Notícia
Lufthansa com voos ecológicos equivale a metade da produção elétrica alemã, diz CEO
"Precisaríamos de cerca de metade da eletricidade da Alemanha para criar combustíveis sustentáveis suficientes", disse o CEO da Lufthansa, Carsten Spohr.
Metade de toda a produção de electricidade da Alemanha. Este seria o preço a pagar pela Lufthansa, a maior companhia aérea alemã, para mudar o atual consumo de combustíveis fósseis de toda a sua frota para combustíveis sustentáveis para a aviação (SAF - Sustainable Aviation Fuel, no original, em inglês), como por exemplo o biocombustível conhecido como querosene verde, alertou esta segunda-feira o CEO da empresa Carsten Spohr, citado pela Bloomberg.
O responsável destacou o grande desafio que é a redução de emissões poluentes provenientes do transporte aéreo, depois do Parlamento Europeu ter aprovado uma nova lei com o objetivo de aumentar o uso de SAF nas próximas décadas. O calendário que os eurodeputados classificaram como "ambicioso" obriga os aeroportos europeus e também os fornecedores de combustíveis das companhias aéreas a garantir que, "a partir de 2025, pelo menos 2% dos combustíveis de aviação serão ecológicos".
Por estes dias, no aeroporto alemão de Frankfurt, considerado o maior do mundo em termos de movimentação de carga e um dos mais movimentados da Europa, um dos enormes depósitos de combustíveis visíveis das pistas de aterragem já é 100% dedicado ao SAF.
No entanto, o CEO da Lufthansa adverte que, embora os combustíveis sintéticos fabricados com recurso a energias renováveis sejam o melhor caminho futuro para descarbonizar a aviação, dificilmente haverá electricidade verde suficiente na Alemanha para gerá-los.
"Precisaríamos de cerca de metade da eletricidade da Alemanha para criar combustíveis sustentáveis suficientes", disse Spohr numa conferência sobre aviação em Hamburgo, acrescentando, ironicamente: "Eu não acho que o Sr. Habeck me vá dar isso", disse Carsten Spohr, referindo-se diretamente ao ministro alemão da Energia.
De acordo com a Bloomberg, a indústria da aviação está neste momento a trabalhar para criar uma versão neutra em carbono do atual querosene usado na maioria das aeronaves modernas. No entanto, e tal como acontece no processo de produção do hidrogénio verde através da eletrólise, também o querosene verde exige o consumo de "enormes quantidades de eletricidade gerada a partir de recursos renováveis para garantir a sua neutralidade carbónica".
Para já, os combustíveis sustentáveis para a aviação são vistos pelos líderes da maiores companhias aéreas do mundo, como o CEO da Lufthansa, como "a única forma tecnicamente viável para descarbonizar as viagens aéreas".
De acordo com o cronograma de Bruxelas, que quer 2% combustíveis ecológicos na aviação em 2025, depois dessa data, esta percentagem aumentará a cada cinco anos, segundo o plano de Bruxelas: para 6% em 2030; 20% em 2035; 34% em 2040, 42% em 2045 e 70% em 2050.
"Além disso, uma percentagem específica do mix energético do setor - 1,2% em 2030, 2% em 2032, 5% em 2035 e 35% em 2050 - deve também incluir combustíveis sintéticos, como o e-querosene", refere o Parlamento Europeu. Estas regras serão aplicáveis a partir de 1 de janeiro de 2024, com a UE a estrear um "rótulo ecológico" para voos em 2025.
"Este é um passo tremendo rumo à descarbonização da aviação. O ReFuelEU é uma grande oportunidade para posicionar a UE como líder mundial na produção e utilização de combustíveis de aviação sustentáveis", disse o eurodeputado espanhol José Díaz. A nova lei europeia determina que o SAF engloba combustíveis sintéticos, biocombustíveis produzidos a partir de resíduos agrícolas, florestais, algas, biorresíduos, óleos alimentares usados e gorduras animais, e também combustíveis reciclados a partir de gases de tratamento de resíduos e de resíduos de plástico.
Em Portugal, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, assumiu este ano que quer a TAP na "pole position" para usar combustível sustentável, tendo em conta o "número interessante de projetos para produzir este combustível" já em curso no país.
Uma das empresas à frente dessa corrida é a Galp, que tem planos para descarbonizar a sua refinaria de Sines através do hidrogénio verde, que servirá também para produzir combustíveis descarbonizados. Esta segunda-feira, a petrolífera anunciou ter tomado a decisão final de investimento de 400 milhões de euros que permitirá criar unidade de biocombustíveis avançados com capacidade de produção de 270 mil toneladas por ano, em parceria com a Mitsui, e a instalação de 100MW de eletrolisadores para produção de hidrogénio verde. Prevê-se que as duas novas unidades comecem a operar até ao final de 2025.
Esta unidade produzirá diesel renovável (hydrotreated vegetable oil - HVO) e combustível sustentável para a aviação (Sustainable Aviation Fuel - SAF) a partir de resíduos usados, permitindo uma redução das emissões de gases com efeito estufa em cerca de 800 mil toneladas anuais, comparativamente às alternativas fósseis disponíveis.
O responsável destacou o grande desafio que é a redução de emissões poluentes provenientes do transporte aéreo, depois do Parlamento Europeu ter aprovado uma nova lei com o objetivo de aumentar o uso de SAF nas próximas décadas. O calendário que os eurodeputados classificaram como "ambicioso" obriga os aeroportos europeus e também os fornecedores de combustíveis das companhias aéreas a garantir que, "a partir de 2025, pelo menos 2% dos combustíveis de aviação serão ecológicos".
No entanto, o CEO da Lufthansa adverte que, embora os combustíveis sintéticos fabricados com recurso a energias renováveis sejam o melhor caminho futuro para descarbonizar a aviação, dificilmente haverá electricidade verde suficiente na Alemanha para gerá-los.
"Precisaríamos de cerca de metade da eletricidade da Alemanha para criar combustíveis sustentáveis suficientes", disse Spohr numa conferência sobre aviação em Hamburgo, acrescentando, ironicamente: "Eu não acho que o Sr. Habeck me vá dar isso", disse Carsten Spohr, referindo-se diretamente ao ministro alemão da Energia.
De acordo com a Bloomberg, a indústria da aviação está neste momento a trabalhar para criar uma versão neutra em carbono do atual querosene usado na maioria das aeronaves modernas. No entanto, e tal como acontece no processo de produção do hidrogénio verde através da eletrólise, também o querosene verde exige o consumo de "enormes quantidades de eletricidade gerada a partir de recursos renováveis para garantir a sua neutralidade carbónica".
Para já, os combustíveis sustentáveis para a aviação são vistos pelos líderes da maiores companhias aéreas do mundo, como o CEO da Lufthansa, como "a única forma tecnicamente viável para descarbonizar as viagens aéreas".
De acordo com o cronograma de Bruxelas, que quer 2% combustíveis ecológicos na aviação em 2025, depois dessa data, esta percentagem aumentará a cada cinco anos, segundo o plano de Bruxelas: para 6% em 2030; 20% em 2035; 34% em 2040, 42% em 2045 e 70% em 2050.
"Além disso, uma percentagem específica do mix energético do setor - 1,2% em 2030, 2% em 2032, 5% em 2035 e 35% em 2050 - deve também incluir combustíveis sintéticos, como o e-querosene", refere o Parlamento Europeu. Estas regras serão aplicáveis a partir de 1 de janeiro de 2024, com a UE a estrear um "rótulo ecológico" para voos em 2025.
"Este é um passo tremendo rumo à descarbonização da aviação. O ReFuelEU é uma grande oportunidade para posicionar a UE como líder mundial na produção e utilização de combustíveis de aviação sustentáveis", disse o eurodeputado espanhol José Díaz. A nova lei europeia determina que o SAF engloba combustíveis sintéticos, biocombustíveis produzidos a partir de resíduos agrícolas, florestais, algas, biorresíduos, óleos alimentares usados e gorduras animais, e também combustíveis reciclados a partir de gases de tratamento de resíduos e de resíduos de plástico.
Em Portugal, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, assumiu este ano que quer a TAP na "pole position" para usar combustível sustentável, tendo em conta o "número interessante de projetos para produzir este combustível" já em curso no país.
Uma das empresas à frente dessa corrida é a Galp, que tem planos para descarbonizar a sua refinaria de Sines através do hidrogénio verde, que servirá também para produzir combustíveis descarbonizados. Esta segunda-feira, a petrolífera anunciou ter tomado a decisão final de investimento de 400 milhões de euros que permitirá criar unidade de biocombustíveis avançados com capacidade de produção de 270 mil toneladas por ano, em parceria com a Mitsui, e a instalação de 100MW de eletrolisadores para produção de hidrogénio verde. Prevê-se que as duas novas unidades comecem a operar até ao final de 2025.
Esta unidade produzirá diesel renovável (hydrotreated vegetable oil - HVO) e combustível sustentável para a aviação (Sustainable Aviation Fuel - SAF) a partir de resíduos usados, permitindo uma redução das emissões de gases com efeito estufa em cerca de 800 mil toneladas anuais, comparativamente às alternativas fósseis disponíveis.