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Thomas Cook faliu. O que se segue?

O operador turístico britânico Thomas Cook abriu o processo de falência depois de não ter conseguido receber novas injeções de liquidez que permitissem a manutenção das operações. Esta falência afetou cerca de 600 mil turistas que estavam fora dos seus países e que agora precisam de ser repatriados.

23 de Setembro de 2019 às 11:33
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A Thomas Cook é um operador turístico britânico, um dos maiores do mundo e foi quem "inventou" os pacotes de férias. Após 178 anos de existência a Thomas Cook declarou falência, depois de ter falhado a injeção de novos fundos. 

 

A empresa ainda esteve em negociações com a Fosun, que em Portugal detém a Fidelidade e é a maior acionista do BCP, mas que está presente noutros setores, como o turismo, através do Club Med. Contudo, a entrada da Fosun acabou por não se concretizar e a Thomas Cook viu-se obrigada a declarar falência.

 

A Thomas Cook vai agora ser gerida por administradores de insolvência, que vão tentar vender ativos para conseguir angariar dinheiro para pagar aos credores. Em causa estão dívidas de cerca de 1,9 mil milhões de libras.

 

A Bloomberg explica que será a consultora Alix Partners a supervisionar a liquidação, enquanto a KPMG vai ajudar a gerir algumas subsidiárias da Thomas Cook.

 

Certo será que os acionistas da operadora turística terão perdido todo o seu investimento, enquanto os credores poderão receber uma parte das dívidas, através da venda de ativos. Ainda assim, a recuperação destes valores poderá demorar anos.

 

Como podem os turistas regressar a casa?

A falência da Thomas Cook deixa em terra cerca de 600 mil pessoas, que estavam de férias, fora do seu país, 150 mil dos quais são britânicos.

 

A BBC revela que, na Alemanha, um dos principais mercados da Thomas Cook, as companhias de seguros vão ajudar a organizar a solução para este colapso.

 

No Reino Unido o Departamento dos Transportes, que faz parte do Estado, está a organizar soluções e garante que os clientes britânicos vão ser repatriados "assim que possível".

 

Um dos problemas identificados por especialistas passa pela concorrência que se tornou muito forte neste mercado. A Thomas Cook "não estava preparada para o século XXI", salientou à BBC Simon Calder, especialista no setor de turismo. "Hoje qualquer pessoa pode fingir que é um agente de viagens. Têm acesso a todos os voos e lugares das companhias aéreas, às camas de hotéis, ao aluguer de carros em todo o mundo e conseguem" montar o seu próprio pacote de férias.

 

A Thomas Cook ainda começou a alienar lojas para tentar reduzir custos, tendo fechado 21 em março, mas continua a ter mais de 500 agências, o que representa custos bastante superiores aos registados pelas concorrentes que operam apenas online.

Mecanismos de apoio aos portugueses já foram acionados
No caso de Portugal, ainda não há dados disponíveis sobre quantos portugueses estão a ser afetados e quais as opções que têm para conseguirem regressar.

Ainda assim, o Governo garante estar "a acompanhar de perto e em permanência a situação da Thomas Cook e estão a ser feitos pontos de situação com as diversas regiões, em particular no Algarve e na Madeira, e com operadores turísticos, no sentido de apurar os efeitos da falência do operador turístico Thomas Cook em Portugal quer sobre os turistas, quer sobre as empresas portuguesas."

 

"No que toca a turistas portugueses que tenham adquirido pacotes da Thomas Cook, foram já acionados os mecanismos de informação e apoio ao consumidor", salienta a secretaria de Estado do Turismo.

 

Como é que a Thomas Cook entrou em falência?

O pedido de insolvência acontece meses depois de negociações que tentavam evitar este desfecho. A Thomas Cook e a Fosun estariam próximas de fechar um acordo no valor de 1,1 mil milhões de dólares. Este plano incluía a injeção de novo capital e uma conversão de títulos de dívida por ações, o que faria com que a Fosun Tourism ficasse com a maioria do capital da operadora turística.

As negociações com a Fosun falharam depois de os bancos terem exigido uma linha de crédito adicional de 200 milhões de libras para aprovarem o plano.

 

Perdas avultadas em bolsa

As ações da Thomas Cook estão suspensas de negociação, mas só este ano acumulam uma descida de 89%, já que o cenário de falência não surgiu como uma surpresa, bem pelo contrário. Na sexta-feira, com o intensificar dos receios de colapso, os títulos afundaram quase 23%.

 

Já esta segunda-feira, as obrigações perderam mais de dois terços do seu valor. E se os detentores de ações sabem que o dinheiro investido terá de ser dado como perdido, já os obrigacionistas vão tentar recuperar parte do investimento.

Thomas Cook é apenas "mais uma"

Nos últimos anos, as notícias sobre a falência de empresas ligadas ao setor do turismo têm sido recorrentes.

 

No setor da aviação, a alemã Air Berlin entrou em insolvência em 2017- a islandesa Wow Air fechou em novembro, depois de não ter conseguido concretizar uma fusão com a Icelandair. E, mais recentemente, a francesa Aigle Azur anunciou que vai deixar de operar no final de setembro. Em outubro de 2017 a Monarch Airlines seguiu os mesmos passos. E em 2018 foi a empresa de construção Carillion, que operava neste setor.

 

A falência da Thomas Cook em números:

- A falência da Thomas Cook afeta 22.000 funcionários, dos quais 9.000 correspondem ao Reino Unido.

- As autoridades terão agora que organizar um repatriamento de cerca de 600.000 turistas em todo o mundo, incluindo 150.000 para a Grã-Bretanha.

- A operação de repatriamento começa hoje e dura até 6 de outubro. Estima-se que será necessário o dobro dos esforços feitos em 2017, aquando do colapso da companhia aérea Monarch.

- A empresa, que lutava contra dificuldades financeiras há alguns anos, vendia pacotes turísticos para 19 milhões de clientes em todo o mundo.

- Existem 51 destinos afetados em cerca de 16 países onde o grupo operava.

-O grupo britânico registou no ano passado perdas avaliadas em 1.500 milhões de libras (cerca de 1.680 milhões de euros), correspondentes ao primeiro semestre do ano fiscal.

- A Thomas Cook, fundada em 1841 no condado inglês de Leicestershire, tinha previsto assinar esta semana um pacote de resgate com o seu maior acionista, o grupo chinês Fosun, estimado em 900 milhões de libras (1.023 milhões de euros), mas tal foi adiado pela exigência dos bancos de que o grupo tivesse novas reservas para o inverno.

- O grupo possui 105 aeronaves e 200 hotéis e complexos hoteleiros com a sua marca.

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