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Consolidação? Altice está “aberta a oportunidades”
A CEO da Altice Portugal admite analisar oportunidades “que façam sentido” mas salienta que “dificilmente” o regulador deixaria a empresa adquirir outra operação. O aumento de preços em Portugal é inferior ao europeu, sublinha Ana Figueiredo. O custo por pessoa é de “um café por dia”.
A Altice Portugal não coloca de parte a possibilidade de analisar cenários de consolidação. A hipótese foi admitida pela presidente executiva da empresa num encontro com jornalistas nesta quinta-feira.
“Do ponto de vista regulatório dificilmente nos deixariam adquirir outra operação”, salienta Ana Figueiredo, mas a CEO afirma que “se houver oportunidade e fizer sentido do ponto de vista estratégico, operacional económico e financeiro, estamos sempre abertos a explorar novas oportunidades”.
Já quando o terreno de jogo é o europeu, a CEO não duvida que o movimento de concentração veio para ficar, “devido à pressão sobre as margens e à pressão do investimento”. “É normal que vejamos cada vez mais movimentos de consolidação na indústria. Está a acontecer em Portugal [com a compra da Nowo pela Vodafone], em Espanha e no Reino Unido e vão provavelmente multiplicar-se a nível europeu”, afirmou. E isso deverá acontecer mesmo que Bruxelas não tenha, até agora, simpatizado com a ideia, sustenta: “A Europa não tem sido muito favorável a movimentos de consolidação, mas creio que, devido a estes fatores, a não querermos que esta indústria perca competitividade e à necessidade que a Europa tem na transição digital, a consolidação do setor vai ocorrer ‘sim ou sim’”, disparou.
“É como acrescentar uma faixa à autoestrada todos os anos”
No ano passado, o tráfego de internet cresceu 27%, o que trouxe exigências adicionais. Cerca de 70% foi gerado por plataformas de “streaming”, videojogos e redes sociais e os operadores têm de ter capacidade de resposta, tornando as redes mais robustas, salientou a CEO. Usando uma analogia com o setor da construção, Ana Figueiredo explicou que “seria como acrescentar uma faixa à autoestrada todos os anos”. A CEO sublinhou que em Portugal o setor investe 19% da receita.
A presidente da empresa apontou também metas para o futuro, incluindo a de aumentar – de 30% para 40% – o número de mulheres em cargos de liderança até 2030.
Preço de “um café” por dia
Ana Figueiredo aproveitou para abordar a polémica em torno do aumento dos preços. Em janeiro, a empresa informou os clientes sobre uma subida, a partir de fevereiro, de 7,8% – em linha com a inflação de 2022 – e a CEO sublinhou que “a atualização é feita apenas na mensalidade e não nos outros componentes da fatura”, como é o caso dos canais “premium”. Ana Figueiredo defende que a empresa “não fez nada de diferente do que foi feito na Europa”, e que Portugal foi “dos países em que o aumento foi mais baixo”.
A líder da Altice Portugal salientou que o custo de algumas matérias primas subiu muito mais: “O preço do aço cresceu 40%”, destacou, “e preciso de aço para o 5G”.
O setor, realçou, “não tem contribuído para a inflação”, sendo, “pelo contrário, uma indústria deflacionária”. E exemplificou com o preço do serviço M4O, que “em 2013 custava 79,99 euros e hoje custa 67 euros e tem mais serviços. Os dados no telemóvel, por exemplo, cresceram 25 vezes, de 200 MB para 5GB. A gestora mostrou cálculos que mostram que, em média, cada cliente paga 70 cêntimos por dia pelos serviços de telecomunicações . “É um café”, afirmou.
Questionada sobre as afirmações do presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) – que considerou as fidelizações “um embuste” – Ana Figueiredo sublinhou que os clientes da Altice “têm a opção de subscrever serviços sem fidelização”. Desafiada a comentar de forma mais abrangente o mandato de Cadete de Matos – que tem tido uma relação tensa com os operadores – a CEO sublinhou que “o mais importante é que exista uma agenda regulatória clara que permita o investimento”, e que “existam canais de comunicação e diálogo”. “É do diálogo que surgem soluções”, disse.