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Fabricante chinesa vai passar a competir com Boeing e Airbus

Chama-se Comac e tem fortes ligações diplomáticas ao regime de Pequim, que desde 2008 já injetou 79 mil milhões de dólares na fabricante. O CEO da Airbus reconhece que o segmento deve passar a ser disputado em "triopólio".

Reuters
08 de Julho de 2021 às 14:10
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A fabricante de aviões comerciais chinesa Comac está cada vez mais perto de receber aprovação do Governo chinês para realizar os primeiros voos comerciais. Quando acontecer, a fabricante fortemente ligada a Pequim por laços políticos e de financiamento deve competir com as líderes de mercado no setor: Boeing e Airbus.

Constituída através da indústria aérea militar chinesa em 2008, a Comac insere-se num projeto ambicioso do Governo chinês de entrar na competição pela liderança do setor da aeronaves comerciais. Ao todo, o "think thank" do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais dos Estados Unidos estima que Pequim tenha já investido cerca de 72 mil milhões na empresa, o que revela a vontade e a capacidade de investimento necessárias para uma entrada em grande no setor.

Apesar de ainda só ter um modelo praticamente pronto a descolar, a aeronave de baixa capacidade C919, a fabricante conta já com cerca de 1.000 encomendas e opções de compra efetuadas sobretudo por clientes dentro da China, segundo o Financial Times.

Ainda de acordo com o jornal, o modelo chinês fica bastante aquém das versões mais recentes do A320 da Airbus ou da família 737 da Boeing (modelos comparáveis) em termos de eficiência.

David Yu, um especialista no financiamento de companhias aéreas na China Aviation Valuation Advisors e professor na Universidade de Xangai ouvido pelo FT, acredita que as encomendas precoces poderão estar ligadas ao estatuto da empresa dadas as suas ligações com Pequim. O especialista avança que ainda que embora as transportadoras chinesas não estejam "explicitamente obrigadas" a comprar o modelo "está seguro de que houve uma forte sugestão" por parte do Governo.

Apesar de ainda nem squer estar autorizada a descolar com passageiros, a Comac é já vista como uma futura competidora, mesmo pelos atuais líderes de mercado. Guillaume Faury, o CEO da Airbus, afirmou recentemente que "vamos provavelmente passar de um duopólio para um triopólio, pelo menos nos aviões mais pequenos", em referência ao mercado da aviação civil.

A procura por aeronaves de curto curso, como o C919, tem vindo a aumentar na China que está em rota para se tornar no maior mercado para a aviação do mundo. A Boeing prevê que seja adquiridas pelas companhias chinesas 8.600 novas aeronaves nos próximos 20 anos.

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