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O sucesso da Netflix, interesses acionistas e "fake news" não travam “bom negócio” dos media

Os presidentes de alguns dos principais grupos portugueses elencaram os principais desafios do setor no Estado da Nação dos media no congresso da APDC. E sugerem reforço dos poderes do regulador para poder controlar interesses acionistas 'encapotados'.

Pedro Catarino
15 de Maio de 2024 às 16:52
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O setor dos media tem sido obrigado a reinventar-se constantemente nos últimos anos e a rivalizar com gigantes como a Amazon ou a Netflix. Apesar disso, os líderes de alguns dos principais grupos do setor em Portugal mantêm-se e otimistas e olham para os media como "um bom negócio".  Foi esta a mensagem que os líderes da RTP, Impresa, Media Capital e Medialivre - dona do Jornal de Negócios  - passaram durante o debate do Estado da Nação dos media no 33º congresso da APDC.


O streaming tem sido um dos principais obstáculos aos canais televisivos. E para Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, "só há um vencedor neste mundo do streaming que é a Netflix". Já segundo Pedro Morais Leitão, CEO da dona da TVI/CNN, uma das principais preocupações é o crescimento da Amazon. Apesar da gigante norte-americana ser parceira da Media Capital em algumas áreas, o gestor alerta que o impacto que tem, tendo em conta todas as áreas de negócio a nível global, pode fazer ‘tremer’ o setor dos media em termos concorrenciais.


Questionados sobre como conseguir um negócio sustentável face à crise do setor, o CEO da Medialivre, Luís Santana, defendeu que "a gestão tem sempre responsabilidade no fim da linha". Porém, instado a comentar o caso específico da Global Media - que detém o DN e TSF -  destacou que "também há decisões de base editorial responsáveis pela degradação" das empresas. 


"Não é possível nós imaginarmos que haja grupos saudáveis se não houver por trás as melhores práticas de gestão", reforçou Luís Santana. E deu o exemplo da Medialivre que se prepara para lançar um novo canal de televisão, o Now. "Há grupos, como a Medialivre, que estão financeiramente preparados para enfrentar as adversidades que falámos, sejam as plataformas anteriores, de streaming ou outra forma que venha a configurar-se", assegurou.


Francisco Pedro Balsemão defendeu ainda que ao contrário do que "muitos disseram" durante a greve dos jornalistas e da crise da Global Media, "os media são um bom negócio. E temos aqui a prova do lançamento do novo canal" do grupo que além do Jornal de Negócios tem títulos como a Sábado, Record ou Correio da Manhã. "Mas nós [Impresa] também estamos a fazer coisas. Naturalmente que estamos  a diversificar a procura de oportunidades", sublinhou o CEO da dona da SIC e do Expresso.


No que toca aos casos de interesses acionistas nos media,  Francisco Pedro Balsemão comentou, lamentando, que "há pessoas que entram neste negócio pela pior maneira". 


Como se pode resolver estas situações, como por exemplo o caso do empresário português que detém os jornais "Sol" e "i" ter recebido alegadamente  45 milhões  de euros do Estado húngaro para comprar a Euronews? "É para isso que temos  um regulador", apontou o CEO da Impresa, referindo-se à ERC, admitindo que "se calhar, o regulador precisa de ter mais instrumentos ao seu dispor" para conseguir controlar este tipo de casos.


O tema das "fake news", que tem sido galvanizado pelas redes sociais, foi outro dos temas abordados durante o debate e cosiderado prioritário pelo setor. Mas face ao crescimento exponencial, é unânime que será um obstáculo difícil de ultrapassar.
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