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Turismo cresce quatro vezes mais do que a economia portuguesa
Pela primeira vez sabemos o verdadeiro peso do turismo na economia portuguesa: 7 em cada 100 euros produzidos vêm de actividades desse sector. Só Espanha depende mais do turismo para crescer.
Os sectores que estão relacionados com a actividade turística cresceram 10% no ano passado, o que representa um ritmo quatro vezes superior ao da economia portuguesa. Em 2016, este ramo de actividade tinha um peso de 7,1% produção nacional.
A conta satélite do turismo, publicada hoje pela primeira vez pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), conclui que o valor acrescentado bruto (VAB) gerado pelo turismo ascendeu a 11,5 mil milhões de euros em 2016, um resultado conseguido depois dois anos consecutivos de crescimento forte: 7,1% em 2015 e 9,9% em 2016. Estas variações anuais superam, em muito, o desempenho da economia nacional neste período. O VAB total avançou 3,6% e 2,7% em 2015 e 2016, respectivamente.
O resultado é um peso cada vez maior do turismo no tecido produtivo. De um peso de 6,5% em 2014, passou para 7,1% no ano passado.
Para o emprego, o INE apenas tem dados até 2015, mas também se observa algum dinamismo, com um crescimento de 4,2%. Neste momento, as empresas deste sector empregam quase 400 mil portugueses (9,1% dos empregos existentes no país).
Uma das críticas que se faz à maior dependência do turismo é a qualidade do emprego, nomeadamente o nível de remunerações. As conclusões neste campo são complexas. Por um lado, no total, os salários nos ramos do turismo até são mais elevados do que na generalidade da economia (2,4% mais altos). Por outro, em dois dos sectores mais representativos - restaurantes e hotéis - os salários são substancialmente mais baixos do que a média.
A conta satélite sublinha também o lugar de destaque que Portugal ocupa no espaço europeu no que diz respeito ao peso do turismo da economia. Embora nem todos os países tenham dados actualizados, aqueles que estão disponíveis mostram que só Espanha depende mais do turismo para o crescimento da sua economia. O país onde o turismo menos pesa é a Dinamarca, onde o VAB do turismo representa apenas 1,5% do total.
Mas afinal quais são os sectores do turismo? A pergunta parece trivial, mas não tem sido de resposta simples com os dados que existiam até hoje. O INE mostra agora que, embora mais de metade do VAB gerado venha dos restaurantes e da hotelaria, existem mais actividades a contribuir, como o transporte de passageiros e aluguer de equipamento de transporte. Quase 16% do VAB está em actividades não especificadas.
O que é o VAB?
O valor acrescentado bruto (VAB) representa a produção de riqueza em cada um dos sectores subtraído dos bens e serviços consumidos durante o processo. Por exemplo, é necessário comprar alumínio para fabricar uma lata de refrigerante. Esse custo é subtraído para se chegar ao VAB. A soma dos VAB's leva-nos até ao valor do produto interno bruto (PIB), depois de se somar os impostos líquidos e os subsídios.
(Notícia actualizada às 11:20 com mais informação)