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PT: Oi avança com auditoria para apurar "todos os factos" da compra de dívida do GES
Depois do inquérito interno da PT, a compra de dívida da Rioforte vai ser alvo de mais uma auditoria. A Oi alega que está à espera há mais de um mês por mais explicações da PT mas que até hoje, "nenhuma das questões remetidas foi respondida".
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Quem é que na Portugal Telecom aprovou a compra de 900 milhões de euros de dívida do Grupo Espírito Santo? Esta é a resposta que a operadora de telecomunicações brasileira Oi quer apurar.
A Oi publicou um anúncio de duas páginas no jornal Expresso desta sexta-feira, 15 de Agosto, onde assume que pretende "aprofundar e melhor compreender, dentre outras coisas, operações das empresas com suas partes relacionadas".
Desta forma, a operadora brasileira vai avançar com uma auditoria para apurar quem tem responsabilidades na aprovação da compra de papel comercial do GES.
"A Oi está contratando uma auditoria contabilística e jurídica para rever todos os factos que envolvem a aplicação financeira realizada na Rioforte, assim como outros que possam estar vinculados com a operação em questão", pode ler-se na nota de esclarecimento.
Além do relatório interno da PT, e da auditoria da Oi que ainda está para começar, já estão em curso duas auditorias externas, uma da PricewaterhouseCoopers, e outra da CMVM.
A nota publicada hoje no Expresso é assinada por Otávio Azevedo e Fernando Portella, os dois representantes da Oi no conselho de administração da Portugal Telecom que bateram com a porta após se terem sentido "desconfortáveis" por não terem sido informados da operação, e por só terem tido conhecimento da mesma através da imprensa.
Mas há mais na nota de esclarecimento. O nome de Zeinal Bava não é mencionado por uma única vez, mas surgem várias críticas à actual administração da PT, onde Henrique Granadeiro ocupa o cargo de presidente-executivo até final de Setembro.
Uma delas surge no ponto 12, onde os gestores brasileiros apontam que no dia 7 de Julho a Oi "enviou nova correspondência à PT SGPS pedindo explicações mais detalhadas sobre os investimentos na Rioforte. No entanto, até à data de hoje, nenhuma das questões remetidas foi respondida".
Mais à frente, Otávio Azevedo e Fernando Portella colocam o ónus da compra pela PT de 900 milhões de euros em dívida ao GES em Henrique Granadeiro e em Luís Pacheco de Melo, presidente executivo e director financeiro da empresa portuguesa, respectivamente.
"As dúvidas sobre quem autorizou e assinou a operação da Rioforte pela Portugal Telecom SGPS parecem ter se tornado absolutamente claras e transparentes diante do conflito de informações por ela prestadas nos seus comunicados do dia 30 de Junho e de 7 de Agosto. Esclarecidas ainda mais pelos factos trazidos a público na edição do jornal Expresso do dia 13/08."
Ora, no dia 30 de Junho foi quando a PT comunicou oficialmente ao mercado que tinha comprado a dívida do GES. Este documento tinha a assinatura de Henrique Granadeiro e de Luís Pacheco de Melo.
No dia 7 de Agosto, Henrique Granadeiro anuncia a sua demissão e a PT vem a público convocar uma assembleia-geral de accionistas para Setembro. No comunicado publicado na CMVM, a PT vem dizer que "nem o Conselho de Administração nem a Comissão Executiva aprovaram ou discutiram" as aplicações de tesouraria na Rio Forte, antes das mesmas terem sido "veiculadas na comunicação social".
Por último, o Expresso publicou no dia 13 de Agosto o relatório interno da PT. Aqui fica claro que foi Henrique Granadeiro que deu a ordem a Pacheco de Melo para comprar a dívida do GES.
Henrique Granadeiro assumiu sobre si "a responsabilidade de tudo o que se passou, acrescentado que tinha sido ele próprio que tinha instruído o administrador Luís Pacheco de Melo para ir ao BES resolver o tema e contratar a operação", diz o relatório interno da PT, citado pelo jornal Expresso.