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Adclick cria "holding" para autonomizar negócios

A tecnológica que controla sites e redes sociais em todo o mundo arrumou os quatro projectos para "precaver conflitos de interesses". A sede mantém-se no UPTEC, que integra um programa para dar escala às start-ups do Porto.

UPTEC
21 de Janeiro de 2016 às 19:24
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A tecnológica portuguesa Adclick constituiu uma "holding" para autonomizar os dois novos projectos que nasceram recentemente dentro da empresa em áreas complementares e que passa a incluir também a participada no Brasil, criada na sequência de uma missão empresarial a São Paulo, organizada há cinco anos pela AICEP.

Com a criação dessas várias entidades surgiu "a necessidade de estruturar o grupo e dividir os negócios". "Em vez de a Adclick ser a mãe das outras empresas, passam todas elas a ser irmãs", explicou a directora financeira do Impacting Group, Ana Silva, detalhando que "não há pessoas em comum envolvidas e estão em escritórios separados".

É que os novos projectos lançados a partir desta empresa de marketing digital precisavam também de uma autonomia formal "para dar confiança ao mercado, evitar questões de concorrência e precaver conflitos de interesse", uma vez que algumas dessas novas ferramentas são vendidas e utilizadas por empresas concorrentes da Adclick.

A formação da "holding" começou a ser delineada em 2014 aquando do lançamento da Wondeotec, uma plataforma de email marketing, que foi a primeira "spin off". A segunda foi criada em Junho de 2015, chama-se Smarkio e é uma plataforma de integração e optimização de marketing e vendas, que pode ser usada "por qualquer empresa que faça o mesmo que a Adclick". É o exemplo dado por Ana Silva para que faça "sentido que [os projectos] sejam separados e todas as empresas clientes a possam usar com mais confiança".

A quarta empresa incluída no Impacting Group é a Adclick Brasil, que é "quase uma extensão" naquele país. Começou a exportar a partir de Portugal, mas devido ao regime fiscal decidiu constituir lá a operação. É do outro lado do Atlântico que estão 40 das 130 pessoas que trabalham no grupo, que facturou cerca de dez milhões de euros no ano passado e tem na sua carteira de clientes marcas como a Green Peace, Banco Itaú, Cofidis, EDP e Galp.

De expatriados a patrões

Criada em 2007 por três engenheiros (dois industriais e o outro de informática), a Adclick contribuiu com 6,5 milhões de euros para as vendas do grupo, sendo 72% provenientes de clientes estrangeiros. No total, a empresa sediada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) opera em mais de uma dezena de países e controla perto de 100 "websites" e comunidades sociais em todo o mundo. Em 2013 foi incluída num ranking realizado pela Deloitte como uma das 50 tecnológicas com maior crescimento na região Europa, Médio Oriente e África.

Nuno Morais, Pedro Roque e Cláudio Fernandes. São estes os nomes dos três sócios fundadores, que trabalhavam no estrangeiro quando detectaram uma falha no mercado português ao nível dos motores de comparação de preços de um mesmo produto disponível em diferentes lojas online. Arrancaram com duas pessoas a tempo inteiro, mas logo no ano seguinte, ao perceberem que não estava a crescer ao ritmo esperado, mudaram o foco do negócio para aproveitar outras oportunidades na Internet, nomeadamente no web marketing.



As três empresas portuguesas do Impacting Group estão localizadas no pólo tecnológico do UPTEC – tem três outros direccionados para as áreas criativas, da biotecnologia e do mar –, que desde o arranque, em 2007, já apoiou o desenvolvimento de mais de 370 projetos empresariais.

Segundo os dados fornecidos ao Negócios por fonte oficial do UPTEC, tem actualmente 167 projectos empresariais instalados: 30 pré-incubados, 88 empresas incubadas, 31 centros de inovação e 18 projetos âncora. Já graduou 36 empresas e, no total, já foram criados 1.800 postos de trabalho altamente qualificados no âmbito desta estrutura ligada à Universidade do Porto.

Um estudo realizado pela Faculdade de Economia do Porto (FEP) com dados de 2012 e um universo de 79 empresas, que está agora a ser actualizado, mostrou que o parque dirigido pela engenheira agrónoma Clara Gonçalves teve um impacto no PIB de 31,85 milhões de euros e de 6,25 milhões de euros nas receitas fiscais, com 47% do volume de negócios das empresas a ser realizado em 120 países no estrangeiro.

Clara Gonçalves, directora executiva do UPTEC
Clara Gonçalves, directora executiva do UPTEC

Tal como a Adclick no pólo de tecnologia, o NCREP - Consultoria em Reabilitação do Edificado e Património é outra das empresas âncora do UPTEC, integrando esta o pólo criativo localizado no centro do Porto. Esta empresa de engenharia que testa sismos na Baixa lisboeta e a resistência das caves de vinho do Porto, teve recentemente o primeiro projecto de internacionalização ao ganhar um concurso do Banco Mundial para reabilitar duas aldeias no Butão.

Lançada em Março de 2009 com o apoio do UPTEC, onde beneficiou de um espaço com tudo incluído a preço reduzido, a Blip é uma das 36 empresas graduadas. Comprada em 2012 pela gigante britânica Betfair, esta tecnológica é uma presença assídua na lista de melhores empregadores do país e acaba de lançar uma campanha de marketing de guerrilha para recrutar profissionais da área da engenharia informática, programação e software, especialmente seniores, que estejam desmotivados ou insatisfeitos no seu actual emprego.

Porém, não há só empreendedores e cérebros portugueses a habitar o UPTEC. Uma das últimas a entrar neste ecossistema com um centro de tecnologia e desenvolvimento, em Setembro, foi a start-up britânica Yieldify, que cria ferramentas que permitem às marcas compreender o comportamento dos visitantes nos seus sites.

A par da Agência Nacional de Inovação e do Instituto Politécnico do Porto, este parque de ciência e tecnologia é uma das instituições parceiras da Câmara Municipal da Invicta no recém-criado ScaleUp Porto, um projecto focado em empresas de elevado crescimento e elevado potencial e que quer facilitar o seu acesso a financiamento, talento, clientes e conhecimento.

A autarquia liderada por Rui Moreira, que quer que as pequenas empresas "ganhem outra dimensão" e possam "sair do ninho e voar", quer também atrair start-ups para o centro da cidade, estimando que no final deste ano criem mais de 300 empregos qualificados e ocupem ali quatro mil metros quadrados. Outra das medidas, anunciadas há um mês, passa pelo mapeamento do ecossistema de empreendedorismo para aumentar a dinâmica entre os parceiros públicos e privados.

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