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CEO da TAP: "Alexandra Reis tinha um desalinhamento na implementação da reestruturação"

A CEO da TAP responde às perguntas dos deputados sobre a saída e indemnização de Alexandra Reis. Christine Ourmières-Widener recebe bónus em 2025 se cumprir o plano de reestruturação.

A CEO da TAP Christine Ourmières Widener na Comissão de Economia em janeiro de 2023.
José Sena Goulão/Lusa
18 de Janeiro de 2023 às 11:08
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Christine Ourmières-Widener afirma que Alexandra Reis tinha um "desalinhamento em decisões ligadas ao plano de reestruturação".

A CEO da TAP responde às perguntas dos deputados na comissão parlamentar de Economia a propósito da saída de Alexandra Reis da administração da companhia. 

Falando da saída da administradora que viria a ser secretária de Estado do Tesouro e que recebeu uma indemnização de 500 mil euros, a presidente executiva da transportadora deu um exemplo desse desalinhamento: "tínhamos de decidir o orçamento para 2022 e o plano não previa o aumento da procura previsto pela IATA. Tínhamos de ajustar essa previsão e aumentar a oferta para 90%. Foi uma discussão difícil. Mas foi uma boa decisão e os resultados vão mostrar isso", afirmou.

"O caso de Alexandra Reis é uma situação excecional", garantiu.

Nesse processo, o interlocutor da companhia foi o secretário de Estado das Infraestruturas, que saiu do executivo na sequência da polémica, afirmou. A CEO confirmou que o contacto com o governo era feito com Hugo Mendes, sendo que a administração da companhia apenas contactava com o Ministério das Infraestruturas: "Não estive em contacto direto com o ministro das Finanças", disse, acrescentando que a coordenação com o gabinete de Fernando Medina era feita pelo Ministério das Infraestruturas.

A autorização para a indemnização de 500 mil euros dada a Alexandra Reis foi dada pelo secretário de Estado das Infraestruturas, confirmou, acrescentando que presumiu que a aprovação da indemnização foi coordenada com as Finanças. A gestora garantiu ainda que as decisões e comunicações nesse processo estão registadas por escrito.

Devolução da indemnização não está posta de parte

A TAP não coloca de parte exigir a devolução da indemnização de Alexandra Reis, admitiu a presidente executiva. "Vamos esperar pelo resultado [da auditoria da IGF] e cumprir as recomendações. É cedo para dizer quais serão as consequências porque não temos as conclusões. Atuaremos em conformidade". E na penúltima declaração que fez numa audição de cerca de quatro horas, admitiu que "se algum dinheiro tiver de ser devolvido, cumpriremos isso digilentemente".

A CEO garante que não conhece outros casos de membros da administração cujos contratos tenham cláusulas que permitam indemnizações semelhantes.

Christine Ourmières-Widener garantiu que o seu papel "enquanto CEO é certificar-me que temos sucesso. O plano é difícil. Preciso de uma equipa completamente alinhada", disse.

"Somos gestores públicos"

Christine Ourmières-Widener admite que os elementos da administração da companhia aérea são gestores públicos, mas "quando discutimos o acordo com Alexandra Reis talvez isso devesse ter sido melhor explicado", admitiu, deixando claro que a indemnização terá sido negociada fora dos limites do estatuto do gestor público.

Sobre a saída de Alexandra Reis - incluindo a indemnização e de quem partiu a iniciativa - a CEO da TAP nunca respondeu objetivamente. Apesar da muito insistência por parte de vários deputados, a gestora afirmou que a administração "seguiu a orientação dos advogados [da SRS, contratados pela TAP como assessores jurídicos neste caso]. A investigação [da Inspeção-Geral das Finanças] vai olhar para isso mas é a única resposta que tenho a dar", apontou.

Ourmières-Widener avançou que "não se recorda" de alguma vez a questão do estatuto do gestor público ter sido referida pelos advogados da SRS. O primeiro-ministro já disse que as regras impostas a gestores públicos terão sido pelo menos em parte violadas por Alexandra Reis, quando a gestora aceitou ir para a NAV, momento em que deveria ter devolvido parte da indemnização que recebeu da TAP.

A gestora disse ainda desconhecer outros casos de saídas da TAP com indemnizações de valor significativo.

Comunicado à CMVM "foi escrito palavra por palavra pelo nosso consultor externo"

Questionada sobre a legalidade da saída de Alexandra Reis, Ourmières-Widener garantiu que o processo foi conduzido por consultores externos e que a TAP se limitou a seguir as indicações que lhes foram sugeridas por essa entidade, que mais tarde identificou como sendo a SRS.

Quanto ao comunicado à CMVM que indicava que Alexandra Reis saía por vontade própria, o documento "foi escrito palavra por palavra pelo nosso consultor externo".

CEO não se demite e recebe bónus se cumprir plano

Questionada pelos deputados, Ourmières-Widener avançou que irá receber um bónus, que não quantificou, se o plano de reestruturação for cumprido em pleno. "Está no meu contrato", afirmou.

A gestora garantiu ainda que o caso Alexandra Reis não a levou a ponderar a demissão: "Tenho condições para ser CEO porque tenho agido de boa-fé", afirmou, insistindo que a companhia demonstrou isso mesmo ao contratar "aconselhamento jurídico e solicitar o Governo a autorização para a indemnização".

A presidente executiva da companhia aérea tem aproveitado as respostas para repetir que os resultados de 2022 estarão entre "os melhores de sempre" da empresa.

Na intervenção inicial, a CEO da transportadora avançou que o aumento do preço do combustível devido à guerra na Ucrânia teve um impacto negativo de 330 milhões de euros nas contas.

Christine Ourmières-Widener avançou ainda que o ataque informático à empresa custou mais de 5 milhões de euros.
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