcas alemãs, entre outras", elenca o responsável, apelando para "medidas extraordinárias" para financiar o setor, inclusive por parte da Comissão Europeia.

Outro apoio que, para Eduardo Santander, urge dar a estas empresas são garantias estatais em casos de cancelamento de férias ou de viagens, com os Estados-membros a assumirem o risco perante a emissão de 'vouchers' aos consumidores visando adiamentos ou futuros reembolsos.

"Sem liquidez, nenhuma empresa irá sobreviver, é uma questão de proteger o mercado", justifica, saudando as "medidas certas" que estão já a ser adotadas neste âmbito em Portugal.

Ainda assim, Eduardo Santander diz à Lusa que o setor começa a "ver alguma luz ao fundo do túnel", perante o levantamento faseado das restrições nas viagens dentro da Europa, argumentando que é preciso agora "lutar para recuperar a imagem" do turismo europeu, "para não só restabelecer a procura, como também para restabelecer a confiança entre futuros visitantes".

Sediada em Bruxelas, a ETC foi fundada em 1948, com Portugal como um dos membros fundadores, e é uma organização sem fins lucrativos composta por 33 organismos nacionais de promoção turística de países europeus.
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