Notícia
Isabel dos Santos sai da administração da Unitel
A empresária angolana anunciou em comunicado que decidiu deixar o cargo de administradora da companhia de telecomunicações, onde chegou a ser presidente.
Isabel dos Santos deixou a administração da operadora de telecomunicações angolana Unitel, anunciou a empresária em comunicado.
"Após 20 anos dedicados à criação, ao desenvolvimento e ao sucesso da Unitel, optei por deixar o cargo de membro do conselho de administração da empresa", refere uma nota enviada por Isabel dos Santos à imprensa.
Isabel dos Santos foi uma das fundadoras da operadora de telecomunicações angolana. Durante os anos em que liderou a empresa foram realizados "mais de 5 mil milhões de dólares" em investimento no desenvolvimento de redes e serviços da operadora, relembra.
Agora, "no momento de uma nova página na história desta grande empresa angolana de tecnologia onde hoje 99.9% dos trabalhadores e técnicos são angolanos", a empresária considera que "este órgão da empresa deve ser ocupado por pessoas dedicadas e com um espírito de equipa, comprometidas com o trabalho rigoroso e produtivo, no interesse da empresa e dos seus colaboradores e clientes", lê-se no mesmo comunicado emitido esta terça-feira, 11 de agosto.
O anúncio da saída de Isabel dos Santos acontece poucos dias depois de a empresária a operadora angolana terem trocado acusações sobre uma alegada dívida da Unitel à Vidatel - controlada por Isabel dos Santos.
Num comunicado citado pela Lusa, no final de julho, a Vidatel rebateu as notícias que davam conta de que a filha do antigo presidente angolano, José Eduardo dos Santos, teria aproveitado a sua posição acionista na operadora para transferir, sem justificativos, fundos para as contas da Vidatel em Portugal.
Ora, segundo a empresa controlada por Isabel dos Santos, "não há nem nunca houve" transferências injustificadas da Unitel para a Vidatel ou para contas pessoais de Isabel dos Santos, pois as que foram feitas são relativas "a dividendos autorizados pela Assembleia Geral da Unitel e a salários, conforme estipulado em contratos de trabalho e de mandato".
Além disso, acusou a Unitel de ter "dívidas para com a Vidatel Ltd cuja existência se deve a razões unicamente imputáveis" à operadora de telecomunicações. Em causa está a falta de reembolso, em 2016, do empréstimo que a Unitel obteve junto da Vidatel, uma dívida que "está devidamente registada nas contas auditadas da Unitel, certificadas por auditor externo, e reconhecidas e aprovadas pela Assembleia Geral dos acionistas durante vários anos", garantiu no mesmo comunicado.
Em resposta, a Unitel negou existência de dívida a Isabel dos Santos, mas admitiu dividendos por pagar.
"Inexiste qualquer contrato de suprimentos da acionista Vidatel com a Unitel", refere a empresa de telecomunicações num comunicado enviado à Lusa, negando que a empresa de Isabel dos Santos tenha garantido um empréstimo à sociedade.
A Unitel reconhece, no entanto, ter dividendos a pagar aos acionistas, entre os quais a Vidatel, mas refere que os motivos para as transferências desses montantes não terem sido realizadas lhe são alheios.
A Unitel é detida pela Sonangol, que atualmente controla a empresa com 50% do capital, depois de ter comprado a participação de 25% da PT Ventures (controlada pela brasileira Oi), pela Vidatel da empresária Isabel dos Santos, que detém outros 25%, e pela Geni, do general Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento, com os restantes 25%. A 26 de janeiro, a Sonangol comprou a posição da PT Ventures, por mil milhões de dólares (900 milhões de euros) tornando-se a maior acionista da operadora angolana.
(notícia atualizada às 10H27 com mais informação)