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Isabel dos Santos sai da administração da Unitel

A empresária angolana anunciou em comunicado que decidiu deixar o cargo de administradora da companhia de telecomunicações, onde chegou a ser presidente.

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Miguel Baltazar
11 de Agosto de 2020 às 09:57
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Isabel dos Santos deixou a administração da operadora de telecomunicações angolana Unitel, anunciou a empresária em comunicado.

"Após 20 anos dedicados à criação, ao desenvolvimento e ao sucesso da Unitel, optei por deixar o cargo de membro do conselho de administração da empresa", refere uma nota enviada por Isabel dos Santos à imprensa.

No mesmo documento, a empresária que está a ser investigada no caso Luanda Leaks, justifica a sua saída com o facto de "numa altura em que a economia angolana e o mercado das telecomunicações atravessam condições económicas particularmente adversas", parecer "contraproducente e irresponsável permitir que um clima de conflito permanente e de politização sistemática dos administradores se instale no conselho de administração da empresa, fruto das relações entre acionistas".

Isabel dos Santos foi uma das fundadoras da operadora de telecomunicações angolana.  Durante os anos em que liderou a empresa foram realizados "mais de 5 mil milhões de dólares" em investimento no desenvolvimento de redes e serviços da operadora, relembra.  

Agora, "no momento de uma nova página na história desta grande empresa angolana de tecnologia onde hoje 99.9% dos trabalhadores e técnicos são angolanos", a empresária considera que "este órgão da empresa deve ser ocupado por pessoas dedicadas e com um espírito de equipa, comprometidas com o trabalho rigoroso e produtivo, no interesse da empresa e dos seus colaboradores e clientes", lê-se no mesmo comunicado emitido esta terça-feira, 11 de agosto.

O anúncio da saída de Isabel dos Santos acontece poucos dias depois de a empresária a operadora angolana terem trocado acusações sobre uma alegada dívida da Unitel à Vidatel - controlada por Isabel dos Santos.

Depois de refutar as acusações de ter recebido transferências injustificadas da Unitel, Isabel dos Santos garantiu antes ser credora da operadora de telecomunicações que alegadamente não terá devolvido um empréstimo que obteve junto da acionista Vidatel , que detém 25% da Unitel.

Num comunicado citado pela Lusa, no final de julho, a Vidatel  rebateu as notícias que davam conta de que a filha do antigo presidente angolano, José Eduardo dos Santos, teria aproveitado a sua posição acionista na operadora para transferir, sem justificativos, fundos para as contas da Vidatel  em Portugal.

Ora, segundo a empresa controlada por Isabel dos Santos, "não há nem nunca houve" transferências injustificadas da Unitel para a Vidatel ou para contas pessoais de Isabel dos Santos, pois as que foram feitas são relativas "a dividendos autorizados pela Assembleia Geral da Unitel e a salários, conforme estipulado em contratos de trabalho e de mandato".

Além disso, acusou a Unitel de ter  "dívidas para com a Vidatel Ltd cuja existência se deve a razões unicamente imputáveis" à operadora de telecomunicações. Em causa está a falta de reembolso, em 2016, do empréstimo que a Unitel obteve junto da Vidatel, uma dívida que "está devidamente registada nas contas auditadas da Unitel, certificadas por auditor externo, e reconhecidas e aprovadas pela Assembleia Geral dos acionistas durante vários anos", garantiu no mesmo comunicado.

Em resposta, a Unitel negou existência de dívida a Isabel dos Santos, mas admitiu dividendos por pagar.

"Inexiste qualquer contrato de suprimentos da acionista Vidatel com a Unitel", refere a empresa de telecomunicações num comunicado enviado à Lusa, negando que a empresa de Isabel dos Santos tenha garantido um empréstimo à sociedade.

A Unitel reconhece, no entanto, ter dividendos a pagar aos acionistas, entre os quais a Vidatel, mas refere que os motivos para as transferências desses montantes não terem sido realizadas lhe são alheios.

A Unitel é detida pela Sonangol, que atualmente controla a empresa com 50% do capital, depois de ter comprado a participação de 25% da PT Ventures (controlada pela brasileira Oi), pela Vidatel da empresária Isabel dos Santos, que detém outros 25%, e pela Geni, do general Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento, com os restantes 25%. A 26 de janeiro, a Sonangol comprou a posição da PT Ventures, por mil milhões de dólares (900 milhões de euros) tornando-se a maior acionista da operadora angolana.

(notícia atualizada às 10H27 com mais informação)

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