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Isabel dos Santos usou dinheiro da Unitel para dividir controlo da Nos
A operadora móvel angolana financiou a filha do antigo Presidente angolano em 360 milhões, dinheiro que Isabel dos Santos usou para comprar uma posição de controlo na Zon e criar a Nos com a Optimus, avança este domingo o Público.
Isabel dos Santos recorreu sete vezes aos cofres da Unitel SA entre Maio de 2012 e Agosto de 2013 para garantir os financiamentos que lhe permitiram construir um pequeno império de telecomunicações com participações em empresas em Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Segundo vários contratos entre a Unitel SA e a Unitel International Holdings, a que o Público teve acesso, quatro dos financiamentos realizados entre Maio e Outubro de 2012, no valor de 177,8 milhões de euros, tiveram como finalidade a compra de 58 milhões de acções da Zon, o que lhe permitiu passar a controlar 28,8% do capital.
Um outro empréstimo, de 145 milhões de euros, foi usado para concretizar a fusão entre a Zon e a Optimus que no Verão de 2013 deu origem à Nos. Isabel dos Santos é dona de metade do capital da ZOPT (os outros 50% são do grupo Sonae), sociedade que controla 52,15% da Nos.
Segundo escreve o Público, a sociedade tomadora dos empréstimos chamava-se inicialmente Jadeium e depois Unitel International Holdings, detida por Isabel dos Santos. A entidade financiadora era sempre a Unitel SA, onde Isabel dos Santos detém 25% do capital e é presidente do conselho de administração. O restante capital, repartido em partes iguais, pertence à Sonangol, Geni (grupo de investidores angolanos) e PT Ventures (agora pertencente à Oi).
"Olhando para os diversos acordos de crédito a que o Público teve acesso, é difícil dizer onde acaba a Unitel SA e começa o universo empresarial de Isabel dos Santos", diz o artigo. "Isabel dos Santos tanto assina em representação da entidade que pede emprestado (primeiro a Jadeium e depois a Unitel International Holdings), como do lado da entidade que financia (a Unitel SA)".
O jornal questionou Isabel dos Santos sobre se os empréstimos já teriam sido reembolsados, mas não obteve resposta. Fonte da Unitel afirmou que "todos os empréstimos e transacções financeiras são legítimos e legais e reflectidos nos relatórios de contas da Unitel e encontram-se devidamente auditados pelo auditor externo PwC".
A Oi tem um curso um processo arbitral na Câmara de Comércio Internacional de Paris para obrigar a Unitel a pagar 665 milhões de dividendos em falta, num total de 2800 milhões de indemnizações. No entender da empresa brasileira os financiamentos mencionados são "transacções irregulares" e foram realizados em condições "muito mais vantajosas que aquelas praticadas no mercado".