Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Lufthansa com voos ecológicos equivale a metade da produção elétrica alemã, diz CEO

"Precisaríamos de cerca de metade da eletricidade da Alemanha para criar combustíveis sustentáveis suficientes", disse o CEO da Lufthansa, Carsten Spohr.

O conselho de supervisão da Lufthansa já aprovou o pacote de resgate apresentado pelo Governo alemão. Falta a aprovação dos acionistas.
Fabrizio Bensch/Reuters
25 de Setembro de 2023 às 16:35
  • ...
Metade de toda a produção de electricidade da Alemanha. Este seria o preço a pagar pela Lufthansa, a maior companhia aérea alemã, para mudar o atual consumo de combustíveis fósseis de toda a sua frota para combustíveis sustentáveis para a aviação (SAF - Sustainable Aviation Fuel, no original, em inglês), como por exemplo o biocombustível conhecido como querosene verde, alertou esta segunda-feira o CEO da empresa Carsten Spohr, citado pela Bloomberg.

O responsável destacou o grande desafio que é a redução de emissões poluentes provenientes do transporte aéreo, depois do Parlamento Europeu ter aprovado uma nova lei com o objetivo de aumentar o uso de SAF nas próximas décadas. O calendário que os eurodeputados classificaram como "ambicioso" obriga os aeroportos europeus e também os fornecedores de combustíveis das companhias aéreas a garantir que, "a partir de 2025, pelo menos 2% dos combustíveis de aviação serão ecológicos".

Por estes dias, no aeroporto alemão de Frankfurt, considerado o maior do mundo em termos de movimentação de carga e um dos mais movimentados da Europa, um dos enormes depósitos de combustíveis visíveis das pistas de aterragem já é 100% dedicado ao SAF. 

No entanto, o CEO da Lufthansa adverte que, embora os combustíveis sintéticos fabricados com recurso a energias renováveis sejam o melhor caminho futuro para descarbonizar a aviação, dificilmente haverá electricidade verde suficiente na Alemanha para gerá-los. 
 
"Precisaríamos de cerca de metade da eletricidade da Alemanha para criar combustíveis sustentáveis suficientes", disse Spohr numa conferência sobre aviação em Hamburgo, acrescentando, ironicamente: "Eu não acho que o Sr. Habeck me vá dar isso", disse Carsten Spohr, referindo-se diretamente ao ministro alemão da Energia. 

De acordo com a Bloomberg, a indústria da aviação está neste momento a trabalhar para criar uma versão neutra em carbono do atual querosene usado na maioria das aeronaves modernas. No entanto, e tal como acontece no  processo de produção do hidrogénio verde através da eletrólise, também o querosene verde exige o consumo de "enormes quantidades de eletricidade gerada a partir de recursos renováveis para garantir a sua neutralidade carbónica". 

Para já, os combustíveis sustentáveis para a aviação são vistos pelos líderes da maiores companhias aéreas do mundo, como o CEO da Lufthansa, como "a única forma tecnicamente viável para descarbonizar as viagens aéreas".

De acordo com o cronograma de Bruxelas, que quer 2% combustíveis ecológicos na aviação em 2025, depois dessa data, esta percentagem aumentará a cada cinco anos, segundo o plano de Bruxelas: para 6% em 2030; 20% em 2035; 34% em 2040, 42% em 2045 e 70% em 2050.

"Além disso, uma percentagem específica do mix energético do setor - 1,2% em 2030, 2% em 2032, 5% em 2035 e 35% em 2050 - deve também incluir combustíveis sintéticos, como o e-querosene", refere o Parlamento Europeu. Estas regras serão aplicáveis a partir de 1 de janeiro de 2024, com a UE a estrear um "rótulo ecológico" para voos em 2025.

"Este é um passo tremendo rumo à descarbonização da aviação. O ReFuelEU é uma grande oportunidade para posicionar a UE como líder mundial na produção e utilização de combustíveis de aviação sustentáveis", disse o eurodeputado espanhol José Díaz. A nova lei europeia determina que o SAF engloba combustíveis sintéticos, biocombustíveis produzidos a partir de resíduos agrícolas, florestais, algas, biorresíduos, óleos alimentares usados e gorduras animais, e também combustíveis reciclados a partir de gases de tratamento de resíduos e de resíduos de plástico.

Em Portugal, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, assumiu este ano que quer a TAP na "pole position" para usar combustível sustentável, tendo em conta o "número interessante de projetos para produzir este combustível" já em curso no país.

Uma das empresas à frente dessa corrida é a Galp, que tem planos para descarbonizar a sua refinaria de Sines através do hidrogénio verde, que servirá também para produzir combustíveis descarbonizados. Esta segunda-feira, a petrolífera anunciou ter tomado a decisão final de investimento de 400 milhões de euros que permitirá criar unidade de biocombustíveis avançados com capacidade de produção de 270 mil toneladas por ano, em parceria com a Mitsui, e a instalação de 100MW de eletrolisadores para produção de hidrogénio verde. Prevê-se que as duas novas unidades comecem a operar até ao final de 2025. 

Esta unidade produzirá diesel renovável (hydrotreated vegetable oil - HVO) e combustível sustentável para a aviação (Sustainable Aviation Fuel - SAF) a partir de resíduos usados, permitindo uma redução das emissões de gases com efeito estufa em cerca de 800 mil toneladas anuais, comparativamente às alternativas fósseis disponíveis.
Ver comentários
Saber mais Carsten Spohr Lufthansa Alemanha Parlamento Europeu Lufthansa Sustainable Aviation Fuel SAF Bruxelas economia negócios e finanças energias alternativas energia transportes aviação
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio