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Governo aprova programa para “não ficar para trás” nas competências digitais
O novo plano de ação envolve várias áreas governativas, da educação à administração pública. Costa avisa que não bastam “os que estão na linha da frente”, sendo preciso reconverter profissionais e envolver os reformados.
O Governo vai aprovar no próximo Conselho de Ministros um programa de ação para a sociedade digital, que António Costa apresentou como "um desafio que tem de mobilizar" as tutelas da educação, ciência, tecnologia e ensino superior, trabalho, modernização da administração pública e economia.
O primeiro-ministro sublinhou que o país "não [parte] do zero" e em alguns domínios até está numa "boa posição" face aos parceiros europeus, dando o exemplo da utilização dos serviços públicos online, em que está apenas atrás da Estónia e da Finlândia, ou do número de recém licenciados em engenharia, que "tem sido fundamental para atrair investimento estrangeiro".
Na sessão de abertura da 3.ª Conferência do Fórum Permanente para as Competências Digitais - INCoDe.2030, na Alfândega do Porto, o chefe do Executivo reconheceu, porém, que o país "ainda [tem] muito para andar, sobretudo no elemento mais importante, que são os recursos humanos". Esta é a área em que tem verificado mais progressos, mas também o indicador em que mais diverge da média comunitária.
"Não podemos vencer só com os que estão na linha da frente e deixar os outros para trás. Seria dramático [para os segundos] e um peso insuportável [para os primeiros]. Temos de nos centrar nos jovens que estão no sistema de ensino, mas também trabalhar com os que estão no mercado de trabalho e mesmo com os que, tendo já saído, não podem estar excluídos porque têm de ter um envelhecimento ativo e saudável", resumiu.
Reconhecendo que "sem competências avançadas que permitam extrair todas as oportunidades que a sociedade digital oferece, Portugal arrisca-se a ficar para trás", António Costa adiantou, sem contabilizar, que este plano terá "metas ambiciosas" ao nível da reconversão profissional para novas áreas de especialização, como a programação.
O governante assinalou ainda a "falta de coincidência" entre os perfis dos postos de trabalho que vão desaparecer e dos que serão necessários na sequência desta revolução tecnológica em curso. Um aspeto "fundamental para a coesão social", insistiu, assegurando que a digitalização será um dos temas centrais da presidência portuguesa da União Europeia, de 1 de janeiro a 30 de junho de 2021.
Intolerância à espera e nas idas a serviços públicos
Também presente nesta iniciativa, que vai juntar ao longo do dia especialistas nacionais e internacionais, formadores, docentes e vários representantes do Governo, o ministro da Economia reconheceu que vai ser necessário "fazer um esforço muito grande para dar maior literacia digital a toda a sociedade". O plano estará focado nas pessoas, nas empresas e na administração pública, e haverá novidades ao nível da regulamentação da nova sociedade digital.
"Os serviços públicos digitais são áreas em que Portugal se destaca. A chave móvel digital está a crescer e é um exemplo de capacidade de mudança na administração pública, tal como as compras públicas eletrónicas. Mas numa sociedade que se impacienta se não consegue resolver coisas básicas num clique, cada vez será mais intolerante para esperas e deslocações físicas a serviços públicos. Não estará à altura do desafio se não conseguir adaptar-se a isso", concluiu Pedro Siza Vieira.