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CEO da Huawei: Se a China retaliar contra a Apple “serei o primeiro a protestar”

O CEO da Huawei adotou, em entrevista à Bloomberg, um tom desafiador perante sanções de Donald Trump. Acredita que a China não vai retaliar contra a Apple e rejeita ter roubado tecnologia aos EUA. "Estamos à frente dos EUA. Se estivéssemos atrás, não haveria necessidade de Trump nos atacar tenazmente."

29 de Maio de 2019 às 15:41
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O fundador da Huawei Technologies, Ren Zhengfei, adotou um tom desafiador perante as sanções dos Estados Unidos que ameaçam a sobrevivência da sua empresa.

 

Numa entrevista à Bloomberg Television, o bilionário fundador da maior empresa de tecnologia da China admitiu que as restrições da administração Trump sobre as exportações da Huawei vão afetar a liderança de dois anos que a empresa construiu meticulosamente sobre concorrentes como a Ericsson e a Nokia. Mas a empresa planeia ou aumentar a sua própria oferta de chips ou encontrar alternativas para manter a sua vantagem no mercado de smartphones e tecnologia 5G.

 

Na semana passada, Trump disse que a Huawei poderia ser incluída num acordo de comércio entre os EUA e China, despertando rumores de que a empresa estaria a ser usada como moeda de troca nas negociações. Mas Ren disse que não é político. "É uma grande piada", gozou. "Qual é a nossa relação com o comércio entre a China e os EUA?".

 

Se Trump ligar, "vou ignorá-lo, então com quem é que poderá negociar? Se me ligar, talvez não atenda. Mas ele não tem o meu número."

 

Na verdade, Ren não atacou Trump, a quem tinha chamado de "um grande presidente" há apenas alguns meses. "Vejo os seus tweets e acho ridículo, porque são contraditórios", brincou. "Como é que ele se tornou um mestre da arte do acordo?".

 

Pequim tem opções. Alguns especulam que a China poderá retaliar contra as medidas aplicadas à da Huawei - que podem ser ampliadas e incluir algumas das mais promissoras empresas de inteligência artificial -, barrando grandes empresas dos Estados Unidos nos seus próprios mercados. A Apple poderá perder quase um terço do seu lucro se a China proibir os seus produtos, segundo estimativas de analistas do Goldman Sachs.

 

Ren disse que seria contra qualquer ação contra a sua concorrente americana.

 

"Primeiro, isso não vai acontecer. E, se acontecer, serei o primeiro a protestar", disse Ren durante a entrevista. "A Apple é a minha professora, está na liderança. Como estudante, porque é que iria contra o meu professor? Nunca."

 

Sobre as acusações de Trump de que a empresa estaria a ajudar Pequim em práticas de espionagem, Ren responde: "Roubei as tecnologias americanas do amanhã. Os EUA nem sequer têm estas tecnologias", disse. "Estamos à frente dos EUA. Se estivéssemos atrás, não haveria necessidade de Trump nos atacar tenazmente."

 

Em 17 de maio, os EUA incluíram a Huawei na sua lista negra - acusando a empresa de ajudar Pequim em práticas de espionagem - e baniu o grupo chinês de importar programas e componentes americanos necessários para o fabrico dos seus produtos. A proibição barra a expansão da maior fornecedora mundial de equipamentos de rede e segunda maior fabricante de smartphones, mesmo quando se preparava para fazer parte da vanguarda da tecnologia global.

 

Ren afirma que a Huawei tem capacidade de criar as suas próprias soluções – é uma questão de tempo. A empresa tem desenvolvido os próprios chips há anos, que agora usa em muitos dos seus próprios smartphones. Está até a desenvolver o seu próprio software operacional para ser executado em telemóveis e servidores. O CEO, no entanto, esquivou-se de perguntas sobre a rapidez com a qual a Huawei poderá substituir os componentes com fabrico próprio. Não atingir o objetivo poderá afetar a divisão de consumo, em rápido crescimento, e até mesmo minar novas iniciativas, como os seus servidores em nuvem.

 

Ren, que em questão de meses passou de empresário recluso a especialista em media, atualmente trava uma batalha para salvar a empresa de 100 mil milhões de dólares que fundou. O bilionário, de 74 anos, saiu da reclusão virtual após a prisão da filha mais velha e diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, resultado de uma investigação mais ampla contra a empresa.

 

(Texto original: Billionaire Huawei Founder Defiant in Face of Existential Threat)

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