Notícia
Economia portuguesa chega pouco produtiva ao pós-crise
A transferência de recursos na economia portuguesa para o sector dos serviços – com destaque para as actividades ligadas ao turismo – parece estar a penalizar a produtividade do país.
Sem o forte crescimento do turismo, o desemprego nunca estaria a cair a um ritmo tão veloz. Contudo, é precisamente devido ao engordar de sectores como esse e outros nos serviços que a produtividade nacional está a avançar a um ritmo tão desapontante desde que Portugal escapou à crise.
Essa é a conclusão de um estudo publicado há alguns dias no Barómetro das Crises, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Um dos autores, Nuno Teles, utiliza um modelo do Banco Mundial para avaliar as origens da estagnação da produtividade. As conclusões obrigam-nos a reflectir sobre o caminho que está a ser trilhado pela economia nacional.
"A economia portuguesa no pós-crise assenta sobretudo no crescimento de emprego em sectores tradicionalmente com pouco potencial de produtividade", explica Nuno Teles ao Negócios, notando que a transferência de recursos para esses ramos de actividade – com destaque para o turismo – está a penalizar a produtividade nacional.
Esta ideia não está isenta de polémica. É até contrária a um recente estudo do Banco de Portugal, que concluía que o problema da produtividade portuguesa estava na evolução do indicador em cada sector e não no peso de cada um na economia.
"Ao contrário do argumentado pelo Banco de Portugal, a mudança verificada na estrutura do emprego não parece configurar uma reafectação de recursos que esteja a promover ganhos de produtividade na economia. A reafectação do emprego presente aparenta indicar, isso sim, uma deslocação de recursos para sectores menos produtivos", pode ler-se no estudo.
Ou seja, houve uma destruição de emprego em ramos de actividade com elevados níveis de produtividade (como o financeiro) e a criação de postos de trabalho em áreas de produtividade mais baixa (como o comércio, a hotelaria e a restauração).
Este perfil de recuperação acarreta riscos. Se é verdade que "consegue operar o ‘milagre’ de um baixo crescimento económico com elevada criação de emprego", a sua contribuição depende da continuação do bom momento do turismo e "de elevadas taxas de desemprego que permitam uma continuada criação de emprego em condições precárias e com baixos salários".
No entanto, entre as notícias preocupantes, Nuno Teles encontra um desenvolvimento prometedor: "A indústria não só tem sido um sector com ganhos de produtividade e criação de emprego, como é um sector onde, graças ao progresso tecnológico, existe um maior potencial para o crescimento da produtividade", conclui o estudo.
Essa é a conclusão de um estudo publicado há alguns dias no Barómetro das Crises, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Um dos autores, Nuno Teles, utiliza um modelo do Banco Mundial para avaliar as origens da estagnação da produtividade. As conclusões obrigam-nos a reflectir sobre o caminho que está a ser trilhado pela economia nacional.
Esta ideia não está isenta de polémica. É até contrária a um recente estudo do Banco de Portugal, que concluía que o problema da produtividade portuguesa estava na evolução do indicador em cada sector e não no peso de cada um na economia.
"Ao contrário do argumentado pelo Banco de Portugal, a mudança verificada na estrutura do emprego não parece configurar uma reafectação de recursos que esteja a promover ganhos de produtividade na economia. A reafectação do emprego presente aparenta indicar, isso sim, uma deslocação de recursos para sectores menos produtivos", pode ler-se no estudo.
Ou seja, houve uma destruição de emprego em ramos de actividade com elevados níveis de produtividade (como o financeiro) e a criação de postos de trabalho em áreas de produtividade mais baixa (como o comércio, a hotelaria e a restauração).
Este perfil de recuperação acarreta riscos. Se é verdade que "consegue operar o ‘milagre’ de um baixo crescimento económico com elevada criação de emprego", a sua contribuição depende da continuação do bom momento do turismo e "de elevadas taxas de desemprego que permitam uma continuada criação de emprego em condições precárias e com baixos salários".
No entanto, entre as notícias preocupantes, Nuno Teles encontra um desenvolvimento prometedor: "A indústria não só tem sido um sector com ganhos de produtividade e criação de emprego, como é um sector onde, graças ao progresso tecnológico, existe um maior potencial para o crescimento da produtividade", conclui o estudo.