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Unitel nega existência de dívida a Isabel dos Santos mas admite dividendos por pagar

A Unitel negou esta quinta-feira a existência de uma suposta dívida para com a Vidatel, de Isabel dos Santos, que acusa a operadora de telecomunicações de não ter devolvido um empréstimo que obteve junto da empresa em 2016, mas reconhece ter dividendos por pagar.

Isabel dos Santos montou o seu quartel-general em Londres.
Miguel Baltazar
30 de Julho de 2020 às 20:22
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"Inexiste qualquer contrato de suprimentos da acionista Vidatel com a Unitel", refere a empresa de telecomunicações num comunicado enviado à Lusa, negando que a empresa de Isabel dos Santos tenha garantido um empréstimo à sociedade.

O documento surge depois de, na segunda-feira, a empresária angolana ter garantido que a Unitel SA "tem dívidas para com a Vidatel Ltd cuja existência se deve a razões unicamente imputáveis" à operadora de telecomunicações.

Em causa estará, alega, a falta de reembolso, em 2016, do empréstimo que a Unitel obteve junto da Vidatel, uma dívida que "está devidamente registada nas contas auditadas da Unitel, certificadas por auditor externo, e reconhecidas e aprovadas pela Assembleia Geral dos acionistas durante vários anos".

A Vidatel acrescenta que "irá ao abrigo da Lei e do acordo parassocial celebrado entre os vários acionistas da Unitel, efetuar esta clarificação" junto da própria operadora.

No entanto, no comunicado da Unitel, a empresa rejeita "qualquer contrato de suprimentos da acionista Vidatel" e assinala que o relatório de gestão e as contas relativas ao exercício económico de 2019 "foram auditadas e aprovadas em assembleia-geral realizada no passado dia 27 de julho de 2020".

A Unitel reconhece, no entanto, ter dividendos a pagar aos acionistas, entre os quais a Vidatel, mas refere que os motivos para a não transferências desses montantes lhe são alheios.

"Conforme devidamente registado" nas contas aprovadas esta semana, a empresa tinha, à data de 31 de dezembro de 2019, "um saldo de dividendos e juros associados a pagar a acionistas no montante total de 622.908 milhões de kwanzas [952,3 milhões de euros ao câmbio atual], dos quais à acionista Vidatel tem a pagar 89.164.341.798 kwanzas [136 milhões de euros ao câmbio atual]", indica a empresa angolana

A nota refere ainda que "as razões para a não transferência dos referidos dividendos e juros à Vidatel são alheias à Unitel", recordando também as restrições decorrentes da ordem de arresto presente num despacho-sentença emitido pelo tribunal provincial de Luanda em dezembro de 2019.

O conselho de administração da Unitel, que iniciou funções em maio de 2019, diz que "tem trabalhado para assegurar que os acionistas sejam tratados de forma igual perante a lei" e que "tem prestado toda a informação relevante aos seus acionistas".

A Unitel acrescenta ainda que nas contas aprovadas dia 27 de julho registou que tem um "valor a receber equivalente a 405 milhões de dólares [342 milhões de euros] da Unitel Internacional Holdings BV., sociedade sem participação da Unitel e detida pela engenheira Isabel dos Santos".

Segundo a empresa, este valor diz respeito a "empréstimos concedidos pela Unitel nos anos de 2012 e 2013".

"Tais valores ainda não foram quitados e o atual conselho de administração da Unitel tem atuado de forma a buscar o devido pagamento dos juros e principal de tais contratos", sublinha a nota.

A Unitel era, até janeiro deste ano, controlada por quatro acionistas, cada um dos quais com 25%: a PT Ventures (detida pela brasileira Oi), a petrolífera estatal Sonangol, a Vidatel (de Isabel dos Santos) e a Geni (do general Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento).

A Sonangol procedeu, a 26 de janeiro à compra integral da PT Ventures, por mil milhões de dólares (900 milhões de euros) tornando-se a maior acionista da operadora angolana.

Em dezembro do ano passado Luanda, o tribunal de Luanda decretou o arresto preventivo de contas e participações sociais de Isabel dos Santos, do seu marido Sindika Dokolo, e do seu gestor Mário Filipe Moreira Leite da Silva, ex-presidente do Conselho de Administração do Banco de Fomento de Angola (BFA).

Entre as empresas que foram alvo de arresto das participações inclui-se a Unitel.

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