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Anacom desafia operadores a serem "criativos" para concorrer com Digi
A presidente da Anacom acredita que a chegada da Digi a Portugal "trará espaço para que as oportunidades sejam maiores do que os riscos". Presidentes executivos da Altice Portugal, Nos e Vodafone Portugal defendem que não há espaço para mais de três operadores e que o caminho passará pela consolidação.
A presidente da Anacom, Sandra Maximiano, vê com bons olhos a entrada de um novo "player" no setor das telecomunicações em Portugal. Na sua intervenção no congresso da APDC, relembrou que está para "breve" a entrada da romena Digi. E face a esta mudança no setor, espera que este passo leve a uma "reação criativa e competitiva" da Meo, Nos e Vodafone.
"Sei que haverá receios da parte dos operadores, mas ao contrário dos media, a procura por conectividade tem expansão", sublinhou. Por isso, a presidente do regulador acredita que a chegada da Digi "trará espaço para que as oportunidades sejam maiores do que os riscos".
Sandra Maximiano, que assumiu a presidência do regulador há 5 meses pela "vontade de construir uma regulação independente e aberta ao diálogo com os stakehloders como os consumidores e operadores" - lembrou ainda que os preços das telecomunicações têm subido a um ritmo superior face à média da União Europeia.
E dando o exemplo dos preços dos pacotes de telecomunicações, comentou que tem a perceção de falta de concorrência no mercado.
Logo de seguida, no painel do Estado da Nação das telecomunicações, estas afirmações foram refutadas e criticadas por parte dos presidentes executivos das três principais operadoras: Meo, Nos e Vodafone Portugal.
A CEO da Altice Portugal, incumbente do setor, defendeu que a empresa tem sido "criativa". E lembrou que a dona da Meo foi "o operador mais desafiado com novos entrantes".
Todos os gestores sublinharam que ainda não é conhecido o posicionamento da Digi para Portugal, apesar de esta quarta-feira a empresa romena ter revelado que a oferta de televisão também faz parte dos planos, além do móvel e internet. Em outros países, a operadora tem agitado o setor com preços bastante competitivos obrigando os concorrentes a baixar os tarifários. Todos os operadores estão, assim, expectantes, mas têm dúvidas de que haja espaço para todos.
"É evidente que não pode haver mais de três operadores, não vale a pena irmos pelos populismos dos preços", apontou o CEO da Nos. Aliás, para Miguel Almeida "o único caminho para o setor passa pela consolidação", não pela entrada de novos players. Por isso, defende que a entrada de um novo operador não é benéfico para o país", apelando à criação de condições "para incentivar consolidações".
Já o CEO da Vodafone Portugal não partilha da mesma posição no que toca à tendência dos movimentos de consolidação. "Aparentemente, em Portugal não pode haver consolidações. Por isso, estou em desacordo com o Miguel Almeida porque há aqui um precedente que se está a abrir sobre esta matéria", lamentou Luís Lopes, referindo-se ao sentido de decisão de não aprovação da compra da Nowo pela Vodafone Portugal.
Voltanto ao tema da entrada da Digi, Luís Lopes lembrou que há vários anos o tema também foi debatido com a OniWay, "operador que acabou por nunca entrar porque se concluiu que o mercado não tinha escala para este número de redes".
Quanto à perceção da presidente da Anacom sobre a falta de concorrência, o CEO da Vodafone refuta liminarmente. "Discordo que não haja concorrência neste mercado e gostava de desmistificar este ponto. O que existe é uma concorrência quase instantânea" às campanhas promocionais das concorrentes.
(Notícia atualizada às 18h33)