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Anúncios associados a conteúdo extremista geram crise na Google
Grupos extremistas penetraram a segurança da Google e associaram o seu conteúdo a grandes marcas mundiais. Por essa razão, empresas como a Sky, a Vodafone, a BBC, HSBC, LOreal e a Audi deixaram de anunciar no Google.
O chefe de operações europeias da Google pediu desculpas publicamente aos seus anunciantes após uma crise que se reflectiu na associação de anúncios de grandes marcas a conteúdos extremistas no YouTube, algo que forçou inúmeras empresas, como a Marks e Spencer e a Havas, a retirar os seus anúncios do Google, avança o Financial Times.
Grupos extremistas penetraram a segurança da Google e associaram o seu conteúdo a grandes marcas mundiais. Por essa razão, a Google está a ser questionada pela indústria da publicidade e pelo governo sobre como pretende impedir que os anúncios das marcas fiquem associados a material extremista na internet.
Uma grande quantidade de empresas, da área da publicidade e departamentos governamentais, retiraram os seus anúncios do Google e do site de vídeos do YouTube, segundo refere o The Guardian. Desta situação são exemplo a empresa Sky, a Vodafone, a Havas, a BBC, HSBC, L’Oreal e a Audi que adicionaram os seus nomes a uma lista crescente de empresas que retiraram os seus anúncios da Google e que vem a aumentar desde o fim-de-semana.
Numa semana onde Matt Brittin, presidente de operações da Google para a região Emea (Europa, Médio Oriente e África), e Mark Howe, executivo da Google, também terão de explicar a sua relação com o governo, o seu desafio passa por enfrentar uma série de perguntas das agências de comunicação sobre a razão que levou os anúncios dos seus clientes a serem associados a vídeos extremistas, incluindo ao ex-líder do Ku Klux Klan, David Duke, entre outras personalidades que proclamam o ódio.
As principais agências de publicidade foram rápidas a reagir e a francesa Havas, que contém clientes como O2 e Royal Mail, parou de anunciar na semana passada. Publicis, a terceira maior empresa de publicidade do mundo, também já alertou que estava a repensar a sua relação com a Google e o YouTube.
Assim, segundo avança o Financial Times, Matt Brittin, na conferência Advertising Week Europe, a qual conta com a participação de grandes empresas do mundo da publicidade, iniciou o seu discurso com um pedido de desculpas. "Pedimos desculpas. Quando algo assim acontece assumimos a responsabilidade por isso", diz Matt Brittin.
O presidente da Google para a região EMEA afirmou que as ferramentas e políticas da empresa funcionam bem "na maioria das situações", referindo que o que aconteceu foi um pequeno "boicote" e que os ganhos envolvidos foram "apenas uns tostões", dado os poucos anúncios envolvidos, sublinha o mesmo órgão.
Os anúncios ajudam a pagar aos YouTubers, sendo que por cada mil visualizações os utilizadores ganham cerca de 6 libras (aproximadamente 7 euros). Deste modo, segundo estimado pelo The Guardian, este "boicote" à Google poderá ter valido 250 mil libras (288 mil euros) aos extremistas.
Porém, segundo adianta o executivo da Google, a verdade é que "precisamos de melhorar".
Segundo o The Guardian, Ronan Harris, director-geral do Google UK, disse que a Google ouviu, "por parte dos nossos anunciantes e das agências, que podemos fornecer maneiras mais simples e mais eficazes para impedir que os anúncios sejam exibidos junto de conteúdo controverso".
Actualmente, o Google só analisa conteúdo que é marcado como inadequado pelos seus utilizadores. Segundo a empresa, o enorme volume de vídeo carregado no YouTube – 400 horas por minuto – é a razão pela qual não é possível fiscalizar todo o conteúdo das suas plataformas, sublinha o Financial Times.
Desta forma, a Google afirmou que aceleraria o seu processo de fiscalização e alteraria as suas políticas de anúncios, bem como a forma de controlo e colocação da publicidade nas suas plataformas.
"Temos um estudo em andamento sobre como podemos melhorar. E estamos a acelerar esse processo de revisão", acrescentou Matt Brittin. A Google vai investir na segurança e melhorar o controlo da colocação de anúncios, tal como reforçará a revisão do conteúdo duvidoso. Segundo avança o Financial Times, ainda esta semana serão lançados mais detalhes sobre estas mudanças tecnológicas a realizar pela empresa.