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Como uma empresa privada acaba a ser vendida em leilão?

O futuro da britânica Sky vai ser decidido em leilão. Um desfecho que resultou do longo braço-de-ferro entre as gigantes Fox e Comcast. E que não se restringe à luta pela Sky.

22 de Setembro de 2018 às 10:00
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A luta pela britânica Sky vai ser resolvida este sábado em leilão. Um desfecho que ninguém previa, quando em 2016 a Fox, do magnata Rupert Murdoch, anunciou que queria comprar os restantes 61% da Sky que ainda não detém. Mas o que levou a esta decisão drástica?

Em Dezembro de 2016, o magnata Rupert Murdoch avançou com uma proposta para adquirir a totalidade da Sky, líder no segmento de televisão paga no Reino Unido. Logo na altura, foram levantados os primeiros obstáculos à operação. Isto porque havia receios de que o dono da Fox ficasse com demasiada influência nos media britânico. Um regulador do Reino Unido chegou mesmo a sugerir o chumbo da operação.

Apesar destas dúvidas, a proposta de Murdoch seguiu os trâmites legais. E até estava a reunir o apoio de alguns accionistas. Mas em Fevereiro deste ano foi surpreendido com uma proposta rival da Comcast. E os planos da Fox sofreram um revés com alguns membros do conselho de administração a retirar as recomendações aos investidores da Sky para apoiar a oferta de Rupert Murdoch.

A entrada da Comcast no jogo deu azo a uma guerra de valores. Com as últimas ofertas em cima da mesa a penderem para a rival da Fox: a Comcast oferecia cerca de 22 mil milhões de libras (cerca de 24,7 mil milhões de euros à cotação actual) e a Fox perto de 18,5 mil milhões de dólares (20,8 mil milhões de euros).

A falta de entendimento entre todas as partes para chegar a uma conclusão levou à entrada em jogo do regulador britânico Takeover Panel.  E, para surpresa de todos, decidiu levar o caso a leilão que arranca às 17:00 de sexta-feira, sendo o vencedor conhecido no sábado, dia 22 de Setembro.

Para fechar o processo de vez, o regulador estabeleceu que o leilão vai ter um máximo de três rondas.  A Fox vai ter prioridade para fazer a primeira licitação, uma vez que foi a empresa que fez a oferta mais baixa, tendo afora oportunidade para a aumentar. A Comcast poderá contrapropor na segunda ronda e caso a Fox suba novamente a parada, haverá então a terceira ronda final.

Os bastidores do braço-de-ferro

Mas a intervenção do regulador neste sentido não surgiu só devido a esta operação em concreto.

Esta guerra acontece num âmbito mais alargado. Numa altura que que os grupos de media estão a apostar na consolidação global, a Sky é um activo estratégico para as duas empresa porque pode ser a porta de entrada para o mercado europeu de televisão e conteúdos.

Além disso, a luta entre as duas empresas não é só travada aqui. A Comcast tem disputado com a Walt Disney o controlo da 21st Century Fox, o portefólio de entretenimento da Fox, do qual a Sky é apenas uma pequena parte. Se a operação for concluída com sucesso para o lado da Fox, o grupo passará a ter o controlo total da Sky, em vez da actual participação de 39%. E neste contexto, a totalidade do capital da Sky poderá passar para as mãos da Disney.

Uma coisa é certa: o leilão pela Sky será a maior venda no Reino Unido a ser decidido por esta via, segundo a Reuters. Segundo a mesma agência de notícias, desde 2007 houve três operações de compra de empresas por leilão decididas por este regulador. A venda da metalúrgica Corus à indiana Tata Steel por 6,2 mil milhões de libras (7 mil milhões de euros à actual cotação) foi uma das mais recentes.

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